24. Dessa forma, a essência do corpo é somente
o desejo de receber para si mesmo em todas as suas manifestações e em todas as
suas aquisições. Tudo o que ele consegue tem o propósito de satisfazer seu
desejo depravado de receber e que, por sua vez, foi criado apenas para ser
destruído e extinto do mundo (Baal HaSulam refere-se à intenção para si mesmo), para que se alcance o terceiro estado ao Fim da Correção.
Por isso (nossa intenção egoísta) é fatal
e claramente imperfeita, pois todas as suas aquisições são insípidas, como uma
sombra que não deixa vestígios da sua passagem.
Isso pode ser comparado a nossa própria experiência neste mundo. Já
vivemos aqui por algumas décadas, mas onde estão todas essas conquistas e
prazeres que tínhamos há pouco tempo atrás? Todos eles desaparecem, e a pessoa
fica sem nada no fim da sua vida.
Por que eles não se acumulam em nós? Por que não sentimos uma
satisfação maior a cada vez? Por que, sob a perspectiva do nosso estado
egoísta, sempre precisamos perder o estado anterior de forma a adquirir uma
nova satisfação?
A questão é que essa é a lei das forças impuras chamadas Klipot. Elas
não podem receber mais que uma pequena faísca de luz e, portanto, não são
capazes de obter a satisfação seguinte antes de terem consumido sua pequena
porção anterior.
Essa é a essência da nossa vida: exalar e inalar, esvaziamento e
preenchimento. Isso continua da mesma forma, como pequenas vibrações de onda:
para cima e para baixo, para cima e para baixo. Além do mais, a nossa vida
inteira é feita de tais períodos de contínuo esvaziamento e preenchimento.
Baal HaSulam diz:
Por isso que ele é mortal e claramente imperfeito, já que todas as
suas aquisições são insípidas, como uma sombra que não deixa vestígios da sua
passagem.
Ao mesmo tempo, a essência da alma é apenas o
desejo de doar. Todas as suas manifestações e aquisições são preenchidas pelo
desejo que já existe no estado eterno 1 e no futuro estado 3.
O que significa o segundo estado intermediário? Ele é o ponto de
partida do qual posso receber meu verdadeiro estado 3. Na verdade, nós já
estamos nesse estado. Precisamos apenas senti-lo. Assim, nosso avanço gradual
em direção ao terceiro estado e sua lenta manifestação representam os estágios
do Caminho pelo qual devemos passar.
Nada novo acontece no mundo. Meus olhos começam a se abrir e, pouco a
pouco, eu revelo o Infinito nas minhas sensações. Se a pessoa se afina dessa
maneira, acabará por senti-lo.
Tentem se afinar a essa ideia: existimos no mundo do Infinito, do qual
percebemos apenas um minúsculo fragmento. Só nos resta descobri-lo. É isso o
que Baal HaSulam diz. Assim, o véu se erguerá, junto com todas as suas
manifestações, e o Mundo Eterno e Infinito aparecerá.
Mas o que deve desaparecer? Por "véu" quero dizer nosso corpo
egoísta, que está destinado a morrer, ser enterrado e desaparecer
completamente. O corpo egoísta é a nossa intenção de receber para nós mesmos.
Pelo contrário, a libertação do corpo não
corrigido torna a alma mais forte, de forma que ela possa elevar-se até o
Paraíso (Gan Eden).
O Paraíso, ou Gan Eden, é a Malchut do Mundo de Atzilut que adquire as
propriedades de Biná.
Assim, clarificamos que a eternidade da alma
não depende do conhecimento que ela possui, como pensam os filósofos. A
eternidade da alma está na sua essência, ou seja, no seu desejo de doar.
A alma é eterna, ela é o desejo de receber criado inicialmente com a
intenção pelo Criador.
O conhecimento que a alma obtém é sua recompensa, e não sua representação.
O verdadeiro conhecimento é a Ohr Hochma que preenche as intenções
corrigidas.
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