O significado da Letra
Beit
A letra beit, da palavra
“casa”, refere-se à casa de D’us: “Minha casa será uma Casa de Oração para
todos os povos”. O Midrash afirma que a motivação Divina para a criação foi que
o Santo, Bendito seja, desejava uma morada nos mundos inferiores. A
concretização deste desejo começou com a criação do homem, uma alma Divina
investida em um corpo físico, e prosseguiu com a multiplicação do homem, para
“conquistar” o mundo todo e torná-lo o reino de D’us.
A Torá precede a descrição
detalhada do Tabernáculo e seus utensílios com a declaração de seu propósito
fundamental: “E eles farão para Mim um Santuário e Eu habitarei dentro
deles.” Não “dele”, explicam os Sábios, mas “deles” — em cada cabalista.
“Habitar dentro deles” é, essencialmente, a revelação da Divindade sobre o povo
de Israel — sempre presente, mas frequentemente “obscurecida”, como na época do
exílio e da destruição do Templo. A santidade inata do povo de Israel, o
“santuário de D’us”, quando revelada e conectada à da terra de Israel faz a
Terra Santa se expandir e, eventualmente, abranger toda a terra (mundo
inferior): “A terra de Israel se expandirá, no futuro, sobre todas os lugares
da terra.”
Beit é numericamente igual à
palavra ta’avá, que significa “desejo” ou “paixão” (412). De um modo
geral, “ta’avá” denota uma característica humana negativa. Entretanto, em
diversos lugares, “ta’avá” indica a paixão positiva do tzadik, o homem justo.
Uma passagem em Provérbios afirma: “Ele cumprirá a paixão do tzadik”, e uma
segunda diz: “As paixões dos tzadikim são somente boas.” A “ta’avá” de D’us, o
“Tzadik do mundo” está totalmente acima da razão e da lógica. Neste nível, não
se pergunta “por que”. Como expressou Rabi Shneur Zalman de Liadi: “Sobre a
paixão, não pode haver pergunta”. Assim como D’us é a essência do bem, também
Sua paixão é “somente bem”.
“Com quem o Santo, Bendito
seja, Se aconselhou sobre criar ou não o mundo? Com as almas dos tzadikim”. As
“almas dos tzadikim” referem-se a todas as almas judias e dos justos das
nações, como é dito: “Todo Seu povo é de tzadikim.” A conotação de D’us como o
“Tzadik do mundo” se refere à origem e união absoluta da alma do cabalista em
Sua própria Essência. Quando a alma desce para se investir na consciência
finita e na vivência de um corpo aparentemente mundano, sua tarefa é tornar-se
o tzadik aqui embaixo, emulando verdadeiramente sua Fonte, o “Tzadik Acima”.
Isto é alcançado através do refinamento e purificação da paixão, ta’avá,
para que ela se torne “somente bem”.
O “Tzadik Acima” habita na
Casa construída para Ele pelo tzadik aqui embaixo. Aqui, a paixão mais profunda
do Criador se concretiza. O beit grande, a primeira letra da Torá e o começo da
Criação, expressa este propósito fundamental, como é dito: “A última ação é a
primeira a surgir no pensamento”. Na primeira palavra da Torá, Bereishit, as
três letras “serviçais” — o prefixo beit e as duas letras sufixas, yud e tav —
formam bayit, “casa” (equivalente à soletração total da letra beit). A raiz de
“bereishit”, rosh, significa “cabeça”. Assim, a permutação mais “natural” de
bereishit é lida como: rosh bayit, “a cabeça da casa”. Uma troca das letras de rosh
forma osher, “alegria”. Quando o tzadik atrai D’us, a “Cabeça”, para
dentro de Sua Casa, esta se torna uma casa de alegria verdadeira e eterna.
Trazer a “Cabeça” para
habitar em Sua “Casa” aqui embaixo, em verdadeira alegria, é o segredo de
brachá, “bênção”, que começa com a letra beit. Nossos Sábios ensinam que o
“grande beit” inicia a Criação — e a Torá como um todo — com o poder da bênção.
D’us abençoa Sua criação, a qual Ele criou com o atributo da bondade, o
atributo de Avraham (Abraão). Avraham recebe subsequentemente o poder da
bênção, o “grande beit” da Criação, como é dito: “E você será [aquele que
concede] bênção.” Posteriormente, no momento de sua circuncisão, lhe foi
concedido o “pequeno hei” da Criação, o poder de atrair para baixo e manifestar
a bênção Divina da alegria no mais ínfimo detalhe da realidade.
A Bênção Sacerdotal é
composta de três versículos. O número de palavras aumenta na ordem de 3, 5 e 7,
sempre com a mesma diferença de dois, beit. O número de letras aumenta na ordem
de 15, 20 e 25, sempre com a mesma diferença de cinco, hei. As palavras representam
uma consciência total, ou ampla, enquanto as letras representam uma consciência
particular, ou pequena. O poder de abençoar “totalmente” é o poder da letra
beit, como é dito: “E repleto com a bênção de D’us.” O poder de atrair a bênção
para o mais ínfimo detalhe da realidade pertence ao hei.
Este serviço de Avraham, e de
todos os judeus e justos das nações depois dele, leva à concretização da
intenção primordial da Criação, a compreensão do poder de bênção de Israel, de
que o domínio do Rei (a “Cabeça da Casa”) se expande para abranger toda a
realidade, e, portanto, conceder verdadeira alegria a todos.
FORMA
Três vavs conectados com uma
abertura à esquerda, o “lado norte”.
Mundos
“O mal começa pelo norte”.
A habilidade do homem de
escolher entre o bem e o mal.
Os três traços de caráter
positivos da alma animal e a má inclinação. A abertura do lado norte simboliza
o atributo da coragem.
Almas
A abertura do lado norte
simboliza o “temor ao céu”.
“Tudo está nas mãos do céu,
exceto o temor ao céu”.
Mashiach fechará o lado
aberto — a integração do livre-arbítrio e a Onisciência.
Falar Torá — revelar a faísca
interior de Mashiach.
Divindade
Lados Fechados — revelação
Divina — “Você” — em mente, coração e ação.
Lado Aberto — ocultação Divina
— “Ele” — no coração encoberto — a escuridão acima da luz.
NOME
Casa
Mundos
Uma casa física.
A “casa” metafísica da pessoa
— seu relacionamento com a realidade.
Toda a Criação é uma “casa”
em relação a D’us.
O prazer supraconsciente —
“Um homem sem uma casa não é um homem”.
Almas
O aspecto feminino da alma
representado pela casa.
“A casa de um homem é a sua
esposa”.
A alma como uma casa para
D’us — a filha do sacerdote.
O poder da gestação.
Divindade
O desejo de D’us de fazer uma
morada para Si nos mundos inferiores.
A Casa da Imanência e a Casa
da Transcendência.
NÚMERO
Dois
Mundos
O início da pluralidade
revelada.
A natureza dualística da
Criação.
Complexidade hierárquica.
Almas
A alma descrita como a
“subordinada do Rei”.
Yossef: o efeito Prisma — a
revelação da mente.
Mordechai: o efeito Temporal
— a revelação do coração.
Divindade
O Próprio poder Divino de
conter duas oposições.
Ocultação da essência Divina
e revelação de Sua luz.
Ocultação e revelação da luz
em estados de consciência baixos e elevados.
A Torá começa com um beit
grande.
O Nome Havayeh e o Nome
Elokim.
“Os dois companheiros que
nunca se separam”.
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