quarta-feira, 6 de março de 2019

Otiot (3)


O significado da Letra Beit



A letra beit, da palavra “casa”, refere-se à casa de D’us: “Minha casa será uma Casa de Oração para todos os povos”. O Midrash afirma que a motivação Divina para a criação foi que o Santo, Bendito seja, desejava uma morada nos mundos inferiores. A concretização deste desejo começou com a criação do homem, uma alma Divina investida em um corpo físico, e prosseguiu com a multiplicação do homem, para “conquistar” o mundo todo e torná-lo o reino de D’us.



A Torá precede a descrição detalhada do Tabernáculo e seus utensílios com a declaração de seu propósito fundamental: “E eles farão para Mim um Santuário e Eu habitarei dentro deles.” Não “dele”, explicam os Sábios, mas “deles” — em cada cabalista. “Habitar dentro deles” é, essencialmente, a revelação da Divindade sobre o povo de Israel — sempre presente, mas frequentemente “obscurecida”, como na época do exílio e da destruição do Templo. A santidade inata do povo de Israel, o “santuário de D’us”, quando revelada e conectada à da terra de Israel faz a Terra Santa se expandir e, eventualmente, abranger toda a terra (mundo inferior): “A terra de Israel se expandirá, no futuro, sobre todas os lugares da terra.”



Beit é numericamente igual à palavra ta’avá, que significa “desejo” ou “paixão” (412). De um modo geral, “ta’avá” denota uma característica humana negativa. Entretanto, em diversos lugares, “ta’avá” indica a paixão positiva do tzadik, o homem justo. Uma passagem em Provérbios afirma: “Ele cumprirá a paixão do tzadik”, e uma segunda diz: “As paixões dos tzadikim são somente boas.” A “ta’avá” de D’us, o “Tzadik do mundo” está totalmente acima da razão e da lógica. Neste nível, não se pergunta “por que”. Como expressou Rabi Shneur Zalman de Liadi: “Sobre a paixão, não pode haver pergunta”. Assim como D’us é a essência do bem, também Sua paixão é “somente bem”.



“Com quem o Santo, Bendito seja, Se aconselhou sobre criar ou não o mundo? Com as almas dos tzadikim”. As “almas dos tzadikim” referem-se a todas as almas judias e dos justos das nações, como é dito: “Todo Seu povo é de tzadikim.” A conotação de D’us como o “Tzadik do mundo” se refere à origem e união absoluta da alma do cabalista em Sua própria Essência. Quando a alma desce para se investir na consciência finita e na vivência de um corpo aparentemente mundano, sua tarefa é tornar-se o tzadik aqui embaixo, emulando verdadeiramente sua Fonte, o “Tzadik Acima”. Isto é alcançado através do refinamento e purificação da paixão, ta’avá, para que ela se torne “somente bem”.



O “Tzadik Acima” habita na Casa construída para Ele pelo tzadik aqui embaixo. Aqui, a paixão mais profunda do Criador se concretiza. O beit grande, a primeira letra da Torá e o começo da Criação, expressa este propósito fundamental, como é dito: “A última ação é a primeira a surgir no pensamento”. Na primeira palavra da Torá, Bereishit, as três letras “serviçais” — o prefixo beit e as duas letras sufixas, yud e tav — formam bayit, “casa” (equivalente à soletração total da letra beit). A raiz de “bereishit”, rosh, significa “cabeça”. Assim, a permutação mais “natural” de bereishit é lida como: rosh bayit, “a cabeça da casa”. Uma troca das letras de rosh forma osher, “alegria”. Quando o tzadik atrai D’us, a “Cabeça”, para dentro de Sua Casa, esta se torna uma casa de alegria verdadeira e eterna.



Trazer a “Cabeça” para habitar em Sua “Casa” aqui embaixo, em verdadeira alegria, é o segredo de brachá, “bênção”, que começa com a letra beit. Nossos Sábios ensinam que o “grande beit” inicia a Criação — e a Torá como um todo — com o poder da bênção. D’us abençoa Sua criação, a qual Ele criou com o atributo da bondade, o atributo de Avraham (Abraão). Avraham recebe subsequentemente o poder da bênção, o “grande beit” da Criação, como é dito: “E você será [aquele que concede] bênção.” Posteriormente, no momento de sua circuncisão, lhe foi concedido o “pequeno hei” da Criação, o poder de atrair para baixo e manifestar a bênção Divina da alegria no mais ínfimo detalhe da realidade.



A Bênção Sacerdotal é composta de três versículos. O número de palavras aumenta na ordem de 3, 5 e 7, sempre com a mesma diferença de dois, beit. O número de letras aumenta na ordem de 15, 20 e 25, sempre com a mesma diferença de cinco, hei. As palavras representam uma consciência total, ou ampla, enquanto as letras representam uma consciência particular, ou pequena. O poder de abençoar “totalmente” é o poder da letra beit, como é dito: “E repleto com a bênção de D’us.” O poder de atrair a bênção para o mais ínfimo detalhe da realidade pertence ao hei.



Este serviço de Avraham, e de todos os judeus e justos das nações depois dele, leva à concretização da intenção primordial da Criação, a compreensão do poder de bênção de Israel, de que o domínio do Rei (a “Cabeça da Casa”) se expande para abranger toda a realidade, e, portanto, conceder verdadeira alegria a todos.



FORMA

Três vavs conectados com uma abertura à esquerda, o “lado norte”.



Mundos

“O mal começa pelo norte”.

A habilidade do homem de escolher entre o bem e o mal.

Os três traços de caráter positivos da alma animal e a má inclinação. A abertura do lado norte simboliza o atributo da coragem.



Almas

A abertura do lado norte simboliza o “temor ao céu”.

“Tudo está nas mãos do céu, exceto o temor ao céu”.

Mashiach fechará o lado aberto — a integração do livre-arbítrio e a Onisciência.

Falar Torá — revelar a faísca interior de Mashiach.



Divindade

Lados Fechados — revelação Divina — “Você” — em mente, coração e ação.

Lado Aberto — ocultação Divina — “Ele” — no coração encoberto — a escuridão acima da luz.



NOME

Casa



Mundos

Uma casa física.

A “casa” metafísica da pessoa — seu relacionamento com a realidade.

Toda a Criação é uma “casa” em relação a D’us.

O prazer supraconsciente — “Um homem sem uma casa não é um homem”.



Almas

O aspecto feminino da alma representado pela casa.

“A casa de um homem é a sua esposa”.

A alma como uma casa para D’us — a filha do sacerdote.

O poder da gestação.



Divindade

O desejo de D’us de fazer uma morada para Si nos mundos inferiores.

A Casa da Imanência e a Casa da Transcendência.



NÚMERO

Dois



Mundos

O início da pluralidade revelada.

A natureza dualística da Criação.

Complexidade hierárquica.



Almas

A alma descrita como a “subordinada do Rei”.

Yossef: o efeito Prisma — a revelação da mente.

Mordechai: o efeito Temporal — a revelação do coração.



Divindade

O Próprio poder Divino de conter duas oposições.

Ocultação da essência Divina e revelação de Sua luz.

Ocultação e revelação da luz em estados de consciência baixos e elevados.

A Torá começa com um beit grande.

O Nome Havayeh e o Nome Elokim.

“Os dois companheiros que nunca se separam”.


Nenhum comentário:

Shamati (127)

    127. A diferença entre o núcleo central, a essência e a abundância agregada ( Su cot Inter 4, Tav - Shin - Guimel , 30 de setembro d...