terça-feira, 27 de março de 2018

Nevuah (1)


No senso comum, a Nevuah (profecia) e o Navi (profeta) são vistos como excentricidade antiga, doença mental, manipulação, ou, se o julgador tem algum respeito pelo que não sabe, como uma espécie de “loucura divina”, que aproximaria o profeta do poeta, dado que ambos parecem trabalhar sob a pressão da inspiração. Algo se “apossa” de alguém, que sai a dizer coisas exóticas numa linguagem cifrada, nebulosa e, no mais das vezes, absolutamente vaga. Para mim, e para muitos, a linguagem de programação de computadores é cifrada e nebulosa, vaga e incompreensível. Hermenêutica e exegese dependem, sempre, de conhecimento preciso da linguagem utilizada.


Inspiração, em latim, significa um “vento que sopra por dentro”. Se o poeta “sente” o Ruach (espírito) por dentro, o profeta o sente por fora. Inspiração poética não pode ser ensinada; inspiração profética não só foi ensinada pelos antigos mekubalim, como voltará a ser ensinada na Era de Mashiach.


Na kabbalah, a Nevuah é um recebimento, um grau, ou um dos 125 degraus da Sulam (Escada).


No Segundo Livro de Samuel, capítulo 12, conta-se a história do profeta Natan e do Rei David.


Diante de Natan, o profeta, o Rei David confessa o seu erro, reconhece as iniquidades cometidas. Fosse um ditador, o Rei teria mandado decapitar o místico que tinha ousado afrontá-lo. Mas o que fez David? Teshuvá, arrependimento. E com isso recebeu o direito de gerar, no seu futuro genético, o Mashiach, a força de pressão e transformação que levará o mundo inteiro a honrar e sacrificar ao Deus único, criador dos Céus e da Terra, e de tudo que neles há, no Monte Sião, onde se elevará o III Templo e onde, enfim, a Shechiná (a Presença Divina) poderá habitar no Kadosh de Kadoshim, iniciando um período de paz, alegria e abundância para toda a humanidade.


Tecnicamente, a Nevuah é o degrau que alcança o mekubal (aquele que é recebido) que recebe os Mochim no Rosh de seu Partzuf de Nukva, o Partzuf de Keter. E mais não posso avançar.


E como o assunto aqui é o dom profético, cito o Rabbi Yonasan Eibshetz (1690-1764), que em seu livro Ya´arot Dvash escreveu algo muito importante sobre o nosso tempo, esse tempo das “dores de parto” de Mashiach:


“Num determinado momento, chegará a hora em que o Mashiach já deveria ter chegado, mas a Redenção ainda não. E o Mashiach se perguntará como poderia ser que o tempo para a Redenção já houvesse chegado e ele ainda estivesse passando por sofrimentos, sem poder atuar? A resposta que ele irá receber é que ele deve esperar por nove meses a fim de aguardar a queda da Pérsia na mão de Edom (o Ocidente cristão) e a redenção final virá”.


Uma grande guerra entre o Irã e o Ocidente está a caminho, mas ela pode ser evitada se as nações envolvidas atuarem como o Rei David, com humilde e arrependimento diante de Elohim Tzebaiot.  

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