terça-feira, 30 de junho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (66)




24. Dessa forma, a essência do corpo é somente o desejo de receber para si mesmo em todas as suas manifestações e em todas as suas aquisições. Tudo o que ele consegue tem o propósito de satisfazer seu desejo depravado de receber e que, por sua vez, foi criado apenas para ser destruído e extinto do mundo (Baal HaSulam refere-se à intenção para si mesmo), para que se alcance o terceiro estado ao Fim da Correção.



Por isso (nossa intenção egoísta) é fatal e claramente imperfeita, pois todas as suas aquisições são insípidas, como uma sombra que não deixa vestígios da sua passagem.



Isso pode ser comparado a nossa própria experiência neste mundo. Já vivemos aqui por algumas décadas, mas onde estão todas essas conquistas e prazeres que tínhamos há pouco tempo atrás? Todos eles desaparecem, e a pessoa fica sem nada no fim da sua vida.



Por que eles não se acumulam em nós? Por que não sentimos uma satisfação maior a cada vez? Por que, sob a perspectiva do nosso estado egoísta, sempre precisamos perder o estado anterior de forma a adquirir uma nova satisfação?



A questão é que essa é a lei das forças impuras chamadas Klipot. Elas não podem receber mais que uma pequena faísca de luz e, portanto, não são capazes de obter a satisfação seguinte antes de terem consumido sua pequena porção anterior.



Essa é a essência da nossa vida: exalar e inalar, esvaziamento e preenchimento. Isso continua da mesma forma, como pequenas vibrações de onda: para cima e para baixo, para cima e para baixo. Além do mais, a nossa vida inteira é feita de tais períodos de contínuo esvaziamento e preenchimento.



Baal HaSulam diz:



Por isso que ele é mortal e claramente imperfeito, já que todas as suas aquisições são insípidas, como uma sombra que não deixa vestígios da sua passagem.



Ao mesmo tempo, a essência da alma é apenas o desejo de doar. Todas as suas manifestações e aquisições são preenchidas pelo desejo que já existe no estado eterno 1 e no futuro estado 3.



O que significa o segundo estado intermediário? Ele é o ponto de partida do qual posso receber meu verdadeiro estado 3. Na verdade, nós já estamos nesse estado. Precisamos apenas senti-lo. Assim, nosso avanço gradual em direção ao terceiro estado e sua lenta manifestação representam os estágios do Caminho pelo qual devemos passar.



Nada novo acontece no mundo. Meus olhos começam a se abrir e, pouco a pouco, eu revelo o Infinito nas minhas sensações. Se a pessoa se afina dessa maneira, acabará por senti-lo.



Tentem se afinar a essa ideia: existimos no mundo do Infinito, do qual percebemos apenas um minúsculo fragmento. Só nos resta descobri-lo. É isso o que Baal HaSulam diz. Assim, o véu se erguerá, junto com todas as suas manifestações, e o Mundo Eterno e Infinito aparecerá.



Mas o que deve desaparecer? Por "véu" quero dizer nosso corpo egoísta, que está destinado a morrer, ser enterrado e desaparecer completamente. O corpo egoísta é a nossa intenção de receber para nós mesmos.



Pelo contrário, a libertação do corpo não corrigido torna a alma mais forte, de forma que ela possa elevar-se até o Paraíso (Gan Eden).



O Paraíso, ou Gan Eden, é a Malchut do Mundo de Atzilut que adquire as propriedades de Biná.



Assim, clarificamos que a eternidade da alma não depende do conhecimento que ela possui, como pensam os filósofos. A eternidade da alma está na sua essência, ou seja, no seu desejo de doar.



A alma é eterna, ela é o desejo de receber criado inicialmente com a intenção pelo Criador.



O conhecimento que a alma obtém é sua recompensa, e não sua representação.



O verdadeiro conhecimento é a Ohr Hochma que preenche as intenções corrigidas.


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