segunda-feira, 20 de abril de 2020

Mocha de Ilaah (10)






O sonho é o striptease da alma.



Se o sono é um-sessenta-avos da morte, o sonho é um-sessenta-avos da profecia. O sonho é uma carta fechada, mas, talvez, o remetente não queira que revelemos o conteúdo da missiva. No entanto, ela pertence ao destinatário e a ele pertence também o direito de tornar o conteúdo público.



Na noite de sexta para sábado, na passagem de 17 para 18 de abril, eu recebi uma carta. Oops! Eu tive um sonho. Bem que eu queria que fosse um I had a dream, como o de Martin Luther King Jr. Antes que as brigadas de sabichões corrijam o meu “erro”, confesso que troquei o have original por had, por razões óbvias.



Eu tive um sonho. E, nesse sonho, eu pedia à Marta, minha esposa, que me levasse ao hospital, porque eu estava com febre e com dificuldade de respirar.



Quando chegamos ao hospital, vi que centenas de pessoas se aglomeravam diante da porta de entrada, mais ou menos como as pessoas estão fazendo nas manifestações pelo fim da quarentena.



Atravessamos a multidão e entramos no prédio. Havia mortos empilhados nos corredores, misturados com vivos que tossiam muito. Pegamos uma ficha. Depois que olhei para o número do atendimento, eu disse à Marta: “Vamos embora. É melhor morrer em casa”.



Guardei a ficha plástica no bolso da camisa, pelo número que nela estava: 349.



Para quem não sabe, 349 é a gemátria hebraica para a palavra Mashiach, que em nosso idioma, e em nossa política, resultou em Messias.

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