sábado, 14 de janeiro de 2023

Shamati (108)

  

108. Se você me deixar por um dia, eu te deixarei por dois

(Ouvi em 1943, Tav-Shin-Gimel, Jerusalém)

 

Toda pessoa se encontra afastada do Criador por causa do seu desejo de receber. Essa é a única coisa que a mantém distante Dele. Contudo, como a pessoa não anseia pela espiritualidade, mas pelos prazeres mundanos, a sua distância do Criador é “de um dia”, ou seja, a distância de um dia, o que significa que está afastada Dele em apenas um aspecto: Por estar imersa no desejo de receber os desejos deste mundo.

 

No entanto, quando uma pessoa se aproxima do Criador e recusa a recepção neste mundo ela é considerada próxima ao Criador. Mas, se depois, ela falha na recepção do próximo mundo, então está afastada do Criador porque quer receber os prazeres do próximo mundo, e também cai na recepção dos prazeres deste mundo. Assim, ela se torna distante do Criador por dois dias: 1) Ao receber prazeres deste mundo, ao qual caiu novamente; e 2) Quando tem o desejo de receber a Coroa do próximo mundo. Isso é assim porque, ao se envolver com Torá e Mitzvot, a pessoa força o Criador a lhe recompensar pelo seu trabalho na Torá e nas Mitzvot.

 

Acontece que, no início, caminhou um dia e se aproximou de servir ao Criador, e depois andou para trás por dois dias. Assim, agora, essa pessoa se tornou necessitada de dois tipos de recepção: 1) Deste mundo, 2) Do próximo mundo. Portanto, ela passou a caminhar no estado oposto.

 

O conselho para isso é ir sempre pelo Caminho da Torá, o qual significa doação. A ordem deveria ser que primeiro a pessoa deveria ter cuidado com as duas bases: 1) O cumprimento da Mitzvá; 2) A sensação de prazer a partir da Mitzvá. A pessoa deveria acreditar que o Criador obtém prazer quando guardamos os Seus mandamentos.

 

Portanto, a pessoa deveria sempre guardar a Mitzvá na prática, e acreditar que o Criador obtém prazer quando o inferior guarda Suas Mitzvot. Nisso não há diferença entre uma grande Mitzvá e uma pequena Mitzvá. Ou seja, o Criador obtém prazer mesmo dos menores atos que são feitos por Ele.

 

Depois, há um resultado, o qual é o principal objetivo que se deveria perseguir. Em outras palavras, uma pessoa deveria sentir deleite e prazer por causar contentamento ao seu Fazedor. Essa é a principal ênfase do Trabalho, e isso é chamado “Servir ao Criador com alegria”. Essa deveria ser a recompensa pelo trabalho de alguém, receber deleite e prazer por ter sido recompensado com deleitar o Criador.

 

Esse é o significado de “O peregrino que está no meio de ti se elevará acima de ti, muito acima… Ele te emprestará e tu não lhe emprestarás” (Deuteronômio 28:43-4). O “estrangeiro” é o desejo de receber (quando se começa a servir ao Criador, o desejo de receber é chamado “estrangeiro”. E, antes disso, é um gentio completo).

 

Ele te emprestará.” Quando ele dá força para trabalhar, ele dá a força por meio de empréstimo. Isso significa que quando se passa um dia de Torá e Mitzvot, apesar de não recebido instantaneamente a recompensa, “o estrangeiro” ainda acredita que, depois, ele pagará pelos poderes concedidos pelo Trabalho.

 

Por isso, após o Dia de Trabalho, o desejo de receber vem ao indivíduo e pede pela dívida prometida, a recompensa pelos poderes que o corpo lhe deu a fim de se envolver com a Torá e as Mitzvot. Mas o indivíduo não concede e então o “estrangeiro” chora: “O que é esse trabalho? Trabalhar sem recompensa?” Por isso, mais tarde, o “estrangeiro” não quer dar a Israel a força para trabalhar.

 

E tu não lhe emprestarás.” Se tu o alimentares e pedires que ele te dê força para trabalhar, então ele diz que não tem nenhuma dívida a te pagar pela comida que estás oferecendo, já que “Anteriormente, eu te dei força para o trabalho sob a condição que tu me comprasses posses. Assim, o que estás me dando agora é inteiramente de acordo com a condição prévia. Portanto, agora vens a mim para te dar mais força para o trabalho, para que tu me tragas novas posses?”

 

Assim, o desejo de receber se tornou esperto e usa a esperteza para calcular a lucratividade da questão. Às vezes, ele diz que se contenta com pouco, que suas posses são o suficiente, então ele não quer dar força ao indivíduo. E, às vezes, ele diz que o caminho que o indivíduo está tomando é perigoso, e que talvez seus esforços sejam em vão. às vezes, ele diz que o esforço é maior que a recompense e, portanto, “eu não darei força para o trabalho”.

 

Então, quando o indivíduo pede força para andar no Caminho do Criador, a fim de doar, e que tudo seja apenas para aumentar a Glória dos Céus, o “estrangeiro” diz: “O que eu vou ganhar com isso?” Então ele vem com os famosos argumentos, tais como “Quem” e “O quê”, no sentido de “Quem é o Eterno para que eu escute a Sua voz?” (Êxodo 5:2), como argumentou o Faraó, ou “O que é esse trabalho para você?”, o argumento dos perversos.

 

Tudo isso é porque ele tem um argumento justo, de que esse era o acordo firmado entre eles. E isso é chamado “Se não ouvires a voz do Eterno” (Deuteronômio 28:15), e então ele reclama porque as condições não foram mantidas.

 

Mas quando se obedece à voz do Criador logo na entrada (entrada é algo constante, porque sempre que há uma queda é preciso recomeçar. É por isso que é chamada uma “entrada”. Naturalmente, há muitas saídas e muitas entradas), o indivíduo diz ao seu corpo: “Saiba que eu quero começar a servir ao Criador e a minha intenção é apenas doar, e não receber qualquer recompensa. Não deves esperar que vá receber qualquer coisa pelos teus esforços, pois é tudo a fim de doar.”

 

E se o corpo pergunta: “Qual é o seu benefício a partir desse trabalho?”, ou seja, “Quem é o beneficiário desse trabalho pelo qual quero me esforçar e labutar?” Ou ele pergunta de forma mais simples, “Por quem estou trabalhando tanto?” A resposta deveria ser: “Eu tenho fé nos sábios, e eles disseram que eu deveria acreditar na fé abstrata, acima da razão, pois o Criador assim nos ordenou, a tomar sobre nós a fé, pois Ele nos ordenou a guardar a Torá e as Mitzvot. E devemos também acreditar que o Criador recebe prazer quando guardamos a Torá e as Mitzvot com fé acima da razão. Além disso, um indivíduo deveria se alegrar com o prazer do Criador a partir do seu trabalho.”

 

Portanto, há quatro coisas aqui:

 

1. Acreditar nos sábios, que é verdade o que disseram.

 

2. Acreditar que o Criador ordenou o envolvimento com a Torá e as Mitzvot apenas através da fé acima da razão.

 

3. Há contentamento quando as criaturas guardam a Torá e as Mitzvot com base na fé.

 

4. O indivíduo deveria receber deleite, prazer e alegria por ter sido recompensado com agradar ao Rei. E a medida da grandeza e da importância do trabalho do homem é mensurada pela medida de contentamento que recebe durante o seu trabalho. Isso depende da medida de fé com que ele acredita no Superior.

 

Assim, quando se obedece à voz do Criador, todos os poderes recebidos do corpo não são considerados recebimento de um empréstimo que deva ser devolvido, isto é, a modo de “se não ouvires a voz do Eterno. E se o corpo reclamar: “Por que eu deveria dar força para o trabalho quando não me prometes nada em troca?”, o indivíduo deveria responder: “Porque é para isso que foste criado. O que posso fazer se o Criador te odeia, como está escrito no santo Zohar, que o Criador odeia os corpos.”

 

Por outro lado, quando o Zohar diz que o Criador odeia os corpos, refere-se especificamente aos corpos dos servos do Criador, pois ele querem ser eternos receptores, assim como querem receber também a Coroa do próximo mundo.

 

E isso é considerado “E tu não lhe emprestarás.” Isso significa que não precisas dar nada pela força que o corpo te deu para o trabalho. Mas se tomares emprestado, se deres a ele qualquer prazer, será apenas como um empréstimo, e ele te dará força para o trabalho, mas não de graça.

 

Ele deve sempre dar força para o trabalho, de graça. Não dês a ele qualquer prazer e sempre demandes dele força para o trabalho, pois “O devedor é servo do credor.” Assim, ele será sempre o servo e tu serás o mestre.

 

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