sábado, 17 de março de 2018

Mocha de Ilaah (1)


O Acusador

(Charles Kiefer)

É preciso compreender que existem dois aspectos importantes na vivência cabalística, o Sistema da Tuma´a e o Sistema da Tahara ou a Árvore do  Conhecimento do Bem e do Mal e a Árvore da Vida. O primeiro é o Reino das Klipot e o segundo o Reino da Kedushá.

Assim que acontece o Tzimtzum Aleph, quando recebemos a masach e se inicia o Ibur, e o conseqüente desenvolvimento da Nefesh, o Sistema da Tuma´a nos envia um Acusador.

É como se o Sistema dissesse:

“Então queres te tornar cabalista? Vamos ver se resistes...”

Esse Acusador tem a função de testar a sinceridade e a profundidade da kavanah do Iniciado.

O Reino da Tuma´a sempre escolhe alguém próximo, familiar, cônjuge, amigo, colega, porque é mais difícil suportar uma injustiça quando ela nos chega pelas mãos de alguém que amamos do que quando é recebida de um desconhecido qualquer.

Ao cedermos às provocações e reagirmos, defendendo-nos, alimentamos as klipot; se resistimos ao impulso de reagir, e se murmuramos Modeh Ani em nossos corações, alimentamos o Sistema da Kedushá.

É importante, também, compreender que sempre que falhamos, afastando-nos da Kedushá, produzimos nas outras pessoas, especialmente nos que não praticam a Kabbalah, a RM, a Revelação do Mal. Não para eles, evidentemente, mas para nós mesmos. Como eles vivem no Sistema da Tuma´a, como estão em nível mineral de alma, cabalisticamente, eles não percebem as potências negativas e positivas de que o Universo é composto. Sempre que nossos Acusadores entram em ação, sabemos exatamente onde está a raiz do nosso mal. Nunca, em nenhum momento, podemos esquecer que o mal é o desejo de receber em benefício próprio. E o bem o desejo de doar em benefício do Criador. Enquanto o mal, em nós, e somente em nossos Kelim, não for corrigido pela Luz que Reforma, a Luz Circundante, a Ohr Makif, continuaremos a ser atacados, implacavelmente. Pequenos erros cotidianos que cometemos, um copo que não lavamos ou uma toalha que deixamos atirada depois do banho, transformam-se, nas duríssimas palavras do Acusador, em provas cabais de que a “Kabbalah não funciona”, de que somos “hipócritas”, de que nossas tentativas de purificação são ridículas e ineficientes. As forças da Sitra Achra farão de tudo para nos ver no chão, no pó, fora do Jardim. É que o “outro lado” jamais terá acesso aos sabores inigualáveis do Pardes. Resta-lhe a alegria de nos ver no exílio também.

Na Antiguidade, essa guerra diária e constante entre as forças da Tuma´a e da Tahara levou os cabalistas ao deserto, à solidão e ao isolamento humano. Assim nasceram os anacoretas. Enormes quantidades de energia psíquica são desperdiçadas nesses enfrentamentos a que nos submete o Acusador. Contudo, esse dispêndio psíquico, através de um simples Modeh Ani, converte-se em energia espiritual. Sentir mágoa, sentir rancor, sentir-se injustiçado diante do Acusador é ação de um ego ainda não corrigido. Devemos, sempre, agradecer pela oportunidade de auto-correção que Boreh nos envia através do Acusador.

5 comentários:

Sônia Scheuerlein Haim disse...

Um trabalho árduo, mas com a ajuda de D'us iremos conseguir, pois tudo é perfeito como Ele é perfeito. Grata pelos textos, maguid.

Unknown disse...

Gratidão diária!!!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

É difícil não reagir diante de uma acusação, mas é uma superação para seguirmos no caminho do aprendizado e evolução espiritual. Modah Ani!

Ligia disse...

Gratidão Maguid!

Shamati (127)

    127. A diferença entre o núcleo central, a essência e a abundância agregada ( Su cot Inter 4, Tav - Shin - Guimel , 30 de setembro d...