quarta-feira, 1 de julho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (67)




25. Com isso, descobrimos a completa solução para a quinta análise, na qual questionamos que se o corpo é tão imperfeito (por “corpo” nos referimos ao desejo egoísta com a intenção para si mesmo) que, a menos que se decomponha, a alma pura (por “alma” nos referimos à Luz Superior que preenche a intenção pelo Criador) não pode penetrá-lo, por que ele retorna e revive através da Ressurreição dos Mortos? Como disseram os nossos sábios, os mortos (isto é, todas essas intenções egoístas para si mesmo) são ressuscitados com todos os seus defeitos para que ninguém diga que não são os mesmos corpos.



Por que devemos nos debater com essas ideias propositadamente confusas presentes nos textos dos cabalistas? De acordo com o que vimos nos tópicos anteriores, a alma e sua correção dependem não do conhecimento, mas da mudança de desejos e intenções. Portanto, o cabalista, mesmo que escreva sobre tais assuntos, como os que estudamos até agora, destinados a atrair um pouco de luz ao nosso estado, está pouco preocupado com a nossa compreensão do que ele está dizendo. Suas intenções para conosco são totalmente diferentes.



Ele deseja que nós, sonâmbulos, perdidos, inconscientes e confusos sigamos seus pensamentos. Ele não exige que compreendamos o texto que lemos agora. O que ele exige é a nossa presença nessa cadeia de pensamento que ele nos apresenta. Agarre-se a ele como uma criança pequena. Não importa o quanto você compreende. O mais importante é o seu desejo de seguir com ele.



Apenas esteja com o seu professor, continue com ele e ele o levará adiante. É impossível compreender um estado mais elevado com a mentalidade de um estado mais baixo, pois há desejos, funções e leis muito diferentes operando no nível mais alto. Não passaremos ao próximo nível sem compreender isso. É terminantemente impossível. O cabalista embaralha o seu texto de propósito, pois ele deseja que sintamos a necessidade de nos conectar com ele. Ele deseja que o sigamos no escuro, como se fôssemos pequenos, indefesos e cegos.



Portanto, esse estado de confusão, incompreensão e ignorância é positivo. Precisamos apenas perceber que não é a nossa mente que precisamos utilizar, mas a nossa intenção de nos fundir com o Criador. Devemos utilizar os nossos desejos, não o intelecto, pois o nosso intelecto não funciona aqui. Ele funciona apenas em nosso mundo. Ele opera no nível animal, não no espiritual. Quando transformamos os nossos desejos em desejos espirituais, acompanhando o cabalista que nos guia, nossos desejos mudarão. Eles criarão pensamentos muito diferentes, destinados a satisfazer esses novos desejos espirituais, a corrigi-los, elevá-los ainda mais alto, absorvê-los e compreendê-los.



Ou seja, a mente é a pura consequência dos nossos desejos e se desenvolve junto com eles. Portanto, se diz que o sofrimento faz do homem um sábio. E é uma grande verdade, pois a mente, o intelecto, é a consequência da necessidade de escapar do sofrimento. Nunca devemos esperar primeiro encontrar algo em relação ao espiritual e, depois, elevarmo-nos ao nível deste conhecimento. Nunca! A mente se desenvolve apenas de acordo com uma mudança de desejo. Sempre avançamos dessa forma.



Por isso que repito: De fato, não importa qual a sua condição durante as aulas, mesmo que você não conheça a língua ou não consiga “ligar” seu cérebro no dia. A única coisa que importa é você desejar seguir o autor, palestrante, professor. Se fizer isso, você avança. O oposto também é verdadeiro, se você vem à aula relaxado, consegue captar tudo com a sagacidade do seu intelecto, com sua mente inquisitiva, você praticamente se auto-sabota, pois aplica toda a energia que seria utilizada na obtenção de informações espirituais em receber satisfação puramente intelectual.



Você deve entender que isto vem do próprio Plano da Criação; portanto, do primeiro estado. Dissemos que, assim que o plano se transforma em dar prazer à Criação, isso sem dúvida criaria nas almas um enorme desejo de receber esse prazer, pois um grande prazer requer um grande desejo (o Criador deseja nos satisfazer com o Infinito, então, Ele criou em nós um desejo infinito).



Também dissemos que esse enorme desejo de receber é a única coisa que foi criada, portanto não havia a menor necessidade de existir algo maior que o Plano da Criação. Com Sua natureza Perfeita, o Criador não criaria nada supérfluo.



A única coisa que o Criador precisava a fim de doar prazer era o desejo de receber prazer.



Também dissemos que esse enorme desejo de receber havia sido totalmente afastado do sistema de mundos puros e entregue ao sistema de mundos impuros. Eles são a fonte da procedência e existência dos corpos, com todas as aquisições deste mundo, até que o homem atinja os treze anos de idade (isto é, dos desejos egoístas).



Este é apenas um número arbitrário utilizado por Baal HaSulam para nos confundir. Quando ele menciona certos números, tais como 40, 13 ou 70 anos, ele se refere a uma determinada condição interior da pessoa.



Dessa forma, nosso desenvolvimento pode ser dividido em dois períodos: O primeiro, quando estamos subjugados aos poderes dos desejos egoístas - convencionalmente, esse período é chamado de “chegando à idade de 13”, ou seja, até os 13 anos de idade. Depois dos 13 anos, a pessoa começa a compreender a sua alma, auxiliada pela Luz Superior, o que significa que ela começa a corrigir seu desejo de egoísta para altruísta. Essa transição é chamada, convencionalmente, de “13 anos”.



Isto é, a partir desse nível a pessoa começa a se interessar pela cabalá. Ela completa o primeiro estágio do seu desenvolvimento (a Revelação do Mal) e passa a corrigir-se e a adquirir uma intenção pura. Ela ainda existe às custas dos Mundos Puros, conforme o recebimento da alma. Ou seja, antes de alcançar o estágio chamado “13 anos”, a pessoa está subjugada pelo poder dos Mundos Impuros. Nesse estágio, ela recebe constantemente cada vez mais egoísmo, e o absorve até que finalmente percebe o quão prejudicial, vão e ruim ele é.



Por fim, a pessoa chega a um ponto onde ela sente a necessidade de começar a corrigir o seu egoísmo. Esse ponto é chamado de “chegando à fase adulta”. A partir desse ponto, ela é considerada adulta, isto é, começa a adquirir a tela que lhe confere a habilidade de trabalhar com seus desejos de forma altruísta.



Também foi dito que, durante os 6000 anos que nos foram dados para o trabalho de correções, o corpo, isto é, o enorme desejo de receber, permanece incorrigido. Todas as correções que resultam do nosso trabalho ocorre apenas na alma (na intenção). A alma, que ascende a níveis altíssimos de pureza e santidade, apenas aumenta o desejo de doar.



É por isso que o corpo está predestinado a morrer, ser enterrado e a se decompor, pois ele não realiza nenhuma correção e não pode, de fato, existir dessa forma. Mas calma, se esse enorme desejo de receber deste mundo devesse desaparecer, o Plano da Criação nunca se completaria. Os seres criados não receberiam todos os grandes prazeres que Ele planejou lhes dar. Um grande desejo de receber prazer e um grande prazer correspondem um ao outro. Assim que o desejo de receber diminui, o prazer em receber diminui da mesma forma, na mesma medida.



O que Baal HaSulam quer dizer?



Ele está falando dos níveis de desenvolvimento. Há o desejo original, Malchut, e a Luz. No estágio seguinte, a mesma Malchut adquire intenções egoístas (para si mesma). O estágio seguinte não é corrigido, e o chamamos de Shevirá. Depois disso, Malchut “destrói” a si mesma, pois gradativamente ela deseja adquirir o desejo pelo Criador. O trabalho durante os 6000 anos é uma transição gradual da intenção para si mesmo para a intenção pelo Criador. Nesse ponto, o corpo não é levado em consideração. Ele é constantemente destruído. Quando a intenção pelo Criador é completamente adquirida, o desejo de receber é ressuscitado. Isso constitui o Sétimo Milênio, quando os assim chamados “mortos” se levantam do túmulo e, pouco a pouco, se unem às intenções puras pelo Criador. O estágio seguinte marca a realização da correção final e completa, quando a intenção pelo Criador prevalece.



Existe apenas o Criador e Sua Criação. A Criação é um desejo e tudo o que está acima é a intenção. O Criador criou o desejo, e essa é a nossa essência. A intenção é uma superestrutura construída sobre o desejo, e ela surge apenas para corrigir esse desejo e deixá-lo semelhante ao Criador.



Primeiro, recebemos uma intenção egoísta, direcionada para nós mesmos, nosso ego. Então, a transformamos no seu oposto. Essa transformação ocorre durante os assim chamados 6000 anos. O fim desse período marca a obtenção da intenção altruísta. No Sétimo Milênio, o desejo é corrigido junto com a intenção. Depois disso, o Kli existe na sua forma infinita. O que é a “forma infinita”? Isso significa que seus desejos originais se tornam ilimitados. A intenção pelo Criador torna a Criação totalmente semelhante a Ele. Mas não estudamos o que ocorre com a Criação depois disso.


Nenhum comentário:

Shamati (130)

    130. Tiberias dos nossos sábios, boa é a sua visão (Ouvi em 1 º de Adar, Tav - Shin - Zayin , 21 de fevereiro de 1947, em uma via...