O sonho é o striptease da
alma.
Se o sono é um-sessenta-avos da morte, o sonho é um-sessenta-avos
da profecia. O sonho é uma carta fechada, mas, talvez, o remetente não queira
que revelemos o conteúdo da missiva. No entanto, ela pertence ao destinatário e
a ele pertence também o direito de tornar o conteúdo público.
Na noite de sexta para sábado, na passagem de 17 para 18 de
abril, eu recebi uma carta. Oops! Eu tive um sonho. Bem que eu queria que fosse
um I had a dream, como o de Martin
Luther King Jr. Antes que as brigadas de sabichões corrijam o meu “erro”,
confesso que troquei o have original
por had, por razões óbvias.
Eu tive um sonho. E, nesse sonho, eu pedia à Marta, minha
esposa, que me levasse ao hospital, porque eu estava com febre e com
dificuldade de respirar.
Quando chegamos ao hospital, vi que centenas de pessoas se
aglomeravam diante da porta de entrada, mais ou menos como as pessoas estão
fazendo nas manifestações pelo fim da quarentena.
Atravessamos a multidão e entramos no prédio. Havia mortos
empilhados nos corredores, misturados com vivos que tossiam muito. Pegamos uma
ficha. Depois que olhei para o número do atendimento, eu disse à Marta: “Vamos
embora. É melhor morrer em casa”.
Guardei a ficha plástica no bolso da camisa, pelo número que
nela estava: 349.
Para quem não sabe, 349 é a gemátria hebraica para a palavra Mashiach, que em nosso idioma, e em
nossa política, resultou em Messias.
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