Quero dar mais
Mas como pode o mais extremo egoísmo converter-se em seu
oposto? Recorda-te que o Criador é benevolente. Ele não tem nada a mais em Sua
mente a não ser o ato de dar. Como resultado, Ele cria criaturas que somente
desejam receber. Essas criaturas começam a receber o que Ele dá, mais e mais,
mais e mais. Infinitamente.
À medida que a vontade de receber evolui nas criaturas, tem
lugar uma quase mágica transformação: estas não apenas desejam o que o Criador
lhes dá, mas também desejam ser Criadores. Pensa em como cada criança
deseja ser como seus pais. Pensa também que a base da aprendizagem é o desejo
de crescer da criança. Os cabalistas dizem que a vontade de crescer da criança
baseia-se no desejo da criatura de ser como Seu Criador.
Se teus pais são os teus modelos, tu estudarás suas ações e
farás o maior esforço para imitá-los e te converteres também em adulto. Da
mesma forma, se o Criador é teu modelo, tu estudarás o Criador com a
finalidade de ser como Ele é. Se o Criador que tu estudas dedica-se a dar,
dedica-se à benevolência, podemos ver como o egoísmo extremado que deseja te
converter em alguém “similar ao Criador” pode transformar-se em altruísmo (que
exploraremos com maior profundidade nos próximos capítulos), porque isso é o
que Ele é. Na Kabbalah, a habilidade de
ser como o Criador chama-se “Lograr o atributo de doar”.
A consequência, apesar de que isso possa soar como um
oximoro, é que o desejo mais egoísta de cada pessoa é ser como o Criador:
um completo altruísta.
No caminho: Outra forma de se pensar essa questão do altruísmo é ter em
mente que a Kabbalah nos recorda que não estamos separados, senão que formamos
parte de nosso mundo. O altruísmo propõe sermos um com os demais, unidos a eles.
Dado que somente conhecemos a nós mesmos através de nossa conexão com todos os
demais, o altruísmo, desde essa perspectiva, é uma maneira inteligente de
buscar também nosso próprio bem-estar. Então, se todos estamos unidos, ser
amáveis e generosos com os demais é ser amável e generoso conosco mesmos.
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