Em Êxodo 14:15,
Moisés ouve uma pergunta duríssima, uma pergunta que ressoa através dos
milênios, mas que a humanidade se recusa a ouvir:
“Por que clamas por Mim?”
E Eyeh Asher Eyeh nem
espera a lamúria, ou a auto-justificação de Moisés, e se antecipa, já com a
solução, a resolução para todos os problemas humanos:
“Fala aos Filhos de Israel que marchem!”
Uma inteira pedagogia,
uma inteira filosofia e uma inteira pragmática estão contidas nesse monólogo assombroso, mas iluminador...
D´us não espera que rezemos, que choremos, que nos
lamentemos, que clamemos, que batamos no pai, que nos auto-acusemos, mas que marchemos em direção aos mares de
dificuldades que nos impedem de alcançar a Terra
Prometida.
Antes de um milagre,
precisamos de uma ação. Não uma ação
de um deus ex-machina, mas de uma
ação de nossas próprias pernas!
Sem marchar, sem fazer, sem dar o primeiro passo, o milagre
não é possível. Porque não há milagre. Porque D´us não faz milagres, mas nós
fazemos. Todos os milagres possíveis Ele os confiou ao homem, quando anunciou: “Façamos
Adam (esse ser andrógino, composto
de Ish e Isha) a nossa imagem e semelhança”.
O que era necessário, para que a relação de causa e efeito tivesse início, D´us fez: criou o desejo de receber, que não existia Nele.
Ele, o desejo de doar,
e nós outros, o desejo de receber, produzimos
a dialética, que põe tudo em
funcionamento. Mais nada precisa ser criado (ex-nihilo), pois, a partir do Beit
(de Bereshit), todas as relações
de causa e efeito podem ser geradas. Por isso, Elohim pode descansar e deixar que nós mesmos tratemos de fazer os milagres.
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