O propósito da destruição
No ciclo perfeito da vida, cada parte tem sua função
designada. Nenhuma parte da Criação é livre para fazer o que lhe apraz porque o
bem-estar de cada uma delas depende do bem-estar das demais partes da Criação.
Essa interdependência garante que nenhuma criatura supere em poder as demais,
porque a destruição das outras criaturas significaria a destruição de si mesma.
Os seres humanos, abençoados com a auto-consciência, não são
uma exceção a esta regra da natureza, porém, muitos deles, talvez a maioria,
não apreciam essa idéia e de uma ou de outra forma atuam de modo prejudicial
aos demais e, por tanto, também contra si mesmos. Por que fazemos isso? Algumas pessoas dirão
que isso faz parte do caminho que devemos trilhar com o propósito de aprender
que isso não funciona e que não produz felicidade.
Acreditamos que, ao conseguirmos controle sobre os demais, sobre
o nosso ambiente, podemos manipular e dar forma ao mundo ao nosso gosto, mas quando
refletimos sobre os resultados, tudo o que percebemos é infelicidade naqueles
que tratamos de manipular, e ao olharmos profundamente para dentro de nós
mesmos, o que vemos é também infelicidade. Tu e eu não podemos prejudicar os
outros sem que o dano regresse a nós mesmos, de uma forma ou de outra. Esta é
uma das revelações da Kabbalah.
Um olhar para as notícias nos jornais mostra que as forças de
destruição que existem não são somente as forças da natureza. Para muitas
pessoas dos países desenvolvidos, o impulso de melhorar de vida se converteu
numa caçada ao prazer, com grande enfoque em questões como: “De que maneira
posso conseguir mais dinheiro e bens materiais?”; “Como posso conseguir sexo
melhor e mais abundante?”; “Como posso conseguir mais poder?”.
Assim, se damos um passo para trás, podemos ver que ao
intentar manipular aos demais, ao destruir aquilo que acreditamos que é um
obstáculo para a nossa felicidade e satisfação, fracassamos, e então nos
sentimos impulsionados a responder a perguntas mais profundas sobre o
significado de nossas vidas.
Mais ainda, como veremos na Quarta Parte, nada foi criado sem
um motivo, nem mesmo a capacidade humana de destruição. Sua meta não é somente
nos motivar a perguntarmos pelo significado de nossa vida, embora certamente
esse seja o primeiro passo. Seu principal propósito é fazer com que nos demos
conta de que a mera intenção de gratificação e a razão da nossa
desgraça. A intenção adequada, aquela que em última instância nos proporciona
prazer, é assombrosamente a intenção de fazer o bem aos demais, tanto às
pessoas como ao próprio Criador.
Noutras palavras, nosso próprio egoísmo, para utilizar a
linguagem da Kabbalah explicada neste livro, é nosso inimigo. Na Kabbalah, o
egoísmo é conhecido como “Faraó”. Mas esse Faraó não é do tipo mau que
conhecemos das histórias bíblicas com as quais crescemos. A Kabbalah explica
que na realidade o “Faraó” é o “outro lado” do Criador, que procura nos mostrar
o caminho para sairmos do egoísmo. Ali é onde reside a chave de nosso êxito
como estudantes de Kabbalah. Quanto mais rapidamente aceitarmos o fato de que é
o ego que precisamos corrigir, e absolutamente nada no mundo exterior, mais
rapidamente progrediremos. No capítulo 3, abordaremos o tema da correção de
nosso mundo interior em detalhes. Agora, segue na tua leitura.
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