terça-feira, 10 de maio de 2022

Carta de um sábio (2)

 

Carta de um Sábio (2)

 

As palavras são primariamente uma lei para o Messias, mas são aplicáveis também a este mundo, visto que fortalecendo o coração para mostrar amor entre ele e seu Fazedor, o Criador instila sua Divindade nele em lembrança, como em “Em todo lugar onde eu fizer recordar o Meu nome, eu virei a ti e te abençoarei” (Êxodo 20:24).

 

Quando a lembrança aumenta pelo trabalho atual, o desejo e anseio aumentam, como em “E espírito chama espírito e traz espírito”, e assim por diante. Finalmente, as lembranças aumentam e crescem pelo desejo ardente, e ascende em boas ações, para “Todos os centavos se juntam numa grande quantidade”, e este é o significado de “Eis, com Ele vem o Seu galardão, e a Sua obra diante Dele” (Isaías 62:11).

 

Eu tenho sido prolixo sobre isso, embora o intelecto seja curto em estudo. Entretanto, demora muito para adquirir este conceito até que seja absorvido nos órgãos. E, ainda, isto é todo o despertar de baixo – que a velocidade de correção, durante as correções, e a medida da multiplicação, após o Gmar HaTikún (Fim da Correção), durante o trabalho no lado desejado, depende da extensão para a qual ela é dotada.

 

Você não deveria duvidar de minhas palavras, pois do contrário “O prosélito está acima e o cidadão está abaixo”, pois a medida do amor é volitiva, dependendo do coração, não é intelectual. Por essa razão, como ele pode ser mostrado no topo de todos os degraus intelectuais, como eu tenho elaborado?

 

Mas todo aquele que experimentar e ver que o Senhor é boa testemunha de todas essas coisas, visto que nós estamos lidando com a Dvekút (adesão) com o Criador aqui, e Sua unicidade inclui todos os discernimentos do mundo. Ainda assim, não há dúvida de que não há nada corpóreo sobre sua unicidade e, portanto, nenhum passo fora de um objeto intelectual.

 

Por essa razão, todos que são recompensados com a adesão a Ele crescem mais sábios, pois eles aderem com o intelecto simples. Durante a Dvekút, o adorador está aderido ao adorado pela mera força de mostrar seu desejo e amor. Mas Nele, o desejo, intelecto e saber estão em simples unidade, sem nenhuma diferença de forma, como nas leis da corporeidade, e isto é simples. Por essa razão, a obtenção da revelação do Seu amor é a maior benção do intelecto.

 

Venha e aprenda do trabalhador completo (completo mesmo no despertar de cima). Pergunte às pessoas idosas e eles te dirão que um completo é completo em tudo, e tem conhecimento completo na “bênção em seu futuro”. E, contudo, isto não o enfraquece sob qualquer condição por causa disso - da labuta em Torá e a busca. Pelo contrário, ninguém se aplica na Torá e na busca tanto quanto ele. Isto é por uma simples razão: Sua labuta não é suficiente para trazer um bom futuro para si mesmo. Ao contrário, todo sua labuta está na forma de mostrar amor entre ele e seu Fazedor. Isto é porque os sentimentos de amor crescem e se multiplicam a cada dia até que o amor esteja completo, na forma de “amor absoluto”. Posteriormente, isto o leva a duplicar sua totalidade na forma do despertar de baixo.

 

A propósito, eu esclarecerei para você o significado da Tzedaká (1) para os pobres, que é tão louvada no Zohar, nos Tikunim e pelos nossos sábios: Há um órgão no homem com o qual é proibido trabalhar. Mesmo se o menor dos menores desejos para trabalhar com ele ainda exista no homem, este órgão permanece aflito e ferido pelo Criador. Ele é chamado “pobre”, pois todo seu sustento e provisão são pelos outros trabalhando por ele e se compadecendo dele. Este é o significado das palavras “Qualquer um que sustente uma única alma de Israel, é como se ele sustentasse um mundo inteiro”. Visto que o órgão depende dos outros, não há nada além do seu próprio sustento. E, ainda, o Criador considera como se ele sustentasse o mundo inteiro, que isso em si é toda a benção do mundo e tudo nele, multiplicado e completado somente pela força daquela pobre alma, a qual é sustentada pelo trabalho dos outros órgãos.


Este é o significado de “E Ele o levou para fora e disse, ‘Olha agora para os céus...’ E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça” (Gênesis 15:5-6). Isto é, levando-o para fora, havia mais desejo de trabalhar com este órgão; é por isso que Ele proibiu o trabalho.

 

Foi dito: “Olha agora para os céus”. Ao mesmo tempo, ele recebeu a promessa da benção da semente. Estes são equivalentes aos dois opostos nos mesmos assuntos, visto que toda a sua descendência, que está para ser abençoada, necessariamente vêm desse órgão. Deste modo, quando ele não está trabalhando, como ele irá encontrar a semente? Este é o significado de “ E creu ele no Senhor”, ou seja, que ele aceitou aquelas duas recepções como elas eram, tanto a completa proibição no trabalho, quanto a promessa da benção da semente.

 

E como ele as recebeu? É por isto que ele conclui: “E [ele] imputou-lhe isto por justiça”, ou seja, como a forma da Tzedaká para um [indivíduo] pobre que é sustentado pelo trabalho de outros.

 

Este é o significado dos dois ditados de nossos sábios: Um [indivíduo] pensou que o Criador o trataria com justiça, ou seja, manter e sustentá-lo sem trabalho e outro pensou que Avraham agiria com justiça para com o Criador. Ambas são palavras de amor a Deus, pois antes da correção, aquele órgão está nos Céus, e a Tzedaká é contada para o mais inferior. No Gmar HaTikun (Fim da Correção) é atingível, e então a doação para a Tzedaká é contabilizada para o mais elevado. Saiba e santifique, pois isto é verdade.

 

(Nota do tradutor: Tzedaká é comumente traduzida como caridade, mas vem da palavra hebraica Tzedek (Justiça) ligada a palavra Tzadik (justo) como um adjetivo, significando, assim, atos de justiça).

 

Yehuda Leib

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