quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Shamati (7)



7. O que significa dizer que o hábito se transforma numa segunda natureza?


Quando nos acostumamos com alguma coisa, essa coisa se nos converte numa segunda natureza. Por isso, não existe nada que o homem possa sentir como não sendo sua própria realidade. Isso quer dizer que, embora alguém não tenha sensação alguma em determinada coisa, ainda assim poderá vir a senti-la se se acostumar com ela.



É preciso entender que existe uma diferença entre o Criador e as criaturas no que concerne às sensações. Para as criaturas existe “aquilo que elas percebem” e “aquilo que é percebido”, ou, o que é a mesma coisa, aquele que alcança e aquilo que foi alcançado. Isto significa que temos alguém que sente e que está conectado com certa realidade.



Sem dúvida, uma realidade sem alguém que a perceba é o Criador em si. Nele “não existe pensamento nem sensação alguma”. Isto não é assim em relação a uma pessoa: sua existência como um todo existe somente por meio da sua própria sensação de realidade. Inclusive, a validez da sensação de realidade é comprovada apenas por aqueles que a percebem.



Noutras palavras, aquilo que o “perceptor” experimenta ou sente é o que ele próprio considera verdadeiro. Se alguém experimenta algo amargo em determinada circunstância, isto é, que se sente mal na situação em que se encontra e se sofre por causa desse estado, então essa pessoa é considerada malvada no que diz respeito ao Trabalho, já que condena o Criador, pois Ele é chamado Bom e Benfeitor porque doa somente bondade ao mundo. No entanto, ainda assim, com respeito às sensações dessa pessoa, ela sente que recebeu o contrário, isto é, que a situação em que ela se encontra é ruim.



Por isso devemos compreender o que disseram os nossos Sábios (Talmud, Berachot 61): “O mundo foi criado somente para os totalmente malvados ou para os totalmente justos”. Isto quer dizer que alguém pode, já seja, provar e sentir o bom sabor do mundo, e assim justificar o Criador e dizer que Deus doa somente bondade ao mundo, ou provar e sentir o gosto amargo do mundo, e, então, ser malvado porque está condenando o Criador.



Resulta que tudo é medido de acordo com a sensação da pessoa. Não obstante, todas essas sensações não guardam relação alguma com o Criador, tal como está escrito no “Poema da Unificação”: “Assim como ela é tu sempre serás, nem escassez e nem excessos em ti haverá”.



Para concluir, todos os mundos e todas as mudanças de estado existem somente no que diz respeito aos receptores, na exata medida em que a pessoa os adquire.


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