terça-feira, 17 de abril de 2018

Acherim Omerim (1)


Orientações para aprender Kabbalah

(Ione Slazay)



Vejamos, pois, alguns pontos que é preciso levar em conta para acercar-se da Kabbalah:



1.    Humildade



A virtude mais elevada do místico é a modéstia. A respeito disso se diz que “o saber que não é expresso com humildade deixa de ser aproveitável”.[1]


Deus proporciona o primeiro exemplo de modéstia: a Sua grandeza é ter descendido até o homem.


O orgulho é somente uma máscara dos próprios defeitos e a soberba é ignorância.[2]


A virtude da humildade na Árvore da Vida (Sefirot) se encontra em seu princípio, na esfera de Malchut, pois sem humildade é impossível entrar no Reino de Deus.





2.    Transparência


A kabbalah não é uma aprendizagem convencional. Para aprendê-la, é preciso despertar o desejo infinito de receber a Iluminação para compartilhá-la, isto é, ser um canal transparente. Os cabalistas que estudaram o Sefer Yetzirá, o Livro da Formação, advertiram-nos de que somente aquele que tivesse alcançado o grau de transparência poderia entrar no mistério de todas as coisas.



3.    Equilíbrio social e sentido de comunidade




Para estudar kabbalah é necessário um equilíbrio na vida social do aluno, tendo este já passado por certas aprendizagens de maturação e responsabilidade. Vínculos estáveis permitem dedicar-se aos estudos sem cair em confusões. Uma sexualidade regular e um trabalho digno também são muito importantes para não utilizar a kabbalah com finalidades não transcendentais.


Se o aprendiz busca encontrar-se a si mesmo, tudo deve desenrolar-se num marco de harmonia e sentido de comunidade.





4.    Aprender com um mestre




A tradição oral é passada de boca a ouvido, isto é, de coração a coração. Esta é justamente a magia da transmissão do intransmissível. Somente o conhecimento dado com amor e com humildade constrói e edifica a Sabedoria sobre cimento sólido, mas cada um deve conectar-se com seus mestres adequados ao seu próprio processo interior de aprendizagem. É fundamental aprender com um guia, que, embora não se interporá entre nós e nosso destino, servirá de orientação, pela sua própria experiência, facilitando nosso próprio encontro.





5.    Chabrut (Companheiros místicos)



Não somente é necessário aprender com um mestre, senão que também são importantes os companheiros de grupo, que de seus próprios níveis de aprendizagem servem-nos de espelho e eco.



6.    Disciplina e amor


Embora o trabalho do cabalista seja integrar os pólos opostos e complementares, sua formação deverá ser de amor e de disciplina. Sem esses dois pratos, a balança não se equilibra.



7.    Aprovação Divina




Por último, o requisito fundamental é que o aprendiz conte com a aprovação divina. “Quem bebe das águas da Kabbalah nunca deixará de bebê-las”, pois antes também já bebeu. Diz-se que os Iniciados têm um sinal na testa, na aura do seu terceiro olho (Shlishi Ayn). Este sinal, entre outros, é o que o mestre lê para aceitar discípulos.








As três condições para ser cabalista



O mestre Abraão Abuláfia, no século XIII, explicava que para se ser cabalista é necessário cumprir três condições:



1.    A primeira é aprender com alguém iluminado por Deus.


2.    A segunda condição é a pessoa receber, ela mesma, e de forma direta, a Iluminação.


3.    E a última condição é o sinal divino.





[1] Safran, Alexandre. La Cábala. Barcelona: Martinez Roca, 1976.
[2] Ditado do Talmud.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ligia disse...

Gratidão Mestre!

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