16. Mas o que está dito acima não deve nos
fazer concluir que não temos livre arbítrio por sermos compelidos à chegar ao
terceiro estado, pois ele tem sua raiz no primeiro.
Parece-nos lógico que se o primeiro, o segundo e o terceiro estado
existem, podemos questionar “Onde está nosso livre arbítrio?”, ou “Somos apenas
marionetes 'vagando' do primeiro estado ao terceiro sem nem questionar sobre
isso?” Não! Nós temos livre arbítrio. Mas então como ele se manifesta?
A questão é que o Criador preparou para nós
dois caminhos no segundo estado.
Isso significa que há dois caminhos pelos quais proceder a partir do
primeiro estado para chegar ao segundo: um curto e um longo.
1.
O Caminho da Torá e Mandamentos
Um Mandamento (Mitzva) é um ato cuja intenção é corrigir um desejo.
Quando corrigimos determinado desejo egoísta, o ato próprio de correção é a
Mitzva. Em outras palavras, o ato de correção é o que o Criador comandou: Corrigir
o uso egoísta de um desejo para altruísta.
A Luz faz isso. A Luz é a “Torá” (da palavra hebraica “Ohr” - Luz). Há
muitos tipos de Luzes, tais como a Luz Chassadim (Misericórdia), a Luz Hochmá
(Sabedoria), a Luz AB SAG, a Luz que desce, a que sobe, a Luz Circundante e a
Luz NaRaNHaY. Entretanto, a Torá é a Luz Geral que desce de Cima.
Aprendemos que a correção é realizada pelo Caminho da Torá e Mitzvot
(ações influenciadas pela Luz). Esse caminho é chamado de Caminho da Torá ou
Caminho da Luz.
2. O Caminho do Sofrimento
O
sofrimento refina o corpo e, por fim, nos compele a transformar nosso desejo de
receber (egoísta) em desejo de doar e de fundir-se com o
Criador. Nossos sábios disseram: “Se te arrependes (ou seja, se segues o Caminho da Torá), então tudo bem, mas se não, colocarei sobre ti um rei terrível, e ele
te fará arrepender-te” (aludindo ao Faraó).
Em outras palavras, sofrimentos terríveis nos
levarão a compreender, apesar de tudo, que só progredimos espiritualmente. A
mera evolução da tecnologia, ética ou qualquer outro campo acabará por nos
degradar cada vez mais a cada geração.
Está
escrito: “Por bem ou por mal. Se tiveres mérito, te apressarei (te levarei ao terceiro estado), caso contrário, o farás pela dor e
sofrimentos”. Isso significa que ao observar a Torá e os Mandamentos,
apressamos a nossa correção e, assim, não precisamos que uma agonia extrema e
um tempo prolongado nos levem à correção (com a ajuda da Luz, através da Torá
e dos Mandamentos). Se não for pelo
Caminho da Torá e dos Mandamentos, nossa correção se completará de qualquer
modo pelo Caminho do Sofrimento, que será lançado sobre nós. O Caminho do
Sofrimento inclui as punições das almas no Inferno.
O que é, de fato, o “Inferno”? Em uma palavra,
o Inferno é o sentimento de absoluta baixeza, insignificância e pequenez dos
atributos egoístas em comparação com a Luz Superior e a Perfeição. É a
diferença entre o Altíssimo e eu. Esse é o contraste entre as sensações egoístas
e as sublimes sensações altruístas. O Inferno é um abismo infinito e terrível
que é sentido entre esses dois estados.
De qualquer forma, o Fim da Correção (isto é,
o terceiro estado) é uma obrigação a todos nós e é determinado pelo primeiro
estado. Nossa escolha recai somente entre o Caminho do Sofrimento e o Caminho
da Torá e dos Mandamentos.
Assim,
clarificamos como os três estados das almas estão conectados um ao outro e
necessitam da existência um do outro.
Não é totalmente correto dizer que existem
apenas dois caminhos, a saber, o Caminho da Torá e o Caminho do Sofrimento. Na
verdade, é impossível ser corrigido pelo caminho do sofrimento. Somente a Luz
corrige. Aprendemos isso nas quatro fases da Luz Direta: A Luz gera o desejo de
receber, isto é, Behina Aleph, e então ela desperta o desejo de doar em Behina
Aleph, o que produz o Behina Bet. Depois disso, a Luz continua a agir no desejo
de doar do Behina Bet e cria o Behina Gimel, depois o Behina Dalet e assim por
diante.
A Luz afeta as Reshimot em todos os Mundos.
Ela eleva e rebaixa, corrige e evolui. Portanto, é impossível ser corrigido
pelo sofrimento. A única coisa que se pode alcançar pela dor é a percepção da
necessidade de correção. Tanto podemos sofrer quanto despertar rapidamente (antes
que desgraças piores recaiam sobre nós) e, através dos estudos e de um grupo,
nos expor à influência da Luz Circundante.
Devemos recuperar nossa visão antes de
penetrar a verdadeira angústia, pois, no fim, ainda teremos que voltar ao ponto
de partida. Podemos tanto ser inteligentes e fazer o que devemos fazer quanto
esperar até que os sofrimentos nos levem a fazer o mesmo. Não há outra saída.
Portanto, nosso livre arbítrio reside em estarmos atentos e aproveitar as
oportunidades que nos são dadas.
Essa é a nossa única escolha. Precisamos
perceber rapidamente o que devemos fazer e, nesse caso, nosso trajeto será
tranquilo, confortável e calmo. Nós saberemos e ansiaremos a tudo o que nos
aguarda. Assim, e de forma constante, cada vez mais receberemos coisas boas,
teremos sentimentos agradáveis, e atrairemos a Luz Circundante sobre nós.
Em geral, nos enganamos na interpretação do
conceito de livre arbítrio. O percebemos como a habilidade de fazer as coisas
livremente. Contudo, nada é livre! Recebemos um desejo com o qual trabalhar, e
podemos fazê-lo tanto da forma correta quanto da errada.
Meus desejos são pré-instalados em mim e posso
utilizá-los da mesma forma como se encontram: corrompidos. Isso significa que
eu não os inspeciono visando o Propósito da Criação sem, antes, verificar o que
eu devo fazer com eles, o que o Criador quer de mim. Essa condição é chamada de
“Viver neste mundo”. Em outras palavras: Eu escolho um caminho lento e
doloroso.
Entretanto, existe outro caminho. Eu posso
examinar meus desejos, compará-los com o futuro, com meu estado corrigido,
saber que forma eles devem assumir e, dessa forma, tentar atrair a Luz
Circundante. Essa Luz corrigirá e igualará meus desejos ao Criador para que eu
possa senti-Lo.
Essa é a diferença entre uma existência sem
sentido nos desejos deste mundo, abaixo da Machsom, e uma existência em contato
com o Mundo Superior, desejando-o e igualando meus desejos com os do Mundo
Superior. Essa é a manifestação do nosso livre arbítrio.
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