O princípio do prazer e da dor
O único desejo do Criador é que tu e eu nos enchamos de
prazer. O fato de reconhecer essa verdade é central para nosso caminho para a
perfeição. A todo observador da cena humana fica claro que a maioria das
pessoas, sejam estudantes de Kabbalah, ou hedonistas a moda antiga, desejam
prazer, e, às vezes, percorrem grandes distâncias para consegui-lo. Se a
intenção do Criador era que nós buscássemos e experimentássemos o prazer
infinito, como entra a dor nessa equação?
Eu e tu não nos comprometemos com nenhuma ação a menos que
acreditemos que, de alguma forma, isso nos proporcionará felicidade. Além
disso, não fazemos movimentos laterais na nossa busca pelo prazer. Cada ação
está comprometida com o cálculo de que nossa felicidade aumentará. Assim, tu e
eu nos colocamos em situações dolorosas de maneira consciente com o fim de
obter mais prazer.
Certas situações dolorosas nos fazem reavaliar o que cremos
ser as causas de nossa felicidade e nos fazem reordená-las de acordo com a sua
importância. Digamos que tenhas um relógio Rolex, cuja posse te proporciona
muito prazer: o que ele representa, em termos das tuas conquistas sociais, o
que ele diz acerca dos teus valores e de teu nível de vida, tua admiração pela
sua beleza e precisão, e quem sabe quantas outras coisas mais. Certo dia, um
assaltante coloca uma pistola na tua cabeça e exige que entregues o teu adorado
relógio. Ou, caso contrário... A maioria das pessoas aceitaria esse ato
doloroso (neste caso, entregar o precioso objeto) com a finalidade de evitar um
ato ainda mais doloroso (levar um tiro ou morrer no assalto).
Pense nisso como uma espécie de escala de prazeres. Quais
objetos, artigos ou experiências possuem um valor mais alto? Quais são os de
menor importância? Estás disposto a agüentar uma dor momentânea em troca de um
prazer maior?
As pessoas podem mudar a consciência do seu prazer futuro
(todo mundo tem imaginação) e calcular que qualquer incômodo no presente vale
por um prazer futuro. Noutras palavras, um sofrimento pode valer a pena se
desejas obter prazer, inclusive se o prazer não é imediato e não pode estar ao
alcance das tuas mãos por anos e anos.
O rabino Ashlag define isso como um estado no qual o prazer
futuro “brilha” no presente, iluminando-o. Ele nos explica que, na realidade,
não podemos sentir o futuro. Em vez disso, sentimos o prazer que virá, enquanto
nos encontramos no estado presente. Dessa forma, o incômodo atual se faz
tolerável, inclusive desejável, se focarmos a nossa mente na meta gratificante
do futuro.
No caminho: A felicidade nem sempre significa um sucesso que coloca um
grande sorriso em nosso rosto. Significa avançar até as metas que nos ajudam a
viver o tipo de vida que acreditamos ser a que mais nos convém nesse preciso
momento. Então, essa é a direção a que sempre as nossas ações nos conduzirão
para sermos “felizes”.
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