sexta-feira, 19 de junho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (60)




17. Com tudo isso, compreendemos o terceiro questionamento: Quando examinamos a nós mesmos, descobrimos que somos tão corruptos e baixos quanto achávamos que éramos…



Não há razão para explicar a cada um o que se é. O significado de não conhecermos totalmente o nosso self é que ainda precisamos passar por um período de Revelação do Mal (do nosso mal). Então veremos que todos os nossos desejos e intenções dedicam-se apenas ao nosso próprio benefício, que somos capazes de desistir de tudo para satisfazer até o desejo mais inconsequente sem nos importar com o que acontece ao nosso redor. Esse é o sentido da baixeza, da oposição ao Criador.



Quando examinamos a nós mesmos, descobrimos que somos tão corruptos e desprezíveis quanto achávamos que éramos. Entretanto, quando observamos o Criador, devemos ser semelhantes a Ele como se nos tornássemos o Criador que nos criou, já que não há nada mais elevado que Ele. Isso ocorre porque a natureza Daquele Que É Perfeito é realizar atos perfeitos.



Como o imperfeito poderia criar algo perfeito? Ou, o contrário: Como o imperfeito pode ser emanado do que é Perfeito? Isso é impossível, pois o Criador é perfeito, mas Ele criou algo imperfeito, o que significa que essa imperfeição já existia Nele.



Agora podemos compreender que o nosso corpo com todos os seus desejos egoístas insignificantes não é o nosso corpo verdadeiro (mas sim o que recebemos das forças impuras). Nosso corpo verdadeiro, eterno e perfeito (corrigido) já existe no terceiro estado.



Os pensamentos e desejos impuros que recebemos da linha esquerda (chamado de “corpo impuro”), nos são dados com a única finalidade de serem corrigidos. Enquanto evoluímos por meio dos nossos desejos corrigidos, como se fossem degraus de uma escada, nós avançamos ao terceiro estado. É lá que recebemos nossa forma completa, a da recepção a fim de doar. Todos os 620 desejos impuros que recebemos devem ser transformados em um corpo puro e perfeito.



Assim, o primeiro estado (no qual Malchut é apenas um ponto) necessita que recebamos uma casca impura e repulsiva (a Klipá, o Desejo de Receber), a do desejo egoísta. O segundo estado nos separa do Criador (nós não o sentimos, pois esse estado encobre todos os nossos sentimentos) de forma que possamos corrigir o desejo egoísta a fim de recebermos nosso corpo eterno no terceiro estado. Não é preciso lutar furiosamente contra ele (contra esse corpo repulsivo), pois o nosso trabalho não pode ser feito senão em um corpo tão transitório e descartável quanto o nosso (nesses desejos egoístas abomináveis)...



Precisamos de algo com o qual trabalhar. A menos que tenhamos tais desejos, o que mais teríamos para corrigir? Devemos compreender um pouco as ações do Criador. Por que precisamos dessa metamorfose? Por que precisamos passar por todas essas fases de correções? Não poderíamos ter sido poupados dessa correção forçada? De fato poderíamos, mas então permaneceríamos como um ponto, um mero feto dentro do Criador.



Quando examinamos os 620 desejos, que são opostos ao Criador, os corrigimos e os tornamos semelhantes a Ele, então nos tornamos iguais ao Criador. Isso ocorre porque Ele criou esses 620 desejos pelo Seu Próprio desejo de doar. Quando os corrigimos, nos tornamos semelhantes a Sua doação e adquirimos as propriedades necessárias: intenção, poder e sabedoria. Compreendemos o que ocorre dentro do Criador Ele Mesmo e nos tornamos iguais a Ele.



Portanto, é impossível receber esses 620 desejos já corrigidos. Se este fosse o caso, não seríamos capazes de aceitá-los em nós mesmos sem transformá-los de negativos a positivos até que se tornassem semelhantes ao Criador.



Dessa forma, já estamos em um estado perfeito, correspondente ao Criador Perfeito que nos criou no segundo estado (não importa que esse segundo estado seja baixo, pois não somos isso). Já que o nosso corpo morrerá, e já que ele está aqui somente pelo tempo que for necessário para alcançar a sua forma eterna, ele não pode nos causar danos.



O Criador nos deu um corpo baixo, repulsivo e egoísta ao nos lançar na negatividade infinitesimal. Ele o fez para que tivéssemos um meio de evoluir. Por esse motivo, essas propriedades foram criadas artificialmente. Na verdade, elas são um reflexo invertido das Suas qualidades, o que nos permite deixá-las semelhantes ao Criador.



Se as invertemos de egoístas para altruístas, as intenções passadas definham, morrem e desaparecem, abrindo espaço para que intenções altruístas surjam no seu lugar. Portanto, esse corpo está aqui somente pelo tempo necessário da sua anulação e recepção da sua forma Eterna.

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