Mito: A Kabbalah é uma religião
Esta é uma confusão muito comum e que vale a pena esclarecer
desde o princípio. A Sabedoria da Kabbalah não se relaciona com nenhuma
religião ou crença. Não tem nada a ver com meditações, profecias, questões
religiosas e inclusive o estado mental de um indivíduo. No entanto, as
religiões são combinações de rituais desenhados pelos seres humanos para apoiá-los
em suas existências terrenas. Embora as religiões como o judaísmo e o
cristianismo tenham conceitos similares do Mundo Superior (o céu, a vida depois
da morte e etc), grande parte das religiões ensina como devem existir os seres
humanos no mundo temporal. A Kabbalah é considerada mais uma ciência do que uma
religião. Como tal, ela estuda e proporciona uma maneira de se compreender o
núcleo essencial da humanidade, do Mundo Superior, do Universo inteiro e do
Criador. O resultado desse estudo é o descobrimento de que a humanidade deseja
ser semelhante ao Criador. A Sabedoria da Kabbalah é a ciência do sistema da
criação e de seu manejo.
A Kabbalah ensina como qualquer pessoa pode aceder à
revelação do sistema da criação. Toda alma, toda pessoa, deve, em última
instância, lograr uma sensação completa da criação inteira e não somente da
pequena parte que percebe em seus cinco sentidos. A Kabbalah não trata tanto de
se adorar uma deidade ou de se aderir a um sistema de crenças, como tendem a
ser as religiões. Pelo contrário, trata de avançar à união com o restante da
criação em seu sentido mais pleno.
Uma das diferenças-chave entre Kabbalah e religião é que o
cabalista assume uma perspectiva ativa e um indivíduo religioso assume uma
perspectiva passiva. Noutras palavras, uma pessoa religiosa reza para pedir
benefícios ao Criador. Por exemplo, se ela estiver doente, rezará para que o
Criador lhe garanta saúde. Um cabalista, por outro lado, reza ao Criador para
pedir correção e, na maioria dos casos, ignora por completo a sua saúde
pessoal. Esta pessoa diz ao Criador: “Transforma-me”, em lugar de “Muda o teu
jeito de me tratar”.
No caminho: Uma pessoa religiosa crê que uma força superior que a
governa determina todas as leis que o indivíduo deve cumprir. A Kabbalah é
diferente porque agrega a oportunidade de se sentir o Criador de modo direto. É
indiferente se alguém respeita determinadas leis religiosas, porque a nossa
única preocupação é o nosso contato interno com o Criador.
Outra confusão é que a Kabbalah seria um “assunto judaico”.
Na verdade, as raízes da Kabbalah não se encontram no judaísmo, mas se estendem
aos dias da Babilônia, antes do nascimento do judaísmo. A Kabbalah começou ao
redor de 5000 anos atrás, na Mesopotâmia (que agora é o Iraque), na cidade da
Babilônia. O judaísmo tal como nós o conhecemos começou depois da destruição do
II Templo, há aproximadamente 2000 anos. Os cabalistas sustentam que Moisés
recebeu as 613 leis da Kabbalah, um conjunto de ações espirituais que se
realizam de modo interno. Quando essas 613 ações são realizadas, alcança-se a
união plena com o Criador, que já descrevemos.
O judaísmo, por outro lado, é uma coleção de normas que ditam
como devemos nos conduzir neste mundo temporal e físico. A Kabbalah ensina algo
muito diferente do que tradicionalmente nos exigem saber neste mundo, de que
maneira devemos prover o nosso sustento, de como devemos nos comportar, de como
devemos nos vestir. Como dissemos antes, a Kabbalah se relaciona com o Mundo
Superior. Este mundo e nossos corpos físicos servem somente como degraus para
que nos acerquemos do Mundo Superior. Assim, vemos que a Kabbalah na realidade
não é judaísmo e nem sequer compartilha dos mesmos temas.
De fato, a Kabbalah pode ser vista como oposta às práticas religiosas. Esta Sabedoria te dirige de maneira natural à reflexão e à transformação interna, que te afastam da realização de rituais e de seguir qualquer mandamento religioso.
Esta é a razão pela qual as religiões tendem a
se opor à Kabbalah.
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