Equivalência
de forma, segundo a Kabbalah
(Michael Laitman)
Todos
os mundos, Acima e abaixo, estão dentro do homem, e a realidade inteira foi
criada apenas para ele. Isto está escrito n’O
Livro do Zohar. Então por que não sentimos isso? Nós sentimos que estamos
dentro da realidade, não que ela está dentro de nós. Além disso, por que este
mundo não é suficiente para nós? Por que precisamos dos Mundos Superiores?
A
razão para a criação da realidade é que o
desejo do Criador é beneficiar suas criaturas. Por isso, o Criador criou as
criaturas com uma natureza que deseja desfrutar do que o Criador deseja doar
para nós. O Criador está acima do tempo e do espaço; Seu Pensamento opera como
o ato em si mesmo.
Ao
criar a sequência dos mundos a partir do mundo de Ein Sof até este mundo, o Criador removeu a criatura de Si mesmo e
a colocou no estado mais baixo. É importante entender por que Ele fez isso.
Este ato indica imperfeição em Suas ações?
A alma
consiste de Luz e Kli (vaso). A Luz da alma vem do Criador, de Atzmuto (Sua Essência). Através dessa
Luz, o Kli (vaso) da alma foi criado,
sendo ele (o Kli) o desejo de receber
Luz, de desfrutar da Luz. Por isso, o Kli
se ajusta perfeitamente à Luz que vem para preenchê-lo.
A Luz
é uma parte do Criador. A alma é o verdadeiro Kli. Consequentemente, apenas o Kli
é considerado uma criação. Ele foi criado a partir da ausência, ou seja, não
havia desejo antes que o Criador decidisse criá-lo. E porque o Criador desejou
dar o prazer perfeito para este Kli,
como é próprio d’Ele, Ele criou este Kli
– o desejo de receber – enorme, de acordo com a medida de Luz (prazer) que Ele
desejou doar.
Criação
significa iniciação, algo novo que não existia anteriormente, e esta iniciação
é chamada “existência a partir da ausência”. Mas se o Criador é completo, como
algo poderia não estar incluído n’Ele? Do que já foi dito ficou claro que,
antes da criação, não existia desejo de receber no Criador, já que o Criador é
completo e deseja apenas doar. Portanto, o que não está n’Ele e deveria ser
criado é apenas o desejo de receber prazer d’Ele.
O
desejo de receber é a totalidade da realidade. Por isso, a única diferença
entre os elementos da realidade está na medida (intensidade) do desejo de
receber em cada um destes elementos, e não há dois elementos que contenham o
mesmo desejo (a mesma intensidade de desejo).
Não há
corpos físicos na espiritualidade. O mundo espiritual é um mundo de desejos,
forças “cruas” ou “materiais”, sem quaisquer revestimentos materiais. Assim,
todas as palavras usadas na sabedoria da Kabbalah são na verdade denominações
do desejo de usufruir (desfrutar), ou suas impressões a partir da satisfação da
Luz dentro dele.
O
Criador é o desejo de doar, e a criatura é o desejo de se beneficiar da doação
do Criador. Se a criatura desfruta do prazer apenas porque o Criador desfruta
da sua recepção, este ato é considerado doação, de acordo com sua intenção, e
não como um ato de recepção. Isto é considerado como a igualdade entre o desejo
do Criador e o da criatura, sem nada que os separe.
* Se
todos os seus desejos (intenções) são os mesmos, eles são um;
* Se
todos os seus desejos (intenções) são opostos, eles estão o mais distante
possível;
* Se,
de todos os desejos (intenções) eles têm apenas um desejo em comum, então eles
se tocam através daquele desejo comum;
* Se
alguns dos seus desejos (intenções) são similares, eles estão distantes ou
próximos de acordo com as suas medidas de equivalência de forma ou disparidade
de forma.
Nós
não temos attainment no Criador Ele
mesmo, em Atzmuto, já que nós apenas obtemos a sensação da Luz no Kli,
o preenchimento em nosso desejo. E aquilo que nós não alcançamos/atingimos, nós
não podemos chamar por nenhum nome, pois nós damos os nomes de acordo com as
nossas impressões deste preenchimento. Por isso, não podemos dizer uma única
palavra ou dar um único nome para Atzmuto. Todos os nossos nomes e
denominações, com respeito ao Criador, são apenas reflexos do que nós sentimos
por Ele.
Nós
podemos senti-Lo e sentir Suas ações apenas na medida da equivalência de forma
(desejo, intenção) com Ele. Por isso, dependendo da extensão de nossa
similaridade com Ele, nós sentimos Seus desejos e ações, e o nomeamos de
acordo. Quando nós sentimos, podemos nomeá-Lo de acordo com o que sentimos
d’Ele. Isto se chama “Por Tuas ações, Te conhecemos”.
Mas
como operações imperfeitas poderiam se originar do Criador perfeito até o ponto
em que Suas ações demandariam correção pelas criaturas? Nós somos Suas ações!
Se nós temos que corrigir a nós mesmos, isto não significa que suas ações são
imperfeitas?
O
Criador criou apenas o desejo de receber, chamado “a criatura”. Mas quando a
criatura recebe o que o Criador deseja doar a ela, ela é separada do Criador,
já que o Criador é o Doador e a criatura é o receptor, e nisso eles são
opostos. Em espiritualidade, a equivalência de forma é determinada pela
equivalência de desejos (qualidades, intenções). E se a criatura permanece
separada do Criador, o Criador também não estará completo, já que operações
perfeitas se originam de um operador perfeito.
Para
garantir à criatura a possibilidade de alcançar a perfeição com seu livre
arbítrio (por sua livre escolha), o Criador restringiu a Si mesmo – Sua Luz – e
criou os mundos, restrição por restrição, até chegar a este mundo. Aqui o homem
é completamente subordinado ao desejo de usufruir, mas não da Luz de Deus, e
sim dos desejos animais que estão sobre ela (que a estão encobrindo). Toda a
humanidade está se desenvolvendo a partir do desejo por prazer que os animais
têm, assim como através de desejos por riqueza, honra, dominação e
conhecimento, até que o Criador implanta um desejo de desfrutar algo
desconhecido entre esses desejos, algo além das vestimentas deste mundo.
O novo
desejo impulsiona o homem a procurar plenitude (realização) até que ele chega
ao estudo da Kabbalah. Durante o estudo, ele começa a entender a intenção do
Criador em relação a ele. Naquele estado, ele estuda não para receber
conhecimento, mas para atrair para si a Luz que reforma (“Introdução ao Estudo
das Dez Sefirot”, Item 155).
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