17.
Com tudo isso, compreendemos o terceiro questionamento: Quando examinamos a nós
mesmos, descobrimos que somos tão corruptos e baixos quanto achávamos que
éramos…
Não há razão para explicar a cada um o que se
é. O significado de não conhecermos totalmente o nosso self é que ainda
precisamos passar por um período de Revelação do Mal (do nosso mal). Então
veremos que todos os nossos desejos e intenções dedicam-se apenas ao nosso
próprio benefício, que somos capazes de desistir de tudo para satisfazer até o
desejo mais inconsequente sem nos importar com o que acontece ao nosso redor.
Esse é o sentido da baixeza, da oposição ao Criador.
Quando
examinamos a nós mesmos, descobrimos que somos tão corruptos e desprezíveis
quanto achávamos que éramos. Entretanto, quando observamos o Criador, devemos
ser semelhantes a Ele como se nos tornássemos o Criador que nos criou, já que
não há nada mais elevado que Ele. Isso ocorre porque a natureza Daquele Que É
Perfeito é realizar atos perfeitos.
Como o imperfeito poderia criar algo perfeito? Ou, o contrário: Como o
imperfeito pode ser emanado do que é Perfeito? Isso é impossível, pois o
Criador é perfeito, mas Ele criou algo imperfeito, o que significa que essa
imperfeição já existia Nele.
Agora podemos compreender que o nosso corpo
com todos os seus desejos egoístas insignificantes não é o nosso corpo
verdadeiro (mas sim o
que recebemos das forças impuras). Nosso
corpo verdadeiro, eterno e perfeito (corrigido) já existe no terceiro estado.
Os pensamentos e desejos impuros que recebemos da linha esquerda
(chamado de “corpo impuro”), nos são dados com a única finalidade de serem
corrigidos. Enquanto evoluímos por meio dos nossos desejos corrigidos, como se
fossem degraus de uma escada, nós avançamos ao terceiro estado. É lá que
recebemos nossa forma completa, a da recepção a fim de doar. Todos os 620
desejos impuros que recebemos devem ser transformados em um corpo puro e
perfeito.
Assim, o primeiro estado (no qual Malchut é apenas um ponto) necessita que recebamos uma casca impura e
repulsiva (a Klipá, o Desejo de Receber),
a do desejo egoísta. O segundo estado nos separa do Criador (nós não o
sentimos, pois esse estado encobre todos os nossos sentimentos) de forma que possamos corrigir o desejo
egoísta a fim de recebermos nosso corpo eterno no terceiro estado. Não é
preciso lutar furiosamente contra ele (contra esse corpo repulsivo), pois o nosso trabalho não pode ser feito
senão em um corpo tão transitório e descartável quanto o nosso (nesses
desejos egoístas abomináveis)...
Precisamos de algo com o qual trabalhar. A menos que tenhamos tais
desejos, o que mais teríamos para corrigir? Devemos compreender um pouco as
ações do Criador. Por que precisamos dessa metamorfose? Por que precisamos
passar por todas essas fases de correções? Não poderíamos ter sido poupados
dessa correção forçada? De fato poderíamos, mas então permaneceríamos como um
ponto, um mero feto dentro do Criador.
Quando examinamos os 620 desejos, que são opostos ao Criador, os
corrigimos e os tornamos semelhantes a Ele, então nos tornamos iguais ao
Criador. Isso ocorre porque Ele criou esses 620 desejos pelo Seu Próprio desejo
de doar. Quando os corrigimos, nos tornamos semelhantes a Sua doação e
adquirimos as propriedades necessárias: intenção, poder e sabedoria.
Compreendemos o que ocorre dentro do Criador Ele Mesmo e nos tornamos iguais a
Ele.
Portanto, é impossível receber esses 620 desejos já corrigidos. Se
este fosse o caso, não seríamos capazes de aceitá-los em nós mesmos sem
transformá-los de negativos a positivos até que se tornassem semelhantes ao
Criador.
Dessa forma, já estamos em um estado perfeito,
correspondente ao Criador Perfeito que nos criou no segundo estado (não importa que esse segundo estado seja
baixo, pois não somos isso). Já que o
nosso corpo morrerá, e já que ele está aqui somente pelo tempo que for
necessário para alcançar a sua forma eterna, ele não pode nos causar danos.
O Criador nos deu um corpo baixo, repulsivo e egoísta ao nos lançar na
negatividade infinitesimal. Ele o fez para que tivéssemos um meio de evoluir.
Por esse motivo, essas propriedades foram criadas artificialmente. Na verdade,
elas são um reflexo invertido das Suas qualidades, o que nos permite deixá-las
semelhantes ao Criador.
Se as invertemos de egoístas para altruístas, as intenções passadas
definham, morrem e desaparecem, abrindo espaço para que intenções altruístas
surjam no seu lugar. Portanto, esse corpo está aqui somente pelo tempo
necessário da sua anulação e recepção da sua forma Eterna.
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