quinta-feira, 2 de julho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (68)




26. Como já dissemos, o primeiro estado requer que o terceiro exista. Ele surge em toda a sua completude, como no primeiro estado, de acordo com o Plano da Criação. Nada além disso foi planejado.



Baal HaSulam diz que o Criador criou Malchut no centro do Mundo do Infinito. Malchut se encontra dentro da Luz chamada Mundo do Infinito. Esse é o primeiro estado.



Ele também criou o terceiro estado, no qual Malchut existe no Estado do Infinito, preenchida pela Luz, onde tudo está em seu interior. Então, qual é a diferença? A diferença reside no fato de que no primeiro caso, apenas Malchut constitui a Criação e, depois, ela expande e é preenchida pelo volume total do Mundo do Infinito.



Isso ocorre porque ao passar pelo chamado “Período de correção” ela passa do primeiro estado ao terceiro. Malchut torna-se semelhante ao volume total, o qual chamamos de “Mundo do Infinito” ou “Criador”. Chegamos ao terceiro estado tanto pelo Caminho da Torá (isto é, a correção através da Luz) ou pelo Caminho do Sofrimento.



De qualquer modo, ambos os estados são idênticos no que se refere ao Criador. Tempo e correção não existem para o Criador, pois em relação a Ele os dois estados são óbvios e reais. Apenas nós, que nos movimentamos ao longo desse caminho, pouco a pouco passamos de um estado ao outro.



Essa transição consiste de diferentes estágios. O primeiro é chamado “Construção dos mundos”, o segundo “Correção”, e o terceiro “Ascensão das almas”. O primeiro estágio necessita da existência do terceiro.



Portanto, o primeiro estado exige a Ressurreição dos Mortos. Isto é, seu enorme desejo de receber que se torna inútil, eliminado e apodrecido no segundo estado (durante a correção). Ele deve novamente renascer dos mortos na sua enorme proporção, sem reduções, ou seja, como todas as suas deficiências anteriores.



O trabalho recomeça novamente a fim de transformar esse enorme desejo de receber em desejo de doar pelo Criador. Aqui, vencemos duplamente: Primeiro, temos a oportunidade de obter a abundância e o prazer que estão no Plano da Criação, pois já temos um enorme desejo de receber, que ascende junto com esses prazeres.



Segundo, receber dessa forma equivale ao desejo de dar prazer ao Criador que é uma doação “Pura”. Em outras palavras: recebemos a equivalência de forma com o Criador, que é a completa unificação dos nossos primeiro e terceiro estados.



Baal HaSulam deseja nos dizer que o primeiro estado, no qual o desejo de receber prazer foi criado, é um pequeno desejo natural. Em um estágio posterior, esse desejo é complementado com um enorme “Contrapeso”, que é a intenção para si mesmo. Essa intenção negativa atravessa um período chamado “Revelação do Mal”, e é totalmente rejeitado pela pessoa (considerado “Morto”). A pessoa que estuda Cabalá adquire a intenção pelo Criador com o auxílio da Luz Superior.



Isso cumprido, a pessoa conecta seus desejos à intenção adquirida e os “Ressuscita”. Quando os desejos são utilizados com a intenção pelo Criador, a pessoa se assemelha totalmente ao Criador.



Há muitos estágios em nosso desenvolvimento. Primeiro, temos apenas um desejo. Depois, adquirimos a intenção egoísta chamada “Ego”. Por serem nossas propriedades naturais, os desejos não são levados em consideração, indiferente do que eles são ou de que forma se apresentam. A intenção (o objetivo pelo qual utilizamos os nossos desejos) é fundamental.



Quaisquer que sejam os desejos que nossos filhos tenham não os consideramos egoístas. Na nossa visão, eles parecem pequenos animais, e os tratamos com ternura. Se uma criança pega alguma coisa que não lhe pertence, não consideramos isso um roubo, ou algo perverso. Julgamos cada ação pela intenção que se está por trás dela.



O mal começa quando eu adquiro intenções egoístas. Então, eu as percebo como “Mortas” e paro de usá-las. Eu me separo das minhas intenções anteriores, neutralizo os meus desejos e adquiro a intenção pelo Criador sob a influência da Luz Superior.



O primeiro estágio continua à medida que estudamos Cabalá. Durante os nossos estudos, a Luz Circundante desce sobre nós. Em certo ponto, começamos a nos perceber como egoístas, horríveis, cruéis, pessoas totalmente opostas a qualquer espiritualidade. Isso ocorre porque com a influência da Luz Superior, passamos a sentir o nosso próprio mal. Conforme alcançamos um estado em que não utilizamos nem a intenção para nós mesmos, nem os nossos desejos faremos uma espécie de Tzimtzum Aleph e estaremos prontos para receber apenas qualidades espirituais. O estágio seguinte é o recebimento da Masach (ou “Fé”), um novo Kli, a intenção pelo Criador.



Assim que o recebemos, avançamos ao estágio seguinte chamado “Ressurreição” e “Semelhança de forma com o Criador”. Baal HaSulam escreve sobre esses estágios no item 26.


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