quinta-feira, 23 de abril de 2020

Baal Ha Sulam (5)




Hora de agir



Por um longo tempo, minha consciência me sobrecarregou com uma demanda de sair e criar uma composição fundamental a respeito da essência do judaísmo, da religião, e a respeito do conhecimento da sabedoria autêntica da Cabalá, e espalhá-la pela nação, para que as pessoas pudessem conhecer e entender adequadamente essas exaltadas questões em seus verdadeiros significados.



Antigamente, em Israel, antes do desenvolvimento da indústria de impressão, não havia livros falaciosos entre nós ligados à essência do judaísmo, já que havia poucos escritores entre nós que poderiam sustentar as suas palavras, pela simples razão, que na maioria dos casos, uma pessoa não confiável não tem reputação.



Portanto, se, por acaso, alguém se atrevesse a escrever tal composição, não valeria a pena para qualquer escriba copiá-la, pois não seria pago por seu trabalho, o qual, geralmente, era uma soma considerável. Assim, tal composição estaria condenada a não circular desde o início.



Naqueles dias, pessoas bem-informadas também não tinham interesse em escrever tais livros, já que o público em geral não precisava daquele conhecimento. Muito pelo contrário, elas tinham interesse em ocultar o assunto em câmaras secretas porque “É a glória de Deus ocultar algo”. Recebemos a ordem de ocultar a essência da Torá e o trabalho daqueles que não precisavam dessa revelação, ou porque eram indignos dela, e também para não degradar e exibir a essência da Torá em janelas de lojas para os olhos cobiçosos da ostentação, porque assim a glória de Deus nos exige.



Mas desde que a impressão de livros se tornou popular e que os escritores não necessitaram mais de escribas, o preço dos livros foi reduzido. Isto pavimentou o caminho para escritores não confiáveis publicarem quaisquer livros que desejassem, por dinheiro ou por glória. Contudo, eles não levaram suas próprias atitudes em consideração e não examinaram as consequências de seu trabalho.



Daquela época em diante, publicações do tipo antes mencionado aumentaram significativamente, sem nenhum aprendizado ou recepção boca-a-boca de um rav [professor/grande homem/sábio] qualificado, ou mesmo através do conhecimento de livros antigos que lidavam com esse tópico. Tais escritores fabricam teorias a partir de suas próprias conchas vazias, e relacionam suas palavras aos assuntos mais exaltados, para dessa forma retratar a essência da nação e seu tesouro fabuloso. Como bobos, eles não sabem ser escrupulosos, ou ter uma forma através da qual aprendê-lo. Eles instilam visões deturpadas em gerações, e como prêmio por seus desejos mesquinhos, eles pecam e fazem as nações pecarem por gerações vindouras.



Recentemente, o seu fedor subiu ainda mais alto porque eles enfiaram as unhas na sabedoria da Cabalá, sem se importarem com o fato de que essa sabedoria esteve fechada e trancada atrás de mil portas até hoje, ao ponto de que nenhuma pessoa possa entender o verdadeiro significado sequer de uma palavra dela, muito menos a conexão entre uma palavra e a outra.



Isto ocorre porque em todos os livros genuínos que foram escritos até o dia de hoje, não há senão pistas que mal bastam para um discípulo bem orientado entender o significado delas da boca de um sábio cabalista qualificado e prudente. E lá, também, “o porco-espinho faz seu ninho e põe seus ovos, e incuba, e choca na sua sombra”. Nesses dias, tais conspiradores se multiplicam e produzem tais deleites que enojam aqueles que os vêem. Alguns deles vão tão longe a ponto de assumir os postos de líderes da geração, fingindo saber como escolher entre os livros dos primeiros [sábios] e dizer qual deles é digno de ser estudado e qual não é, já que eles estão cheios de falácias, e por isso despertam desprezo e ira. Até hoje, o trabalho de tal escrutínio tem sido limitado a um de cada dez líderes de uma geração; e agora o ignorante abusa disso.



Por isso, a percepção do público sobre essas questões tem sido imensamente corrompida. Além disso, há uma atmosfera de frivolidade, e as pessoas pensam que uma olhada ao seu bel prazer é suficiente para o estudo de tais assuntos exaltados. Eles roçam o oceano de sabedoria e a essência do judaísmo em uma única olhada como aquele anjo, e tiram conclusões baseados em seus próprios estados mentais.



Essas são as razões que me levaram a sair de meu caminho e decidir que chegou a hora de “fazer pelo Criador” e salvar o que ainda pode ser salvo. Assim, eu tomei sobre mim o encargo de revelar um certa porção da verdadeira essência, que está relacionada ao assunto citado acima, e espalhá-la na nação.

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