terça-feira, 29 de novembro de 2022

Shamati (66)

 

66. Sobre a outorga da Torá - 1

(Ouvi durante uma refeição na véspera de Shavuot, Tav-Shin-Het, 1948)

 

A questão da outorga da Torá que ocorreu no Monte Sinai não significa que a Torá foi dada de uma só vez e então a outorga parou. Ao contrário, não há ausência na espiritualidade, pois a espiritualidade é uma questão eterna, infinita. Mas, como somos, da perspectiva do Doador, indignos de receber a Torá, dizemos que a cessação é pelo Superior.

 

Porém, então, ao pé do Monte Sinai, a totalidade de Israel estava pronta para receber a Torá, como está escrito: “E o povo acampou ao pé do monte, como um só homem com um só coração”. Naquele momento, o público estava preparado; eles tinham apenas uma intenção, que é um pensamento único sobre a recepção da Torá.

 

No entanto, não há mudanças a partir da perspectiva do Doador.  Ele sempre doa, como está escrito, em nome do Baal Shem Tov, que a cada dia o indivíduo deve ouvir os dez mandamentos no Monte Sinai.

 

A Torá é chamada “poção de vida” e “poção de morte”. Devemos entender o motivo por que dois opostos podem ser ditos sobre um mesmo assunto.

 

Devemos saber que não podemos alcançar qualquer realidade como ela é verdadeiramente. Ao contrário, devemos atingir tudo apenas de acordo com nossas sensações. E a realidade, como ela é verdadeiramente, não nos interessa nem um pouco. Assim, todas as nossas impressões seguem apenas as nossas sensações.

 

Portanto, quando uma pessoa aprende Torá, e a Torá o afasta do amor do Criador, essa Torá é certamente considerada a “poção da morte”. Da mesma forma, se essa Torá que ele está aprendendo o aproxima do amor do Criador, ela é certamente considerada “poção de vida”.

 

Mas a Torá em si, a existência da Torá nela e dela mesma, sem consideração do inferior que deve alcançá-la, é considerada “uma Luz sem um Kli (vaso)”, onde não há qualquer realização. Dessa forma, quando falamos da Torá, isso se refere às sensações que a pessoa recebe da Torá, e apenas elas determinam a realidade para as criaturas.

 

Quando o indivíduo trabalha para si mesmo, isso é chamado Lo Lishmá (Não em Seu nome). Mas a partir de Lo Lishmá chegamos a Lishmá (Em Seu nome). Assim, se o indivíduo ainda não foi recompensando com a recepção da Torá, ele espera ser recompensado com a recepção da Torá no próximo ano. Mas quando ele já foi premiado com a completude de Lishmá, ele não tem nada mais a fazer neste mundo, pois ele já corrigiu tudo para estar na completude de Lishmá.

 

Por essa razão, a cada ano há o tempo de receber a Torá, pois esse tempo é o tempo apropriado para o Itorerut (Despertar), que é o despertar do nível inferior. Isto se deve ao fato de que é no tempo do Itorerut que a Luz da outorga da Torá é revelada aos inferiores. Por esse motivo existe também um Itorerut que acontece Acima e que dá força aos de nível inferior para que possam realizar o ato preparatório para a recepção da Torá, da mesma forma como antes, quando estiveram preparados para recebê-la.  

 

Por esse motivo, se a pessoa marcha pelo caminho que a levará de Lo Lishmá à Lishmá, estará marchando pelo caminho da verdade. Então, ela deve esperar ser recompensada com o alcance de Lishmá e assim conseguir também “a outorga da Torá”.  

No entanto, é preciso cuidado para manter constantemente o objetivo diante dos olhos. Do contrário, marchará numa direção oposta, pois a raiz do corpo é a recepção para si mesmo. Por esse motivo, o corpo sempre tende para a sua raiz, que é a “recepção com a intenção de receber”, que é o oposto da Torá, chamada “a Árvore da Vida”. É por isso que o corpo considera a Torá uma “poção de morte”.

 

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