segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Shamati (105)

  

105. Um discípulo sábio e bastardo precede um Sumo Sacerdote comum
(Ouvi em 15 de Cheshvan, Tav-Shin-Hey, 1º de novembro de 1944, Tel-Aviv)

 

Um discípulo sábio e bastardo precede um Sumo Sacerdote comum.”

 

Um bastardo significa um deus estrangeiro, cruel. Isso se refere à ilegitimidade. Quando o indivíduo viola a proibição de se voltar a outros deuses, eles geram dele um bastardo.

 

Voltar-se a outros deuses significa que copula com a Sitra Achra (Outro Lado), que é desnuda. A respeito disso é dito: “Aquele que se aproxima da desnuda e engendra bastardo dela”.

 

A regra dos patrões é oposta à visão da Torá. Assim, há uma disputa entre plebeus e discípulos sábios. E aqui há uma grande diferença se a pessoa gerou o bastardo. Um discípulo sábio afirma que também isso vem do Criador, e que Ele é o causante dessa nova forma que é o bastardo.

 

O perverso, no entanto, diz que é apenas um pensamento invasivo que chegou devido a um pecado, e ele não precisa de nada além do que corrigir seus pecados.

 

Um discípulo sábio, porém, tem a força para acreditar que também isso, ou seja, a sua forma presente, precisa ser vista em sua essência verdadeira. Ao mesmo tempo, ele deve tomar sobre si o fardo do Reino dos Céus ao ponto da devoção.

 

Isso significa que também sobre o que é considerado de pouca importância, o mais baixo e mais oculto, ainda assim, em tal momento, deve ser atribuído ao Criador, pois o Criador criou nele tal imagem da Providência, chamada “Pensamentos Invasivos”. E ele trabalha acima da razão em algo tão pequeno, como se tivesse grande Daat (Conhecimento) na Kedushá (Santidade).

 

E um grande sacerdote é aquele que serve ao Criador por meio de “E eles são muitos” ou seja, eles têm muita Torá e muitas Mitzvot e não lhes falta nada. Assim, se o indivíduo se conecta e aceita certo grau de ordem no trabalho, a regra indica que um bastardo que seja um discípulo sábio vem primeiro. Isso quer dizer que a pessoa aceita a bastardia na forma de um discípulo sábio.

 

 “Sábio” é o nome do Criador. Seu discípulo é aquele que aprende do Criador. Apenas um discípulo sábio pode dizer que tudo, todas as formas que lhe aparecem durante o trabalho, apareceram por que “porque vieram do Criador”.

 

Mas um sacerdote comum, apesar de servir ao Criador e ser excelente na Torá e no Trabalho, não foi recompensado com “Aprender da boca do Criador”, e este ainda não é considerado um “Discípulo sábio”.

 

Portanto, esse estado não pode ajudá-lo de maneira alguma a alcançar a verdadeira perfeição, já que é regido pela regra dos patrões, e a regra da Torá é somente aquela que se aprende da boca do Criador. Somente um discípulo sábio conhece a verdade, que o Criador é o causante de todas questões.

 

Agora podemos entender as palavras dos nossos sábios. “O rabino Shimon ben Menasia estava estudando todo o Etin (“o”, na forma plural) na Torá”. Et significa inclusão. Isso significa que todos os dias ele adicionava Torá e Mitzvot mais do que no dia anterior. E mais tarde ele alcançou o estado de “Temerás o Senhor teu Deus”, que implica que não pode mais seguir incrementando. Chegou a um ponto em que não conseguia acrescentar mais nada e chegava, Deus não o permita, ao conbtrário.

 

E o Rashi fez a seguinte interpretação: “Ben Menasia sugere que compreendeu Menusá (Fuga), que significa fugir e se retirar do labor. Também Ben[1] Haamsuny compreendeu a Verdade, e a forma que a Verdade tem, e ele permanecia em guarda e não podia avançar até que o rabino Akiva viesse e explicasse Et (o), incluindo os sábios discípulos. Isso significa que é possível receber alguma ajuda através da adesão com discípulos sábios.

 

Em outras palavras, apenas um discípulo sábio pode te ajudar, e nada mais. Mesmo se o indivíduo for excelente em Torá, ele ainda será chamado “Um comum” se não tiver sido recompensado com aprender da boca do Criador.

 

Portanto, o indivíduo deve se render perante um discípulo sábio e aceitar que o discípulo sábio lhe acrescente, sem discutir e acima da razão.

 

Daí que “Sua medida seja maior que a terra” (Jó 11:9). Isso significa que a Torá começa depois da terra. Ou seja, se é maior que a terra, então há uma regra de que nada pode começar no meio. Portanto, se o indivíduo quer começar, o começo é depois da terra, depois do mundanismo (E esse é o significado de “Um Sumo Sacerdote comum”, no sentido de que mesmo se o trabalho do indivíduo é nobre, ele ainda estará no mundanismo caso não tenha recebido a luz da Torá).

 

Atingir Lishmá (Em Seu nome) requer aprender muito em Lo Lishmá (Não em Seu nome). Isso significa que o indivíduo deveria se esforçar e exercer Lo Lishmá, e então poderá enxergar a Verdade de que ele ainda não foi premiado com Lishmá. No entanto, quando o indivíduo não quer se esforçar com grandes empenhos ele não consegue enxergar a Verdade.

 

Em outra ocasião, ele disse que o homem deveria estudar muita Torá Lishmá a fim de ser recompensado com a visão da Verdade: de que está trabalhando em Lo Lishmá. O trabalho Lishmá é considerado Recompensa e Castigo, o qual é considerado Malchut. E a Torá Lo Lishmá é considerada ZA, considerado Providência Particular.

 

É por isso que os reis de Israel, todos os quais foram premiados com Providência Particular, não tinham nada mais a fazer, pois não tinham nada a acrescentar. É por isso que nossos sábios disseram “Um rei de Israel não julga nem é julgado”. Assim, eles não têm lugar nenhum no próximo mundo pois que vêem que o Criador faz tudo eles não fazem nada.

 

Esse é o significado de Izevel (Jezebel), esposa de Ahav. Eles interpretaram que a sua esposa discutiu, Ei Zevel (Onde há rejeição), no sentido de “Onde há rejeição no mundo?” Ela viu que tudo era bom. E Ah Av (Ahav) significa que ele era Ah (Irmão) do Av (Pai) no Céu. Mas os reis da casa de Davi são julgados porque os reis da casa de Davi tinham o poder de unir o Criador e a Sua Shechiná (Divindade), apesar de serem mutualmente contraditórios, pois a Providência é oposta ao discernimento de Recompensa e Castigo.

 

Esse é o poder dos grandes justos, pois eles podem unir o Criador à Shechiná, ou seja, a Providência Particular com Recompensa e Castigo. E justamente a partir dos dois emerge a perfeição completa e desejável.

 



[1] Em hebraico, Ben (filho) tem a mesma raiz que Mevin (entendimento).

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