1. Não
existe ninguém além Dele
(Eu escutei durante a Parashat Itró, em 1 de fevereiro de
1944)
(Tradução de CK)
Está escrito: “Não existe ninguém além Dele”. Isto
significa que não existe nenhum outro poder no mundo capaz de se opor ao
Criador. E a razão pela qual o homem vê que no mundo existem coisas e poderes
que negam Seu Poder Absoluto deve-se, unicamente, a que o Criador assim o
deseja. E este modo de correção se chama “a mão esquerda rejeita e a direita
aproxima”. Isto é, aquilo que a esquerda rejeita é considerado uma correção.
Isto significa que existem, no mundo, coisas que, desde o princípio, têm a
finalidade de desviar o homem do caminho correto, por meio das quais ele é
rejeitado da Kedushá (Santidade).
O benefício dessas rejeições consiste em que, por meio
delas, a pessoa recebe uma necessidade e um desejo completo de que o Criador
lhe ajude, pois vê que de outra forma estaria perdida. A pessoa não só não
progride em seu trabalho, mas regride, isto é, faltam-lhe forças para observar
a Torá e as Mitzvot, inclusive em Lo
Lishmá (não em benefício Dele). Somente superando todos os obstáculos
de maneira genuína, acima da razão, pode-se observar-se a Torá e as Mitzvot.
Porém, nem sempre a pessoa possui a força necessária para elevar-se acima da
razão, mas, ao contrário, encontra-se forçada a desviar-se da senda do Criador,
Deus não o queira, ainda que em Lo Lishmá.
Aquele que sempre sente que os fragmentos são maiores que
o todo, isto é, que existem muito mais descensos que ascensos, e que não vê um fim
para esses estados, pensa que permanecerá para sempre à margem da Santidade,
pois sente que lhe é demasiado difícil observar até mesmo uma vírgula da Torá, a
menos que possa transcender acima da razão, mas nem sempre é capaz de
consegui-lo.
Qual será o propósito de tudo isto?
É que, assim, ele chega a um momento em que finalmente
compreende que ninguém pode ajudá-lo, exceto o próprio Criador. Isto leva a
pessoa a fazer um sincero pedido para que o Criador lhe abra os olhos e o
coração, de tal forma que consiga fazer a Dvekut. Disto se deduz
que todas as rejeições que havia sentido provinham do próprio Criador. Isto
significa que os descensos não foram motivados por falhas suas, ou porque ele
não tivesse capacidade de sobrepor-se aos obstáculos. Ao contrário, às pessoas
que verdadeiramente desejam acercar-se do Criador, e que não se contentam com
ninharias, isto é, não permanecem sempre como crianças ignorantes, lhes será
enviada ajuda do Alto, para que não possam dizer: “Graças a Deus, tenho Torá, Mitzvot e
ações bondosas, por isso, o que mais posso necessitar?”
Somente a pessoa que possui um desejo sincero receberá
ajuda do Alto. E a essa pessoa constantemente se lhe será mostrado o quão
deficiente ainda é em seu atual estado. Isto significa que lhe serão enviados
pensamentos e opiniões que estão em completa oposição a esse trabalho. A
finalidade disso é fazê-la ver que não está unida ao Criador. E na medida em
que consegue sobrepor-se a isso, acaba vendo sempre que se encontra ainda mais
distante da Santidade que os demais, que se sentem unidos a Hashem.
Como sabemos, o ser humano sempre tem queixas e
reclamações, e não consegue justificar o comportamento do Criador, e muito
menos como Ele se comparta com respeito à própria pessoa. Por que não se sente
unido ao Criador? No limite, chega a sentir que não participa da Santidade de
forma alguma. Embora, às vezes, em algumas ocasiões, a pessoa receba um
despertar do Alto, que a ajuda a reviver momentaneamente. Em seguida, volta a
cair ainda mais profundamente. No entanto, isto é o que a leva a descobrir que
somente o Criador pode ajudá-la a acercar-se Dele. O homem deve sempre tratar
de aferrar-se ao Criador. Isto significa que todos os seus pensamentos devem
orientar-se para Ele, e mesmo que se encontre no pior estado, um estado do qual
não se pode imaginar descenso maior, não deve abandonar Seu domínio. Isto é,
não deve conceber que exista outra autoridade que lhe esteja impedindo de
entrar na Santidade, e que seja capaz de causar-lhe benefício ou qualquer dano.
Isto significa que não deve pensar que existe a força da Sitra
Achra impedindo-o de executar boas ações e seguir a senda de Deus. Ao
contrário, tudo é levado a cabo pelo Criador. Baal Shem Tov dizia que aquele
que sustenta a existência de outra força no mundo, isto é, as klipot (cascas),
encontra-se no estado de “servir a outros deuses”. Não é necessariamente o
pensamento herético o responsável pela transgressão. Porém, se ele crê que
existe alguma outra autoridade e força além do Criador, desta forma já está
cometendo um pecado. Mais ainda, aquele que sustenta que o homem é dono de sua
própria autoridade e que afirma que foi ele mesmo quem ontem não desejou seguir
a senda do Criador, também ele está cometendo uma heresia. Isto se dá porque
ele não acredita que seja somente o Criador quem guia o mundo.
Sem dúvida, quando comete um pecado, certamente deve
arrepender-se e lamentar-se por havê-lo cometido. Mas também aqui devemos
colocar a dor e o sofrimento no lugar que se lhes corresponde, isto é, onde se
encontra a causa desse pecado? Porque este é o ponto que se deve lamentar.
Então, a pessoa deve arrepender-se e dizer: “Cometi esse pecado porque o
Criador me arrojou da Santidade a um lugar de imundície, a uma latrina, a um
lugar de sujeira”. Isto significa que o Criador lhe deu um desejo e um anelo
para divertir-se e respirar o ar de um lugar pestilento.
(Aqui poderia se afirmar, como está escrito nos livros,
que, às vezes, a pessoa encarna num porco. Devemos interpretar isto, como ele
disse, entendendo que alguém recebe um desejo e um anelo de extrair vida
daquelas coisas que considerava previamente como meros dejetos, mas agora
deseja nutrir-se por meio delas).
Além disso, quando alguém sente que chegou a um estado de
ascenso, e percebe bom sabor no trabalho, não deve dizer: “Agora encontro-me
num estado no qual compreendo que vale a pena adorar o Criador”. Por outro
lado, deve saber que nesse momento foi favorecido pelo Criador, e, portanto,
Ele o acercou mais de Dele Mesmo, e esta é a razão pela qual, nesse momento,
percebe bom sabor no trabalho. E deve se cuidar de não abandonar o domínio da
Santidade, afirmando que exista alguém mais que esteja operando além do próprio
Criador.
(Isto significa que ser favorecido pelo Criador, ao
contrário, não depende da pessoa mesma, senão somente do Criador. E o homem,
com sua mente externa, não pode compreender porque razão o Senhor o favoreceu
nesse momento e não em outros).
Do mesmo modo, quando se lamenta de que o Criador não se
acerca dele, também deve cuidar em que sentido lamenta esse distanciamento do
Criador. Porque se o faz pensando em seu benefício pessoal, então, estaria se
convertendo num receptor para si mesmo, para seu próprio benefício; e quem
recebe está separado Dele. Ao contrário, deveria lamentar o exílio da Shekinat,
pelo fato de estar causando aflição à Divindade.
Vejamos um exemplo. Um pequeno órgão de uma pessoa está
dolorido. Certamente, essa dor é percebida, basicamente, na mente e no coração.
O coração e a mente representam a totalidade do homem. E, logicamente, a
sensação de um só órgão não pode ser equivalente a toda a sensação de dor de
uma pessoa, que sente a maior parte da dor.
Assim é a dor que o homem sente por estar afastado do
Criador, já que o homem não é mais que um órgão particular da Divina Shekinat,
pois esta é a alma de Israel em sua totalidade. Portanto, a dor particular não
se assemelha ao grau de dor geral. Isto significa que existe aflição na Shekinat quando
os órgãos estão apartados Dela, e quando Ela não pode sustentá-los.
(E poderíamos dizer que este é o significado do que
disseram nossos sábios: “Quando um homem se arrepende, o que é o que diz a
Shekinat? É mais leve do que a minha cabeça).
E se o homem não vincula a si mesmo o sofrimento por
estar afastado do Criador, salva a si mesmo de cair no engano do desejo de
receber “para si mesmo”, que é considerado “separação da Santidade”.
O mesmo acontece quando alguém sente certa aproximação do
estado de Santidade. Ou seja, quando sente alegria por ter sido favorecido pelo
Criador. Também então a pessoa deve afirmar que seu prazer se deve,
principalmente, a que agora existe deleite Acima, na Sagrada Shekinat,
porque esse pequeno órgão particular conseguiu acercar-se Dela, ao invés de
afastar-se de Seu lado. E assim a pessoa obtém alegria do fato de ser
recompensada com o poder de deleitar a Divindade. Isto está em concordância com
o cálculo superior que diz que quando há deleite para o individual é apenas uma
parte do deleite do total. Através desses cálculos, a pessoa perde sua
individualidade e evita ser aprisionada pela Sitra Achra, que é o
desejo de receber “em benefício próprio”.
Sem dúvida, o desejo de receber é necessário, pois dele
está composto o homem em sua totalidade. Isto se deve a que qualquer coisa que exista
numa pessoa, aparte o desejo de receber, não pertence à criatura, senão que se
lhe atribui ao Criador. Porém, o desejo de receber prazer deve ser corrigido,
transformando-se em doação. Isto significa que o prazer e o deleite que o
desejo de receber consegue devem corresponder à intenção de brindar deleite
Acima cada vez que a criatura sinta prazer, posto que este foi o propósito da
Criação: beneficiar às Suas criaturas. E a isto se chama “o deleite da Shekinat Acima”.
Por essa razão, a pessoa deve encontrar instrução de como
causar deleite Acima. E, certamente, se alguém recebe prazer, também Acima se
sentirá contentamento e satisfação. Por isso, deseja estar sempre dentro do
Palácio do Rei, e ser capaz de brincar com os tesouros do Rei. Isto, também,
por suposto, provocará contentamento e satisfação Acima. Disto se depreende que
todo o anelo deve estar orientado exclusivamente ao Criador e ao Seu deleite.
2. A Shechinah no Exílio
(Eu escutei em 1942)
(Tradução de Clarissa Porto Alegre Schmidt)
O Zohar Sagrado diz: “Ele é Shochen (Morador)
e Ela é Shechinah (Divindade)”. Assim devemos interpretar
essas palavras: É sabido que não há transformação alguma relativamente à Luz
Superior (ela não muda). Assim está escrito: “Eu, o Senhor, não mudo”. Todos os
nomes e denominações dizem respeito somente aos Kelim (vasos), que consistem
no desejo de receber incluído em Malchut, a raiz da Criação.
Desde lá, ele desce até nosso mundo, até as criaturas.
Todos esses discernimentos, começando com Malchut,
que é a raiz da criação dos mundos, até as criaturas, é denominado Shechinah.
O Tikkun (correção) geral
ocorrerá quando a Luz Superior brilhar nelas, nas criaturas, em plenitude e
perfeição.
A
Luz que brilha nos vasos se chama Shochen, e os vasos
geralmente são chamados Shechinah. Em outras palavras, a Luz reside dentro da
Shechinah. Isto quer dizer
que a Luz é chamada Shochen, porque está dentro dos vasos; ou
seja, que a totalidade (ou o conjunto) dos Kelim se
chama Shechinah.
O tempo que precede o brilho da Luz nos Kelim em
absoluta plenitude se chama "Tempo de Correções". Isto
significa que realizamos correções para que a Luz possa brilhar plenamente
dentro dos vasos. Antes disto, esse estado é chamado "Divindade no Exílio".
Isso
significa que ainda não há perfeição nos Mundos Superiores. Abaixo, nesse
mundo, deve existir um estado através do qual a Luz Superior se encontra dentro
do desejo de receber. Este Tikkun é considerado “receber com o fim de
doar”. Entretanto, o desejo de receber é
preenchido de discernimentos desprezíveis e inúteis, que não honram aos Céus.
Isto significa que o lugar em que o coração deveria ser um Tabernáculo para a
Luz de Deus, se converte em um espaço de desperdícios e de sujeira. Em outras palavras,
a vilania toma conta de todo o coração.
Isto se chama "Divindade no pó".
Significa que ela é rebaixada ao nível do chão, e que todos desprezam tudo o
que é relativo à Santidade, e que não existe nenhum desejo de retirá-la do pó.
Ao invés disso, eles escolhem coisas desprezíveis, e isto gera tristeza à Shechina,
porque a pessoa não constrói um lugar no coração que possa ser convertido em um
Tabernáculo para a Luz Divina.
3. A questão do recebimento espiritual
(Eu escutei)
(Tradução de Charles Kiefer)
Logramos discernir muitos graus e aspectos diferentes nos
Mundos Superiores. Devemos compreender que tudo o que se refere a graus e
discernimentos trata apenas dos recebimentos das almas com respeito
àquilo que elas recebem desses Mundos. Isto segue a regra de Aquilo que
nós não alcançamos, não conhecemos por nome algum. Isto se deve a que a
palavra nome indica um attainment, como ocorre com
a pessoa que nomeia algum objeto depois de haver discernido sobre ele, de
acordo com seu próprio entendimento. Enfim, a realidade em geral divide-se em
três discernimentos sobre a questão do recebimento espiritual:
1. Atzmuto (Sua Essência)
2. Ein Sof (Infinito)
3. Neshamot (almas)
* * *
1. De forma alguma discutimos o Atzmuto.
Isto porque a raiz e o berço das criaturas começam no Pensamento da
Criação, onde elas estão incorporadas, tal como está escrito: “A culminação
de um ato se encontra no seu pensamento inicial”.
2. Ein Sof está relacionado com
o Pensamento da Criação, que é “Seu desejo de fazer o bem as Suas
criaturas”. Isto é considerado Ein Sof, e esta é a conexão que
existe entre Atzmuto e as almas. Percebemos essa conexão
sob a forma de “o Seu desejo de deleitar as suas criaturas”. Ein
Sof é o começo. Chama-se “uma Luz sem Kli”. Não
obstante, aqui se encontra a raiz das criaturas, que é a conexão entre o
Criador e as criaturas, e que chamamos de “Seu desejo de fazer o bem às Suas
criaturas”. Este desejo começa no mundo de Ein Sof e
estende-se até o mundo de Assiyá, o nosso mundo.
3. As Neshamot (almas), que são as
receptoras do bem que Ele deseja brindar.
***
Ele recebe o nome Ein Sof, porque essa é a
conexão entre Atzmuto e as almas, a qual percebemos como “Seu
desejo de fazer o bem às Suas criaturas”. Não temos expressão alguma para isso,
exceto para essa conexão do desejo de desfrutar, e este é o começo desse
vínculo chamado “Luz sem Kli”. E assim começa a raiz das criaturas;
ou seja, a conexão entre o Criador e as criaturas, e que chamamos de “Seu
desejo de fazer o bem as Suas criaturas”. Este desejo nasce no mundo de Ein
Sof e se estende até o mundo de Assiyá.
Todos os mundos em si são considerados Luz sem Kli.
Nesse sentido, não há nome nenhum para eles. São discernidos como Atzmuto,
e neles não há recebimento.
Não pensemos que ali é possível captar muitos aspectos.
Isto se deve a que esses discernimentos se encontram em potência. No entanto,
assim que as almas chegam, esses discernimentos se manifestam nas almas que
recebem as Luzes Superiores, conforme o que elas tenham arranjado e corrigido. Assim, as almas poderão
receber, cada uma conforme a sua própria capacidade e qualificação.
Então, esses discernimentos se revelam de fato. Contudo,
enquanto as almas não alcancem a Luz Superior os Mundos seguirão sendo
considerados Atzmuto. Os Mundos são considerados Ein Sof,
com respeito às almas que recebem dos Mundos. A razão disto é que tal conexão
entre os Mundos e as almas, isto é, o que os Mundos dão às almas provém
do Pensamento da Criação, que vem a ser a correlação entre as almas
e Atzmuto. Esta conexão chama-se Ein Sof. Quando
rezamos ao Criador, e lhe solicitamos que nos ajude, dando-nos o que desejamos,
nos dirigimos ao nível de Ein Sof. Ali se encontra a raiz das
criaturas, que busca distribuir-lhes prazer e deleite, o que chamamos de “Seu
desejo de fazer o bem as Suas criaturas”.
A oração é dirigida ao Criador que nos criou, e Seu Nome
é “Seu desejo de fazer o bem as Suas criaturas”. Ele é chamado de Ein
Sof porque se refere ao que antecede ao Tzimtzum (restrição).
E ainda depois da restrição não ocorre nenhuma mudança Nele, posto que a Luz é
imutável e Ele sempre conserva Seu Nome. A proliferação de Nomes se dá somente com respeito
a quem recebe. Por isso, o primeiro Nome que se revelou, e que para as
criaturas, representa a raiz, foi Ein Sof. E esse Nome permanece
inalterado. Todas as restrições e mudanças sucedem unicamente com respeito a
quem recebe, e Ele sempre resplandece no primeiro nome, que é Seu
desejo infinito de fazer o bem as Suas criaturas.
Por tal motivo rezamos ao Criador, chamado Ein
Sof, que ilumina sem restrição alguma e sem fim. E o que depois se converte
no fim estriba nas correções para os receptores, com o propósito de que possam
receber Sua Luz.
A Luz Superior consiste em dois discernimentos: a pessoa
que recebe e o recebido. Tudo o que dizemos a respeito da Luz Superior se
refere somente à forma como a pessoa que recebe se impressiona com o que
recebeu. Obviamente,
nem a pessoa nem o recebido recebem por si só o nome de Ein Sof.
Por outro lado, o recebido se denomina Atzmuto, e o sujeito da
recepção se denomina “alma”, sendo esse um novo discernimento que é parte do
todo. É novo no que diz respeito a que o desejo de receber está impresso ali.
E, nesse sentido, a criação recebe o nome de “existência a partir da ausência”.
Todos os Mundos em si são considerados uma unidade
simples, e não há alteração na Santidade. Isto é o que significa “Eu, o Senhor,
não mudo”.
Não há Sefirot nem Bechinot (discernimentos)
de nenhuma índole na Santidade. Nem mesmo os Nomes mais puros se referem à Luz
em si, já que esta é um discernimento de Atzmuto, onde não há attainment. Por outro lado, todas
as Sefirot e todos os discernimentos tratam somente daquilo que a pessoa
percebe neles. Isto é assim porque o Criador quis que alcançássemos
e que compreendêssemos
a abundância como Seu desejo de fazer o bem às Suas criaturas.
Para que pudéssemos alcançar aquilo que Ele havia
desejado que alcançássemos e que compreendêssemos como é o Seu desejo
de fazer o bem às Suas criaturas, Ele nos criou e nos conferiu os cinco sentidos, e
esses sentidos obtém suas impressões da Luz Superior. Em conseqüência disso, recebemos muitos
discernimentos, posto que o sentido geral chama-se “o desejo de receber”, e se
divide em muitos aspectos, conforme a medida que os receptores sejam capazes de
receber. Deste modo,
encontramos muitas divisões e detalhes chamados ascensos e descensos, expansão,
partida e etc. Devido a que o desejo de receber se denomina “criatura” e um
“novo discernimento”, a palavra começa precisamente no lugar onde o desejo de
receber começa a receber as impressões. A fala representa discernimentos,
partes das impressões, pois aqui já existe uma correlação entre a Luz Superior
e o desejo de receber. Isto se chama Luz e Kli. No entanto, não
existe definição nem nome a respeito da Luz sem Kli, já que uma Luz
que não seja alcançada por um receptor é considerada Atzmuto, sobre
o qual é proibida qualquer declaração, posto que é inalcançável. Como poderíamos
nomear e definir aquilo que não conseguimos alcançar?
Disto aprendemos que quando oramos para que o Criador nos
envie salvação, cura e etc. há duas coisas que devemos distinguir:
1) O Criador;
2) Aquilo que provém Dele.
Sobre o primeiro discernimento, considerado Atzmuto,
fica proibida toda e qualquer declaração, como acabamos de mencionar. No
segundo discernimento, aquilo que provém Dele e que é considerado a Luz que se
expande dentro de nossos vasos, isto é, dentro de nosso desejo de receber, é o
que chamamos de Ein Sof. Representa a conexão do Criador com as
criaturas, o que significa “Seu desejo de fazer o bem às Suas criaturas”. O desejo de receber é
considerado como a Luz em expansão que finalmente alcança o desejo de
receber. Quando o desejo de receber capta a Luz em expansão, esta adota o
nome de Ein Sof. Chega aos receptores através de muitos véus, para que
estes possam ser recebidos pelo inferior. Disso resulta que todos os
discernimentos e todas as mudanças são levados a cabo especificamente no
receptor, segundo o receptor se impressione com elas. Não obstante, devemos
entender a matéria sobre a qual estamos falando. Quando falamos de
discernimentos nos Mundos, referimo-nos a discernimentos potenciais. E quando o
receptor alcança os ditos discernimentos, eles passam a ser discernimentos
propriamente ditos.
O recebimento espiritual se dá quando o sujeito do
recebimento e o alcançado se unem, já que sem um sujeito não pode existir forma
para alcançá-lo, dado que não haveria quem obtivesse a forma do recebido. Por
isso, este discernimento é considerado Atzmuto, a respeito do qual
não é possível declaração alguma. Então, como podemos dizer que o
alcançado tem sua própria forma? Só podemos falar se nossos
sentidos se impressionam com a Luz em expansão, que é “Seu desejo de fazer o
bem a Suas criaturas”, e que chega, de fato, às mãos dos receptores. De
forma similar, quando examinamos uma mesa, nosso sentido do tato a percebe como
algo duro. Também reconhecemos sua longitude e sua largura graças a nossos
sentidos. Sem dúvida, isso implica que a mesa se manifeste dessa mesma forma a
alguém que possua diferentes sentidos. Por exemplo: do ponto de vista de um
anjo, se ele examinasse a mesa a veria de acordo com seus próprios
sentidos. Portanto, não podemos determinar nenhuma forma a respeito do anjo, já
que desconhecemos os sentidos que ele possui. Assim, dado que não podemos
alcançar o Criador, é-nos impossível dizer que formas possuem os Mundos
vistos de Sua perspectiva. Somente podemos alcançar os Mundos de acordo
com os nossos próprios sentidos e sensações, já que esta foi Sua vontade para
que a alcançássemos dessa maneira. Este é o sentido de “Não existe alteração alguma na Luz”. Por
outro lado, todas as transformações ocorrem nos Kelim, isto é, nos
nossos sentidos, de onde as medimos segundo a nossa própria imaginação. Nós
medimos absolutamente tudo de acordo com nossa própria imaginação. Disto se
conclui que se muitas pessoas examinassem um mesmo objeto ou entidade
espiritual, cada um o compreenderia segundo a sua própria imaginação e
sentidos, percebendo-o, cada um, de um modo diferente. Além disso, numa pessoa, a forma
mudará conforme os seus próprios estados de ascensos e descensos, como já
explicamos antes, ao dizer que a Luz é Luz Simples, e que todas as
transformações e mudanças são levadas a cabo somente dentro de quem as recebe.
Oxalá a Luz nos seja concedida e que possamos seguir os
caminhos do Criador, e servir-Lhe, já não com o propósito de receber uma
recompensa em troca, mas com a finalidade de deleitá-Lo e assim elevar e
resgatar a Divindade do pó.
Oxalá nos seja concedida essa adesão com o Criador e
também a revelação de Sua Santidade às suas criaturas.
4. Qual a razão
para o peso que a pessoa sente quando se anula perante o Criador durante o
trabalho?
(Eu escutei em 12 de Shevat, 6
de fevereiro de 1944)
(Tradução de Clarissa Porto
Alegre Schmidt)
Devemos saber a razão do peso
que se sente quando se deseja trabalhar para anular o “eu” perante o Criador, e
a não preocupar-se com interesse próprio. Chega-se a um estado em que é como se
o mundo inteiro houvesse parado, e estivéssemos sozinhos; aparentemente fora
deste mundo, deixando de lado a família e amigos, com o propósito de anular-se
perante o Criador.
Há uma razão muito simples
para isto, e ela se chama “falta de fé”. Isto significa que não enxergamos
frente ao que estamos nos anulando; ou seja, não sentimos a existência do
Criador. Isto provoca peso.
Não obstante, quando começamos
a sentir a existência do Criador, a alma imediatamente deseja anular-se e
conectar-se com a raiz, para integrar-se como “uma vela no interior de uma
tocha”, sem nenhum discernimento mental ou racional. Mas isto ocorre de forma
natural, do mesmo modo que uma vela se anula diante de uma tocha.
Deste modo, conclui-se que a
essência do trabalho consiste somente em alcançar a sensação da existência do
Criador; ou seja, sentir a existência do Criador e que “toda a Terra está
repleta de Sua Glória”. Este será todo o trabalho. E que todo o vigor e esforço
empenhados sejam somente com o objetivo de alcançar essa sensação e com nenhuma
outra finalidade.
Não devemos nos confundir
pensando que teremos que obter algo. Pelo contrário, só existe uma coisa que é
necessária: a fé no Criador. Não se deve pensar em mais nada, o que quer dizer
que a única recompensa que se espera pelo trabalho é a fé no Criador.
É necessário que saibamos que
não existe diferença entre a pequena ou a grande luminosidade que podemos
alcançar. Isso se deve a que não ocorrem transformações na Luz. Pelo contrário,
todas as transformações ocorrem nos Kelim (vasos) que recebem
a abundância, como está escrito em “Eu, o Senhor, não mudo”. Portanto, se
conseguirmos aumentar os próprios vasos, na mesma medida aumentará a nossa
luminosidade.
Ainda assim a questão é: Como
é que se aumentam os vasos? A resposta é: Na medida em que se louve e se
agradeça ao Criador por nos ter trazido para mais perto de Si Mesmo, onde será
possível perceber e pensar na importância de ter sido recompensado com certa
conexão com Ele.
A luminosidade que cresce
dentro de nós será proporcional ao grau de importância com que nos imaginamos.
Devemos saber que jamais chegaremos a conhecer a verdadeira medida da
importância da conexão entre o homem e o Criador, porque não é possível
calcular o seu verdadeiro valor. Por outro lado, quanto mais a apreciamos,
nesta mesma medida captaremos seu valor e sua importância. Há uma força nisto,
através da qual se pode conseguir que essa luminosidade permaneça de maneira
permanente.
5. Lishmá é um despertar de Cima. E por que necessitamos de
um despertar de Baixo?
(Eu escutei em 1945)
(Tradução de
Charles Kiefer)
O recebimento de Lishmá (Em
benefício Dele) não é algo que esteja ao alcance de nosso entendimento, já que
para a mente humana é inconcebível que algo assim possa existir em nosso mundo.
Isto se deve a que a pessoa só tem permissão de entender que se ela
observa Torah e Mitvot receberá algo. Nisso
deve haver alguma recompensa, ela imagina. Do contrário, ela não poderia fazer
nada.
Por outro lado, Lishmá é
uma iluminação que vem do Alto, e somente quem a recebe pode conhecer e
compreender esse fenômeno. Sobre isso está escrito: “Prova e vê que o Senhor é
bom”.
Assim, devemos entender porque
uma pessoa deve buscar o conselho de como alcançar Lishmá. E,
depois disso, ela deve entender que nenhum conselho será de qualquer utilidade
quanto a isso. Se Deus não nos outorga outra natureza chamada
de “o desejo de doar” nenhum trabalho poderá nos ajudar a alcançar Lishmá.
A explicação, segundo os
nossos sábios, é: “Não depende de ti completar o trabalho; e não és livre para
fugires dele” (Pirket Avot 2: 21). Isso significa que a pessoa deve
produzir o despertar de Baixo, já que isso se discerne como uma oração.
A oração representa uma
carência e sem uma carência não pode existir preenchimento nenhum. Por fim,
quando alguém sente a necessidade de trabalhar em Lishmá, esse
preenchimento vem de Cima, e a resposta à oração vem de Cima, e a pessoa recebe
o preenchimento da sua necessidade. Então, o trabalho da pessoa é necessário
para receber Lishmá do Criador somente sob a forma de uma
carência e um Kli (Vaso). Não obstante, a pessoa jamais poderá
alcançar esse preenchimento por si mesmo, mas unicamente como um presente que
vem do Criador.
Por outro lado, a oração deve
ser completa, ou seja, desde o mais fundo do coração; e a pessoa deve ter
certeza absoluta de que não existe ninguém no mundo que possa ajudá-lo, exceto
o Criador-Ele-Mesmo.
Ainda assim, como pode a
pessoa saber que ninguém mais além do próprio Criador pode ajudá-la? A pessoa
pode obter esse discernimento precisamente se já havia empregado todas as
forças que tinha ao seu alcance sem conseguir nada. Portanto, a pessoa deve
fazer todo o possível no mundo para lograr o nível de trabalho chamado “Em
benefício Dele”. Somente então a pessoa consegue elevar uma prece do fundo de
seu coração e ser ouvida pelo Criador.
Quando a pessoa está
trabalhando em favor de Lishmá deve saber que precisa
incorporar por completo a vontade de trabalhar unicamente com a intenção de
doar, o que equivale a dizer que deve trabalhar somente para doar sem receber
nada em troca. Somente nesse momento a pessoa começa a perceber que seus órgãos
físicos se opõem a isso. A partir daí, a pessoa começa a ter uma clara noção de
que não lhe resta outra alternativa a não ser transferir a sua demanda ao
Criador e pedir-Lhe ajuda para que seu corpo aceite escravizar-se de modo
incondicional diante Dele, já que a pessoa se dá conta de que não consegue
persuadir seu corpo a anular-se por completo. Nesse momento, precisamente
quando a pessoa descobre que não há razão para esperar que seu corpo concorde em
trabalhar por si mesmo para o Criador, a oração surge do fundo do coração e
acaba sendo aceita por Ele.
É preciso entender que ao
alcançar Lishmá a pessoa mata a sua inclinação ao mal, que é o
desejo de receber, e ao adquirir o desejo de doar todo o desejo de receber é
cancelado. A isso se chama “Matar o desejo de receber”. Porque foi retirado e
porque não tem mais nada a fazer ao não estar mais em uso, quando sua função é
revogada, considera-se que o desejo de receber foi morto.
Quando alguém analisa “que
tipo de recompensa recebe o homem como resultado de todo o seu trabalho durante
todo o tempo em que trabalhou sob o Sol”, ela descobre que não é tão difícil
assim escravizar-se diante de Seu Nome por duas razões: 1) de qualquer forma, seja
voluntária ou involuntariamente, a pessoa precisa realizar todo o tipo esforços
neste mundo. E o que é que sobra como resultado de todos esses esforços? 2) No
entanto, se a pessoa trabalha em Lishmá ela recebe muito
prazer durante e através do trabalho em si.
Segundo o versículo “E não me
invocaste a Mim, oh Jacó, nem tampouco de Mim te cansaste, oh Israel”, o Maguid de
Dubna disse que isso é similar ao caso do homem rico que saiu do trem e que
levava consigo uma pequena maleta. Ele a colocou ali onde todos os comerciantes
colocavam as suas bagagens. Os carregadores logo carregaram as malas e as
levaram ao hotel onde os comerciantes estavam alojados. O carregador de malas
pensou que o homem rico havia carregado a sua própria maleta e que não
necessitava de seus serviços e por isso carregou somente uma mala grande.
O comerciante quis pagar pouco
ao carregador, como era de seu costume, mas o homem não quis aceitar, e lhe
disse: “Coloquei na entrada do hotel uma mala enorme que me deixou exausto, e
foi a única que consegui carregar, e agora você quer me pagar com essa
ninharia?”
A lição é que quando uma
pessoa vem e diz que trabalhou de maneira exaustiva em observar Torah e Mitvot,
o Criador retruca: “Tu não me invocaste, oh Jacó”. Noutras palavras: “A maleta
que tu carregaste não foi a Minha, mas a de outra pessoa. Porque disseste que
observar Torah e Mitzvot te custou muito esforço deves
ter trabalhado para outro patrão. Por isso, procure-o, para que ele te pague”.
Esse é o significado de “Nem tampouco de Mim te cansastes, oh Israel”. Isso
quer dizer que quem trabalha para o Criador não sente este trabalho como uma
carga para si mesmo. Pelo contrário, esse trabalho lhe proporciona prazer e
exaltação espiritual.
Por outro lado, quem trabalha
com diferentes propósitos, não pode se dirigir ao Criador se queixando e Lhe
exigindo que lhe proporcione vitalidade no trabalho, já que não está
trabalhando para o Criador; e, portanto, não pode esperar pagamento. Em vez
disso, a pessoa pode queixar-se para quem ela esteve trabalhando, para que lhe
proporcione prazer e vitalidade.
E porque existem tantos
propósitos em Lo Lishmá (Não em benefício Dele), a pessoa deve
exigir a quem trabalhou que lhe proporcione a devida recompensa, que consiste
em prazer e vitalidade. Quanto a isso se diz o seguinte: “Semelhantes a eles
são os que o fazem, e qualquer um que confia neles”.
É certo que isso nos causa
perplexidade. Depois de tudo, vemos que mesmo quando alguém assume para si
o Jugo dos Céus sem nenhuma outra intenção, mesmo assim não
recebe uma sensação de vitalidade de tal forma que possa dizer que esta a
empurra a assumir para si mesmo o Jugo dos Céus. E a única razão
porque alguém assume essa carga se dá somente porque ela coloca a fé acima da
razão. Noutras palavras, a pessoa faz isso superando a si mesma à força, contra
a sua própria vontade. Assim, podemos perguntar o seguinte: “Por que a pessoa
sente o esforço desse trabalho, com o corpo constantemente buscando o momento
de se livrar disso, como quem não sentisse vitalidade alguma através desse
trabalho? De acordo com o que foi dito anteriormente, quando alguém trabalha
humildemente e tem somente o propósito de trabalhar com a intenção de doar, por
que o Criador não lhe proporciona o sabor e a vitalidade implícitos no
trabalho?
A resposta é que devemos
entender que esse assunto representa uma grande correção. Se não fosse assim,
se a Luz e a vitalidade tivessem brilhado de maneira instantânea quando
começamos a realizar o trabalho do Reino dos Céus, teríamos recebido vitalidade
no trabalho. Noutras palavras, o próprio desejo de receber teria concordado em
executar o trabalho. Nesse estado, a pessoa, certamente, estaria de acordo,
pois desejaria saciar esse desejo. Ou seja, estaria trabalhando em benefício próprio.
E se esse fosse o caso, ela jamais poderia alcançar Lishmá. Isto se
deve a que a pessoa estaria obrigada a trabalhar para seu próprio benefício, já
que sentiria maior prazer no trabalho de Deus do que nos desejos corporais.
Assim, a pessoa seria obrigada a permanecer em Lo Lishmá, já que
desse modo poderia obter satisfação em seu trabalho. Ali onde há satisfação não
há nada que a pessoa possa fazer, porque não poderia trabalhar sem a
expectativa de uma recompensa. Então, se a pessoa recebesse satisfação através
desse trabalho em Lo Lishmá teria que permanecer para sempre
nesse estado. Isso seria parecido ao que se faz: Quando muitas pessoas estão
correndo atrás de um ladrão, ele também corre e grita “Pega, ladrão; pega,
ladrão”. Desse modo, é impossível saber quem é o ladrão e é impossível
prendê-lo e restituir ao dono o que foi roubado. Mas, quando o ladrão, que
representa o desejo de receber, não sente o sabor e a vitalidade implícitos no
trabalho de aceitar o Jugo dos Céus, e se nesse mesmo estado ele
trabalha com a fé acima da razão, sob coação, e se o seu corpo acaba por se
acostumar com esse trabalho contra seu próprio desejo de receber, então ele
possui os meios para levar a cabo o trabalho que terá como propósito levar
Contentamento ao Fazedor.
Isso tudo é assim porque o
objetivo principal de uma pessoa é alcançar a Dvekut (Adesão)
com o Criador através de seu próprio trabalho, que se discerne como “Equivalência
de forma”, que é o estado em que todos os atos estão dirigidos somente à
doação, tal como diz o versículo: “Então, te deleitarás no Senhor”. O sentido
de “Então” é que, no começo do trabalho, a pessoa não recebe prazer. Muito ao
contrário, no começo o trabalho é forçado.
No entanto, depois, quando a
pessoa já se acostumou a trabalhar com a intenção de doar e a não examinar-se a
si mesma para comprovar se está sentindo prazer ou não no trabalho, senão que
acredita que está trabalhando para satisfazer o Fazedor, ela deve saber que o
Criador aceita o trabalho dos inferiores sem se importar com quanto ou como
este seja feito. Em absolutamente tudo, o Criador examina a intenção, e isso
Lhe produz satisfação. Em conseqüência, à pessoa lhe é concedido o que diz o
versículo: “Então, te deleitarás no Senhor”. Inclusive, sentirá prazer e deleite
durante o trabalho de Deus, já que agora trabalha realmente para o Criador,
pois o esforço que havia realizado durante o trabalho coagido lhe dá a
capacidade de trabalhar para Ele de maneira sincera. Nesse instante, a pessoa
descobre que também ali o prazer que ela recebe está vinculado ao Criador, isto
é, é doado especificamente para o Criador.
6. O que significa “Apoio na Torah” durante o
trabalho
(Escutei em 1944)
(Tradução de Clarissa Porto Alegre Schmidt)
Quando se estuda a Torah e se deseja que
todos os atos sejam praticados com o fim de doar, deve-se obter sempre apoio
na Torah. O apoio é considerado como o sustento, que é amor, temor,
contentamento, energia etc. E tudo isto deve ser extraído da Torah.
Em outras palavras, a Torah deve levar a um determinado
resultado.
No entanto, quando se estuda a Torah e
não se obtém estes resultados, este estudo não é considerado Torah.
A razão disto é que a Torah trata da Luz vestida na Torah,
conforme disseram nossos sábios: “Eu criei a inclinação ao mal, e Criei a Torah como
tempero”. Isto se refere à Luz que está na Torah, já que esta Luz é
a que reforma.
Também devemos saber que a Torah se
divide em dois discernimentos: 1) Torá; 2) Mitzvá. Com
efeito, é impossível compreender estes dois discernimentos antes que nos seja
concedido caminhar pelo caminho de Deus, conforme a premissa que diz: “O
conselho do Senhor é para aqueles que O temem”. Isto é assim porque quando nos
encontramos no estado de preparação para entrar no Palácio do Rei é impossível
compreender o caminho da verdade.
Não obstante, é possível formular um exemplo a respeito
do contrário, já que até mesmo uma pessoa que se encontra no período de
preparação pode atingir certo grau de entendimento. Pois nossos sábios dizem (Talmud, Sutá 21):
“Rabi Yosef disse: ‘Uma mitzvá protege e salva quando é
praticada... A Torah protege e salva tanto quando é praticada como quando não
é’”.
O fato é que a expressão “quando é praticada” se refere
ao momento em que a pessoa tem certa quantidade de Luz. Essa luz que a pessoa
obtém pode ser usada somente enquanto se encontra dentro dela, pois neste
momento ela sente contentamento por causa dessa Luz que brilha em seu interior.
Isto é compreendido como uma Mitzvá, ou seja, ainda que a pessoa
não tenha recebido recompensa com a Torah, ela tem como resultado
uma vida de Kedushá (Santidade) concedida pela Luz.
O mesmo não ocorre com a Torá. Quando a
pessoa alcança algum meio para realizar o seu trabalho (estudo), ela pode usar
este meio que tenha atingido, inclusive quando não o esteja praticando, ou
seja, ainda quando não disponha da Luz. Isto se deve a que somente a Luminescência
afastou-se dela, mas ela pode utilizar o meio que alcançou no trabalho mesmo
quando a luminosidade tenha lhe abandonado.
Porém, deve-se ter claro que uma mitzvá,
quando é praticada, é maior que a Torá quando não está sendo
praticada. A expressão “Quando é praticada” significa que a pessoa
está recebendo a Luz neste momento. É isto que se quer dizer com “praticada”, ou
seja, quando a pessoa recebe a Luz em si.
Portanto, quando a pessoa já tem a Luz, uma (a prática
da) Mitzvá é mais importante que a (o estudo da) Torá quando
a pessoa não tem Luz; em outras palavras, quando não há vitalidade na Torá.
Por um lado, a Torá é importante porque é possível usar o meio
que se tenha atingido através dela. Por outro, ela carece da força chamada
“Luz”. Em um tempo de (cumprimento de) Mitzvá a pessoa recebe
a vitalidade que chamamos “Luz”. Por isto, neste sentido, uma Mitzvá é
mais importante.
Assim, quando a pessoa está carente de sustento, é
considerada “malvada”. A razão para isto é que em tal estado de carência
a pessoa não pode dizer que o Criador dirige o mundo como “Bom e Benfeitor”. E
por isto é chamada de “malvada”, já que condena o seu Criador ao sentir que
carece de vitalidade e que não tem nada com o que regozijar-se para poder
agradecer ao Criador por haver-lhe proporcionado prazer e deleite.
A pessoa pode dizer que acredita que o Criador dirige Sua
Providência até os demais de maneira benévola, pois sabe que o caminho da Torá é
uma sensação que se percebe nas entranhas. Se ela mesma não percebe o prazer e
o deleite, como pode convencer-se de que os demais os percebem?
Se a pessoa realmente acreditasse que a Providência se
revela como benevolente ao próximo, esta certeza deveria proporcionar-lhe
prazer e deleite, por entender que o Criador guia o mundo na direção do prazer
e do deleite. Se não sentimos vitalidade e regozijo, qual seria o benefício de
dizer que Ele vela pelo seu próximo com benevolência?
O mais importante é o que a pessoa sente em seu próprio
corpo, seja bom ou ruim. Ela desfruta do prazer de seu amigo somente se
desfruta do benefício que traz prazer ao amigo. Em outras palavras, aprendemos que
com a sensação do corpo, as razões não importam. O único que importa é se a
pessoa se sente bem.
Neste estado, a pessoa declara que o Criador é “Bom e
Benfeitor”. Se a pessoa se sente mal, não pode declarar que o Criador se
comporta consigo de uma maneira benevolente. Deste modo, precisamente se a
pessoa sente prazer com a felicidade de seu amigo, e se essa sensação exalta o
seu espírito e essa alegria a faz torcer pelo bem-estar de seu amigo, somente
então pode sustentar que o Criador é um bom mentor.
Se a pessoa não tem alegria, se sente mal. Neste caso,
como pode dizer que o Criador é benevolente? Por isso, um estado em que a
pessoa não possui vitalidade nem regozijo é considerado um estado em que ela
não sente amor pelo Criador nem tem a capacidade de justificar-Lhe e de ser
feliz, como seria de se esperar de alguém que é honrado por servir a um Rei tão
importante e grandioso.
É preciso saber que a Luz Superior se encontra em um
estado de completo repouso, e toda a expansão dos Nomes Sagrados ocorre
através dos inferiores. Em outras palavras, todos os Nomes que
a Luz Superior têm provém do alcance dos inferiores. Isto significa que a Luz
Superior é nomeada de acordo com a forma com a qual a pessoa a alcança, ou
seja, de acordo com sua sensação.
Quando a pessoa não sente que o Criador lhe dá algo, que
nome pode Lhe dar, se não recebe nada Dele? Ao contrário, quando a pessoa crê
no Criador, ela diz que cada um dos estados que sente provém Dele. Neste
estado, a pessoa nomeia o Criador de acordo com as suas próprias sensações.
Se a pessoa se sente feliz no estado em que se encontra,
declara que o Criador é chamado “Benevolente”, já que isso é o que ela sente,
que recebe o bem Dele. Neste estado, a pessoa é chamada de tzadik ou tzadika (homem
justo ou mulher justa), porque o tzadik justifica o seu
Criador.
No entanto, não existe um estado intermediário em que a
pessoa afirme sentir-se tanto bem quanto mal. A pessoa pode estar feliz ou
infeliz, mas não tem ambos os estados ao mesmo tempo.
Nossos sábios escreveram (Talmud, Berachot 61):
“O mundo não foi criado nem para os totalmente maus, nem para os totalmente
justos”. A razão para isto é que não existe uma realidade tal em que a pessoa
se sinta bem e mal ao mesmo tempo.
Quando nossos sábios disseram que há caminhos
intermediários, se referiram a respeito das criaturas, que possuem
discernimento de tempo, que podem conceber um meio termo entre dois tempos, um
depois do outro; e assim temos aprendido que existem ascensos e descensos. Estes
são dois momentos: Em um, a pessoa é malvada, e em outro, é justa. Mas não é
possível que ela possa sentir-se bem e mal simultaneamente, em um mesmo
momento.
Disto se depreende que quando os sábios afirmaram que
a Torá era mais importante que uma mitzvá se
referiam precisamente ao momento em que esta não é colocada em
prática; ou seja, quando a pessoa não tem vitalidade. Então a Torá é
mais importante que uma mitzvá sem vitalidade.
A causa disto é que a pessoa não pode obter nada de
uma Mitzvá sem vitalidade, mas com a Torá ela
ainda conserva um sentido de trabalho, daquilo que havia recebido enquanto a
praticava. Ainda que não haja mais vitalidade, essa noção que ela havia
recebido permanece na pessoa, e ela pode utilizá-la. Existe um tempo em que
uma Mitzvá importa mais que a Torá; ou seja,
quando há vitalidade na Mitzvá e não há vitalidade na Torá.
Desta forma, quando não está sendo praticada, ou quando a
pessoa não obtém vitalidade nem regozijo com o trabalho, não há outro conselho
que não o de fazer uma oração. Não obstante, durante a oração a pessoa
deve saber que é malvada por não perceber o deleite e o prazer implícitos
no mundo, ainda que faça todo tipo de raciocínios para crer que o Criador
somente outorga o bem.
Apesar disto, nem todos os pensamentos que a pessoa tem
são verdadeiros no caminho do trabalho. Durante o trabalho, se o pensamento
leva à ação, ou em outras palavras, a uma sensação que vem das entranhas de tal
forma que estas sentem que o Criador é Benevolente, os órgãos deveriam obter
vitalidade e regozijo disto. Se a pessoa não possui vitalidade, para que servem
todos os raciocínios se agora os órgãos não amam o Criador devido a que ele
lhes dá Sua Shefa (Abundância)?
Assim, a pessoa deve saber que se não obtém vitalidade nem
regozijo do trabalho é um sinal de que é malvada, porque é infeliz. Todos os
raciocínios que realize serão falsos se não conduzirem a uma ação. Ou seja, a
uma sensação nos órgãos sobre o amor que se sente pelo Criador, porque Ele
outorga deleite e prazer às criaturas.
7. O que
significa dizer que o hábito se transforma numa segunda natureza?
(Eu escutei em 1943)
(Tradução de Charles
Kiefer)
Quando nos acostumamos com
alguma coisa, essa coisa se nos converte numa segunda natureza. Por isso, não
existe nada que o homem possa sentir como não sendo sua própria realidade. Isso
quer dizer que, embora alguém não tenha sensação alguma de determinada coisa,
ainda assim poderá vir a senti-la se se acostumar com ela.
É preciso entender que existe
uma diferença entre o Criador e as criaturas no que concerne às sensações. Para
as criaturas existe “Aquilo que elas percebem” e “Aquilo que é percebido”, ou,
o que é a mesma coisa, aquele que alcança e aquilo que foi alcançado. Isto
significa que temos alguém que sente e que está conectado com certa realidade.
Sem dúvida, uma realidade sem
alguém que a perceba é o Criador em si. Nele “Não existe pensamento nem
sensação alguma”. Isto não é assim em relação a uma pessoa. Sua existência como
um todo existe somente por meio da sua própria sensação de realidade.
Inclusive, a validez da sensação de realidade é comprovada apenas por aqueles
que a percebem.
Noutras palavras, aquilo que o
“perceptor” experimenta ou sente é o que ele próprio considera verdadeiro. Se
alguém experimenta algo amargo em determinada circunstância, isto é, que se
sente mal na situação em que se encontra e se sofre por causa desse estado,
então essa pessoa é onsiderada malvada no que diz respeito ao
Trabalho, já que condena o Criador, pois Ele é chamado Bom e Benfeitor porque
doa somente bondade ao mundo. No entanto, ainda assim, com respeito às
sensações dessa pessoa, ela sente que recebeu o contrário, isto é, que a
situação em que ela se encontra é ruim.
Por isso devemos compreender o
que disseram os nossos Sábios (Talmud, Berachot 61): “O mundo foi criado
somente para os totalmente malvados ou para os totalmente justos”. Isto quer
dizer que alguém pode, já seja, provar e sentir o bom sabor do mundo, e assim
justificar o Criador e dizer que Deus doa somente bondade ao mundo, ou provar e
sentir o gosto amargo do mundo, e, então, ser malvado porque está condenando o
Criador.
Resulta que tudo é medido de
acordo com a sensação da pessoa. Não obstante, todas essas sensações não
guardam relação alguma com o Criador, tal como está escrito no “Poema da
Unificação”: “Assim como ela é tu sempre serás, nem escassez e nem excessos em
ti haverá”.
Para concluir, todos os mundos
e todas as mudanças de estado existem somente no que diz respeito aos
receptores, na exata medida em que a pessoa os adquire.
8. Qual é a diferença entre “Sombra de Kedushah” e
“Sombra de Sitra Achra”?
(Eu escutei em julho de 1944)
(Tradução de Clarissa Porto Alegre Schmidt)
Está escrito (Cântico dos Cânticos, 2): “Até que
sopre a brisa do dia e se dissipem as sombras”. Devemos compreender o que
representam as sombras no trabalho e o que são “duas sombras”. O fato é que
quando a pessoa não sente a Sua Providência e que Ele dirige o mundo sendo “Bom
e Benfeitor”, isto é considerado como “Uma sombra que oculta o sol”.
Em outras palavras, assim como uma sombra produzida sobre
o corpo que oculta o sol não o altera de maneira alguma, pois o sol segue
brilhando com plena intensidade, do mesmo modo, quem não sente a existência de
Sua Providência não provoca nenhuma transformação Acima. E, mais, não existe
nenhuma alteração Acima tal como está escrito: “Eu, o Senhor, não mudo”.
Ao invés disto, todas as transformações têm lugar nos
receptores.
Devemos observar dois discernimentos nesta sombra, neste
ocultamento:
1) Quando a pessoa já tem a capacidade de superar os
estados de escuridão e ocultação, e de justificar o Criador, e de orar com o
propósito de que seus olhos sejam abertos para que vejam que todos os estados
de ocultação que ela sente vêm Dele; ou seja, que Ele é quem executa tudo isto
sobre a pessoa para que ela possa encontrar sua oração e desejar aderir-se a
Ele.
A razão para isto é que somente por meio do sofrimento
que a pessoa recebe Dele, e com o desejo de liberar-se das dificuldades e fugir
dos tormentos, ela faz tudo o que pode. Então, ao receber estes estados de
ocultação e de aflição, com certeza encontrará a conhecida cura, que consiste
em orar o quanto possa para que o Criador lhe ajude e lhe livre do estado em
que se encontra. Neste estado a pessoa ainda crê em Sua Providência.
2) Quando a pessoa chega a um estado em que não pode mais
aguentar e diz que todo o sofrimento e dor que sente se deve a que o Criador os
enviou com o propósito de fazê-la subir de nível, então ela entra em um estado
de heresia. Isto ocorre porque ela não pode crer em Sua Providência, e,
portanto, é natural que não possa orar.
Assim, há dois tipos de sombras; e este é o sentido da
frase “E as sombras se dissipam”, que se refere a que as sombras fugirão
do mundo.
Por isso é que é necessário discernir entre a sombra
de Kedushá (Santidade) e a sombra de Sitra Achra (Outro
lado). No Livro do Zohar está escrito que a sombra de Klipá (Casca)
se refere a “Outro deus que é estéril e não dá fruto”. Em Kedushá (Santidade),
porém, se denomina “Sob a sua sombra me sentei com deleite, e o seu fruto foi
doce ao meu paladar”. Em outras palavras, a pessoa diz que todos os estados de
ocultação e de sofrimento que sente foram enviados pelo Criador para oportunizar
o trabalho acima da razão.
Ter força para dizer isto, ou seja, sentir que tudo é
provocado pelo Criador, é para o nosso próprio benefício. Dito de outro modo,
através disto a pessoa pode chegar a trabalhar com o fim de doar, e não mais
para si mesmo. Neste momento, ela chega a descobrir e a crer que o Criador
desfruta especificamente deste trabalho, que é feito totalmente acima da razão.
Então, a pessoa não ora ao Criador para que as sombras se
dissipem do mundo, mas diz: “Vejo que o Criador deseja que eu Lhe sirva deste
modo, completamente acima da razão”. Assim, em tudo o que ela faz, declara: “É
claro que o Criador desfruta deste trabalho; deste modo, por que eu deveria me
importar se trabalho sob um estado de ocultação de Seu Rosto?”.
Como a pessoa deseja trabalhar com o fim de doar, ou
seja, para transmitir deleite ao Criador, ela não se sente rebaixada pelo seu
esforço de nenhum modo. Quer dizer, ela não se sente em estado de ocultação de
Seu Rosto, ou que o seu trabalho não leva deleite ao Criador. Pelo contrário,
ela está de acordo com a liderança do Criador, ou seja, ela aceitará de coração
a maneira que o Criador deseje que ela sinta a Sua existência durante o
trabalho. E isto é assim porque a pessoa não tem em conta o que lhe proporciona
prazer, mas pensa naquilo que possa levar contentamento ao Criador. E deste
modo a sombra lhe dá vida.
Isto se chama: “Sob sua sombra me deleitei”. Quer dizer
que a pessoa deseja atingir um estado em que ela possa sobrepor-se acima da
razão. Portanto, se ela não se esforça durante um estado de ocultação, quando
ainda estão presentes as condições para orar e pedir que o Criador Se aproxime
de si, mas é negligente com essa situação, então lhe é enviado um segundo
estado de ocultação em que nem sequer é possível orar. E isto ocorre por ter
incorrido no erro de não ter se esforçado ao máximo para orar ao Criador. E a
consequência disto leva a tal nível de abatimento.
No entanto, depois que a pessoa chega a este estado,
obtém compaixão de Cima, de onde lhe é concedido um novo despertar. O mesmo
ciclo se repete até que ela finalmente fortalece a sua oração; e assim o
Criador a escuta, dela se aproxima, e a corrige.
9. Quais são as três coisas que ampliam a mente de
alguém durante o Trabalho?
(Escutei em Elul, em agosto de 1942)
(Tradução de Charles Kiefer)
O Sagrado Zohar interpreta a seguinte
frase que nossos sábios escreveram: “Três coisas ampliam nossa mente: uma bela
mulher, uma bela morada e belos Kelim (Vasos)”. Quando diz “Uma
bela mulher” refere-se à Sagrada Shekiná (Divindade). “Uma
bela morada” é o coração, e “Belos Kelim são os órgãos espirituais.
Precisamos explicar que a Sagrada Shekiná não
pode se manifestar em sua verdadeira forma, que é um estado de graça e de
beleza, exceto quando a pessoa possui belos Kelim, que representam
os “órgãos” recebidos do coração. Isto significa que a pessoa deve, em primeiro
lugar, purificar seu coração para transformá-lo numa bela morada, anulando o
desejo de receber para si mesmo, e acostumando-se a trabalhar em ações que em
sua totalidade estejam governadas pela finalidade de outorgar. Dessa forma, são
obtidos belos Kelim, isto é, que seus desejos, chamados Kelim,
foram purificados da recepção para si mesmos. Agora, ao contrário, são puros e
discernidos como outorgamento.
No entanto, se a morada não é bela, então o Criador
declara: “Ele e Eu não podemos habitar embaixo do mesmo teto”. A razão disso é
que deve haver Equivalência de Forma entre a Luz e o Kli (vaso).
Desse modo, quando alguém assume e aceita a fé na pureza, tanto na mente quanto
no coração, é recompensado com uma bela mulher, que se refere à Sagrada Shekiná,
manifestando-se diante dele em graça e beleza. E isso amplia a sua mente.
Noutras palavras, através do prazer e do regozijo, a
Sagrada Shekiná manifesta-se em suas entranhas, enchendo os seus Kelim externos
e internos. Isso se obtém através da inveja, da luxúria e
da honra que “afastam a pessoa do mundo”. Ao falar de inveja,
refere-se à inveja a respeito da Sagrada Shekiná, relacionada com o ciúme, no mesmo
sentido da frase “O ciúme do Senhor das Hostes”. A honra significa
que a pessoa deseja incrementar a Glória dos Céus. E a luxúria se diz em
virtude de “Haveis escutado o desejo dos humildes”.
10. O que significa “Apressa-te, Amado Meu, no
Trabalho”?
(Eu escutei em julho de 1944)
(Tradução de Charles Kiefer)
É preciso levar em conta que assim que alguém começa a
caminhar pela senda do desejo de conseguir fazer tudo pelo Criador, chega a
estados de ascensos e descensos. Às vezes, a pessoa se encontra num descenso
tal que chega a pensar em fugir da Torá e das Mitzvot.
Isto quer dizer que a pessoa recebe pensamentos tais que já não sente mais o
desejo de estar sob o domínio da Kedushá (Santidade).
Nesse estado a pessoa deve convencer-se do contrário: de
que é a Santidade que foge dele. Isso se deve ao fato de que quando alguém
deseja manchar a Santidade, ela se adianta e foge dele. Se alguém crê nisso e
se sobrepõe à fuga, então a Brach (Fuga, em hebraico) se
converte em Brachá (Benção), tal como está escrito em:
“Bendiz, Senhor, o que fazem, e recebe com agrado a obra de suas mãos”.
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