O Acusador
(Charles Kiefer)
É preciso
compreender que existem dois aspectos importantes na vivência cabalística, o
Sistema da Tuma´a e o Sistema da Tahara – ou a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e a Árvore da Vida. O primeiro é o Reino das Klipot e o segundo o Reino da Kedushá.
Assim que
acontece o Tzimtzum Aleph, quando
recebemos a masach e se inicia o Ibur, e o conseqüente desenvolvimento da
Nefesh, o Sistema da Tuma´a nos
envia um Acusador.
É como se o
Sistema dissesse:
“Então
queres te tornar cabalista? Vamos ver se resistes...”
Esse Acusador tem a função de testar a
sinceridade e a profundidade da kavanah do
Iniciado.
O Reino da Tuma´a sempre escolhe alguém
próximo, familiar, cônjuge, amigo, colega, porque é mais difícil suportar uma injustiça
quando ela nos chega pelas mãos de alguém que amamos do que quando é recebida
de um desconhecido qualquer.
Ao cedermos
às provocações e reagirmos, defendendo-nos, alimentamos as klipot; se resistimos ao impulso de reagir, e se murmuramos Modeh Ani em nossos corações,
alimentamos o Sistema da Kedushá.
É
importante, também, compreender que sempre que falhamos, afastando-nos da Kedushá,
produzimos nas outras pessoas, especialmente nos que não praticam a Kabbalah, a
RM, a Revelação do Mal. Não para eles,
evidentemente, mas para nós mesmos. Como eles vivem no Sistema da Tuma´a, como estão em nível mineral de alma, cabalisticamente, eles não percebem as
potências negativas e positivas de que o Universo é composto. Sempre que nossos
Acusadores entram em ação, sabemos exatamente onde está a raiz do nosso mal. Nunca, em nenhum momento, podemos
esquecer que o mal é o desejo de receber em benefício próprio. E o bem o desejo
de doar em benefício do Criador. Enquanto o mal, em nós, e somente em nossos Kelim, não for corrigido pela Luz que Reforma, a Luz Circundante, a Ohr Makif,
continuaremos a ser atacados, implacavelmente. Pequenos erros cotidianos que
cometemos, um copo que não lavamos ou uma toalha que deixamos atirada depois do
banho, transformam-se, nas duríssimas palavras do Acusador, em provas cabais de
que a “Kabbalah não funciona”, de que somos “hipócritas”, de que nossas
tentativas de purificação são ridículas e ineficientes. As forças da Sitra Achra farão de tudo para nos ver
no chão, no pó, fora do Jardim. É
que o “outro lado” jamais terá acesso aos sabores inigualáveis do Pardes. Resta-lhe a alegria de nos ver
no exílio também.
Na
Antiguidade, essa guerra diária e constante entre as forças da Tuma´a e da Tahara levou os cabalistas ao deserto, à solidão e ao isolamento
humano. Assim nasceram os anacoretas.
Enormes quantidades de energia psíquica são desperdiçadas nesses enfrentamentos
a que nos submete o Acusador. Contudo, esse dispêndio psíquico, através de um
simples Modeh Ani, converte-se em energia
espiritual. Sentir mágoa, sentir rancor, sentir-se injustiçado diante do
Acusador é ação de um ego ainda não corrigido. Devemos, sempre, agradecer pela
oportunidade de auto-correção que Boreh
nos envia através do Acusador.
5 comentários:
Um trabalho árduo, mas com a ajuda de D'us iremos conseguir, pois tudo é perfeito como Ele é perfeito. Grata pelos textos, maguid.
Gratidão diária!!!
É difícil não reagir diante de uma acusação, mas é uma superação para seguirmos no caminho do aprendizado e evolução espiritual. Modah Ani!
Gratidão Maguid!
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