quinta-feira, 21 de março de 2019

Naassê Venishmá (2)



Primeiro, a Luz envolve (Ohr Makif); depois, a Luz preenche (Ohr Pnimi).



Mas o que é a Luz, ou que Luz é essa?



Na ausência de um termo melhor, os cabalistas chamam a Essência Divina de Luz, Ohr, no original hebraico.



Não há termo melhor que Ohr para expressar o remmez (indício) da Essência do Ayin, mas traduzir por Luz, em português, é muito problemático, já que Luz se opõe a escuridão, gerando uma incômoda dicotomia. A Essência Divina é, também, escuridão, porque Nele Luz e Trevas são uma coisa só. A Ohr é uma imanência transcendente e uma transcendência imanente, simultaneamente. Platão chamou a isso de Phytourgós, aquilo que faz o que é vir a ser. Seu aluno Aristóteles, menos místico e mais pragmático, chamou aquilo de Energuéia, que deu origem, em português, à palavra energia, mais neutra e não necessariamente luminosa.



Ohr, Luz, Energia, Brilho (Bahir), Esplendor (Zohar), Radiância, Potência, Escuridão...



Luz, corpúsculo de onda, limitada a uma velocidade de quase trezentos mil quilômetros por segundo, não define o que os cabalistas recebem em seus Kelim (Vasos) corrigidos. Oneg (Prazer) talvez fosse uma definição melhor para Luz, manifestação da Essência Divina.



Como expressar o inexprimível? Como definir o indefinível?



A Experiência Mística é tão imanente e pessoal que não pode ser explicada, e é tão transcendente e universal que não pode ser compartilhada.



No limite da compreensão humana, podemos apenas dizer que a Luz Circundante (Ohr Makif) envolve; e que a Luz Interna (Ohr Pnimi) preenche.



E o resto é prazer.

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