Primeiro, a Luz envolve
(Ohr Makif); depois, a Luz preenche (Ohr Pnimi).
Mas o que é a Luz,
ou que Luz é essa?
Na ausência de um termo melhor, os cabalistas chamam a Essência Divina de Luz, Ohr, no original
hebraico.
Não há termo melhor que Ohr
para expressar o remmez (indício)
da Essência do Ayin, mas traduzir
por Luz, em português, é muito
problemático, já que Luz se opõe a
escuridão, gerando uma incômoda dicotomia. A Essência Divina é, também, escuridão, porque Nele Luz e Trevas são uma coisa só. A Ohr
é uma imanência transcendente e uma transcendência imanente,
simultaneamente. Platão chamou a isso de
Phytourgós, aquilo que faz o que é
vir a ser. Seu aluno Aristóteles, menos místico e mais pragmático, chamou aquilo de Energuéia, que deu origem, em português, à palavra energia, mais neutra e não necessariamente
luminosa.
Ohr, Luz, Energia, Brilho (Bahir), Esplendor (Zohar),
Radiância, Potência, Escuridão...
Luz, corpúsculo de onda, limitada a uma
velocidade de quase trezentos mil quilômetros por segundo, não define o que os
cabalistas recebem em seus Kelim (Vasos)
corrigidos. Oneg (Prazer) talvez
fosse uma definição melhor para Luz,
manifestação da Essência Divina.
Como expressar o inexprimível? Como definir o indefinível?
A Experiência Mística é
tão imanente e pessoal que não pode ser explicada, e é tão transcendente e
universal que não pode ser compartilhada.
No limite da compreensão humana, podemos apenas dizer que a Luz Circundante (Ohr Makif) envolve; e que a Luz
Interna (Ohr Pnimi) preenche.
E o resto é prazer.
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