O fato é que qualquer Partzuf, ou
mesmo qualquer nível Espiritual, possui dois tipos de Luz: a Ohr Makif (Luz
Circundante) e a Ohr Pnimi (Luz Interna). Como já clarificamos, no primeiro
Partzuf de AK, Galgalta, a Luz Circundante é a Luz do Mundo do Infinito, que
preenche todo o Universo. Depois do TA e do surgimento da Masach, ocorre o
Contato de Impacto (Zivug de Haka'a) entre toda a Luz do Mundo do Infinito e
sua Masach. A Ohr Hozer que emerge como o resultado desse Zivug faz com que uma
parte da Luz Superior entre no Mundo da Restrição (Olam HaTzimtzum) e, com
isso, crie as dez Sefirot de Rosh e as dez Sefirot de Guf, como foi dito no
ponto 25.
Entretanto, o Partzuf Galgalta
deixa de receber a Luz total. Sendo assim, a Luz do Mundo do Infinito não
preenche todo o Universo, como preenchia antes do TA. Agora, existem Rosh e
Sof, isto é, enquanto as dez Sefirot expandem-se para baixo, a Luz para no
ponto "desse mundo", na Malchut "restritiva" (Malchut
Masayemet), conforme é dito: "Seus pés estão fincados no Monte das
Oliveiras...".
Além disso, agora existe a noção
"de dentro para fora". Semelhante à expansão descendente das dez
Sefirot Keter, Chochmá, Biná, Tiferet, Malchut (KaHaB-TuM) e Malchut
restritiva, há também a expansão das dez Sefirot KaHaB-TuM de dentro para fora.
Aqui, as Sefirot são chamadas de:
Mocha - Cérebro (Keter); Atzamot - Ossos (Chochmá); Gidin - Tendões (Biná);
Basar - Carne (Tiferet) e Or - Pele (Malchut; "Or" com a Letra
"Ayn" e não com "Aleph", que seria "Luz"). Em
relação ao Mundo do Infinito, no qual o Universo inteiro era preenchido pela
Luz do Partzuf Galgalta, resta apenas um pequeno raio de Luz. A Or - Pele
(Malchut) restringe o Partzuf por fora, impedindo que a Luz
"expanda-se" mais e preencha o espaço vazio.
A quantidade de Luz (seu pequeno raio) recebida em Galgalta é
chamada de "Ohr Pnimi" (Luz Interna). A enorme quantidade de Luz do
Mundo do Infinito, que não entra em Galgalta, permanece do lado de fora. Agora,
essa Luz é chamada de Ohr Makif (Luz Circundante), ela não pode entrar no
Partzuf, mas, ao invés disso, ela o circunda por todos os lados.
Toda parte de Malchut é
chamada de "nível" quando cada um dos seus desejos for preenchido
pela Luz através da tela. Cada nível recebido por Malchut divide a Luz que chega a ela em duas partes: Ohr Pnimi, que entra no Partzuf, e Ohr Makif.
A tela vê a totalidade da Luz que vem a ela com a ajuda da Ohr Hozer, e então determina o quanto
pode receber pelo Criador com a ajuda da tela, e o quanto dessa Luz deve ser
deixada de fora. A tela sempre divide a Luz em duas partes.
A Ohr Pnimi (a parte que
é recebida) é apenas um pequeno raio de Luz que entra em Malchut, isto é, o espaço vazio, afastada depois do TA (antes do TA, Malchut estava completamente preenchida). Percebemos a força do
egoísmo, o qual permite que apenas um pequeno raio de Luz entre em Malchut com o auxílio da tela. Da mesma
forma, ela se refere apenas ao primeiro Partzuf
de AK, Galgalta. Os outros Partzufim
são preenchidos com ainda menos Luz.
Então, com a ajuda desse raio de Luz, são criados Partzufim adicionais. No centro preciso
dessa esfera negra (Malchut depois do
TA), existe o nosso mundo. No Mundo
de Atzilut, nasce um Partzuf muito especial: Adam HaRishon. Ele consiste de dois
componentes: as qualidades de Biná e
de Malchut. Então, esse Partzuf parte-se em inúmeros Partzufim individuais chamados
"almas".
Ao adquirir a tela, as almas formadas podem gradualmente preencher
de Luz toda a esfera. Esse estado é chamado de "A Correção Final" das
almas com a ajuda da tela, a "Gmar
Tikun". Depois disso, a expansão seguinte de Malchut consiste no recebimento do Criador, não dentro de si mesma,
mas acima das suas propriedades. Isso já se refere àquela parte da Cabalá
chamada de "Segredos de Torá". A outra parte da Cabalá, tudo o que
está abaixo desse nível e se refere ao "Ta'amey Torá" pode e deve ser estudada por todos. Os
cabalistas devem abrir "Ta'amey Torá"
a todos, mas devem ocultar os "Segredos de Torá".
Há muitos tipos de Ohr Makif,
assim como de Ohr Pnimi. Um deles
brilha sobre o homem quando ele ainda não possui uma tela, sensações
corrigidas, então o homem passa a desejar o espiritual. Isso ocorre graças à Ohr Makif que brilha sobre ele. Aqui, a
Luz é primária e o desejo é secundário. A Ohr
Makif começa a brilhar quando o homem ainda não compreende de onde vem essa
luminescência, mas a espiritualidade passa a atraí-lo. À medida que começa a
aprender, ele desperta acima de si mesmo uma luminescência de outro tipo, que
gradualmente o corrige. Com sua ajuda, o homem passa a ver suas deficiências, a
abrir cada vez mais o mundo ao seu redor. Pouco a pouco, a Luz cria a imagem
espiritual diante dele, que fica cada vez mais clara, como se saindo da névoa.
Estamos cercados pelo Criador, que está por trás de todos os
objetos ao nosso redor e deseja nos aproximar mais Dele. Para tanto, Ele
utiliza os objetos da natureza. Em nosso mundo, Ele realiza isso com a ajuda
das pessoas (família, amigos, conhecidos). Ele nos envia sofrimentos e
situações complicadas deliberadamente para que, ao tentar escapar, nos
aproximemos mais Dele.
Entretanto, o homem tende a atribuir a causa de todos os seus
infortúnios à esposa temperamental, ao chefe raivoso ou as pessoas que o
cercam. Mas é assim mesmo que deveria ser, pois o Criador está oculto dele. O
homem ainda não alcançou o nível em que é capaz de ver apenas o Criador por
trás de tudo o que lhe acontece. Além disso, ele deve reagir conforme seus
próprios sentimentos e não como se apenas o Criador existisse no mundo.
Enquanto estivermos no nível material é impossível ver as forças espirituais
nas coisas.
Retratamos os Partzufim
de forma muito relativa. Embora se diga que Galgalta
pareça um pequeno raio de luz, nós o imaginamos como um retângulo a fim de
mostrar a correlação entre as partes do Partzuf.
O Partzuf e suas partes são
gradualmente criados nas sensações do homem. Estudamos como que, de um ponto,
uma Sefirá é criada, e então um Partzuf-embrião e, depois, como ele
cresce à medida que o homem passa a receber a Luz Superior dentro dele.
Está dito que "seu pé
ascenderá até o Monte das Oliveiras, e lá permanecerá". O azeite de oliva
simboliza a Ohr Chochmá. Todo o
processo de recepção e gradação da Ohr
Chochmá é extremamente complicado. Em hebraico, Har (montanha) também significa "Hirhurim": dúvidas, sofrimentos e esforços enquanto se escala
uma montanha. De baixo, da nossa perspectiva, essa ascensão continua até a Maschom, onde inicia o Mundo Espiritual.
Na Gmar Tikun, a Ohr Chochmá não preencherá apenas o Toch de Galgalta, mas
também o Sof.
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