8. Em
complemento ao que foi dito anteriormente, a alegoria sobre as quatro luzes
traz consigo uma dica importante. As Luzes Superiores são chamadas Sefer
(Livro). A Sabedoria existente em cada livro não será revelada ao estudante na
luz branca que este contém.
A Luz que
desce do Criador até nós carrega e revela sua Sabedoria. Essa Sabedoria não é
recebida através da Luz limpa e clara das Dez Sefirot, nem pela Essência, mas,
sim, através da Forma e da Forma na Matéria, vindas dos Mundos de Beriá, Yetzirá
e Assiyá, através de nossas Almas, isto é, pela reação de Malchut à Luz vinda
de cima. Não conseguimos, portanto, captar a Luz sem cor de Keter ou a Luz de
Atzilut, mas conseguimos recebê-las dos Mundos de BYA como luzes preta, verde e
vermelha.
Essas muitas
cores nos dão uma ideia do que são o Infinito, a Eternidade e a Perfeição.
Embora por si mesmas essas propriedades sejam incolores, não temos habilidade
para captar esse acromatismo. Conseguiremos apreender os seus atributos somente
após incluirmos, em nós mesmos, todas as cores existentes, suas imensas
variedades de combinações, depois que tudo se mesclar dentro de nossos Kelim
completamente corrigidos.
Cada uma
dessas cores ocupa seu próprio espaço dentro dos Kelim. Somente após o
recebimento absoluto, como resultado da absorção de toda paleta de cores, é que
chegamos à Luz branca. E partimos, então, para o acromatismo absoluto.
Em outras palavras, nós não captamos a Luz branca. Tudo é revelado
através das Sefirot Biná, Tiferet e Malchut. Estas três Sefirot, que são os
Mundos de BYA, são as cores nas quais o Livro do Paraíso está escrito. As
letras e suas permutações são reveladas através das três cores mencionadas
acima. A revelação da Luz Divina é mediada apenas através delas.
Mais adiante, teremos que discernir o seguinte: enquanto que a Luz
branca num livro é a sua fundação, todas as letras estão acopladas à fundação.
As letras
pretas sobrepõem-se sobre o fundo branco (a Luz Divina). Elas parecem presas ao
fundo, enquanto que a cor branca dá a impressão de apoiá-las. Ao marcarem a
página branca, ao trespassarem a brancura absoluta, as letras nos trazem a
Sabedoria. Como resultado disso não percebemos as cores, mas o Kli, as letras que lemos. Em outras
palavras, não lemos as letras em si, mas a ausência da Luz branca, através das
formas pretas, verdes e vermelhas que ali vemos. Percebemos a Luz branca apesar
de sua ausência, pois somos seres criados e recebemos tudo através de nossas
deficiências (hesronot) e desejos.
Toda a
Sabedoria está no Mundo de Atzilut porque Atzilut é o Mundo de Chochmá.
Beriá,
Yetzirá e Assiyá correspondem a Biná, ZA e Malchut.
O Mundo de
Adam Kadmon (AK) é Keter.
Os Mundos do
Infinito e de AK se equivalem para nós porque tudo neles contido está acima do Tzimtzum Aleph e não é possível que os
recebamos antes da Correção Final. A partir disso, segue-se que os dois mundos
estão incluídos dentro da noção do Mundo do Infinito. Apenas captamos o Mundo
de Atzilut através dos Mundos de BYA, pois é uma forma corrigida pelo Tzimtzum Bet.
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