quinta-feira, 24 de maio de 2018

Segredos do Gan Naul (5)




Equivalência de forma, segundo a Kabbalah
(Michael Laitman)


Todos os mundos, Acima e abaixo, estão dentro do homem, e a realidade inteira foi criada apenas para ele. Isto está escrito n’O Livro do Zohar. Então por que não sentimos isso? Nós sentimos que estamos dentro da realidade, não que ela está dentro de nós. Além disso, por que este mundo não é suficiente para nós? Por que precisamos dos Mundos Superiores?


A razão para a criação da realidade é que o desejo do Criador é beneficiar suas criaturas. Por isso, o Criador criou as criaturas com uma natureza que deseja desfrutar do que o Criador deseja doar para nós. O Criador está acima do tempo e do espaço; Seu Pensamento opera como o ato em si mesmo.


Por isso, quando Ele desejou e contemplou criar as criações, para preenchê-las com prazer, as criaturas foram imediatamente criadas e completamente preenchidas com todos os prazeres que receberam do criador. Porém, nós não sentimos aquele estado, já que ele é meramente nossa raiz, a qual nós devemos alcançar de acordo com o desígnio da criação.


Ao criar a sequência dos mundos a partir do mundo de Ein Sof até este mundo, o Criador removeu a criatura de Si mesmo e a colocou no estado mais baixo. É importante entender por que Ele fez isso. Este ato indica imperfeição em Suas ações?


O Ari responde esta pergunta em seu livro, A Árvore da Vida: “revelar a perfeição dos Seus atos”, para que então as criaturas se aperfeiçoem e alcancem o nível do Criador, que é a única perfeição verdadeira. Para ajudá-las, o Criador criou a escada dos mundos. As almas descem esta escada até o degrau mais baixo, onde elas “se vestem” com os corpos físicos deste mundo. Então, através do estudo da Kabbalah, as almas por si mesmas começam a subir aquela escada, pela qual elas desceram, até que retornem para o Criador.


A alma consiste de Luz e Kli (vaso). A Luz da alma vem do Criador, de Atzmuto (Sua Essência). Através dessa Luz, o Kli (vaso) da alma foi criado, sendo ele (o Kli) o desejo de receber Luz, de desfrutar da Luz. Por isso, o Kli se ajusta perfeitamente à Luz que vem para preenchê-lo.


A Luz é uma parte do Criador. A alma é o verdadeiro Kli. Consequentemente, apenas o Kli é considerado uma criação. Ele foi criado a partir da ausência, ou seja, não havia desejo antes que o Criador decidisse criá-lo. E porque o Criador desejou dar o prazer perfeito para este Kli, como é próprio d’Ele, Ele criou este Kli – o desejo de receber – enorme, de acordo com a medida de Luz (prazer) que Ele desejou doar.


Criação significa iniciação, algo novo que não existia anteriormente, e esta iniciação é chamada “existência a partir da ausência”. Mas se o Criador é completo, como algo poderia não estar incluído n’Ele? Do que já foi dito ficou claro que, antes da criação, não existia desejo de receber no Criador, já que o Criador é completo e deseja apenas doar. Portanto, o que não está n’Ele e deveria ser criado é apenas o desejo de receber prazer d’Ele.


O desejo de receber é a totalidade da realidade. Por isso, a única diferença entre os elementos da realidade está na medida (intensidade) do desejo de receber em cada um destes elementos, e não há dois elementos que contenham o mesmo desejo (a mesma intensidade de desejo).


Não há corpos físicos na espiritualidade. O mundo espiritual é um mundo de desejos, forças “cruas” ou “materiais”, sem quaisquer revestimentos materiais. Assim, todas as palavras usadas na sabedoria da Kabbalah são na verdade denominações do desejo de usufruir (desfrutar), ou suas impressões a partir da satisfação da Luz dentro dele.


O Criador é o desejo de doar, e a criatura é o desejo de se beneficiar da doação do Criador. Se a criatura desfruta do prazer apenas porque o Criador desfruta da sua recepção, este ato é considerado doação, de acordo com sua intenção, e não como um ato de recepção. Isto é considerado como a igualdade entre o desejo do Criador e o da criatura, sem nada que os separe.


Portanto, seguindo a lei espiritual de equivalência de forma, como resultado da equalização das suas qualidades (desejos), eles se tornam um. Neste estado, eles não são dois desejos idênticos, mas são literalmente um. Este estado espiritual é chamado “equivalência de forma” ou Dvekut (adesão ao Criador).


No entanto, se eles não têm o mesmo desejo, a mesma intenção, eles não têm o mesmo objetivo e estão separados. Porque eles têm qualidades (desejos) diferentes, eles são dois ao invés de um. Em espiritualidade, este estado é chamado “disparidade de forma”.


A medida da equivalência de forma entre Criador e criatura determina o quanto eles estão próximos, e a medida de disparidade de forma determina a distância entre eles. No começo, o desejo de doar do Criador e o desejo da criatura de receber são iguais, já que o desejo de receber da criatura nasceu do desejo de doar do Criador. Portanto:

* Se todos os seus desejos (intenções) são os mesmos, eles são um;

* Se todos os seus desejos (intenções) são opostos, eles estão o mais distante possível;

* Se, de todos os desejos (intenções) eles têm apenas um desejo em comum, então eles se tocam através daquele desejo comum;

* Se alguns dos seus desejos (intenções) são similares, eles estão distantes ou próximos de acordo com as suas medidas de equivalência de forma ou disparidade de forma.


Nós não temos attainment no Criador Ele mesmo, em Atzmuto, já que nós apenas obtemos a sensação da Luz no Kli, o preenchimento em nosso desejo. E aquilo que nós não alcançamos/atingimos, nós não podemos chamar por nenhum nome, pois nós damos os nomes de acordo com as nossas impressões deste preenchimento. Por isso, não podemos dizer uma única palavra ou dar um único nome para Atzmuto. Todos os nossos nomes e denominações, com respeito ao Criador, são apenas reflexos do que nós sentimos por Ele.


Nós podemos senti-Lo e sentir Suas ações apenas na medida da equivalência de forma (desejo, intenção) com Ele. Por isso, dependendo da extensão de nossa similaridade com Ele, nós sentimos Seus desejos e ações, e o nomeamos de acordo. Quando nós sentimos, podemos nomeá-Lo de acordo com o que sentimos d’Ele. Isto se chama “Por Tuas ações, Te conhecemos”.


Cabalistas são pessoas que vivem neste mundo e se conectam ao Criador de acordo com sua medida de equivalência de forma enquanto vivem neste mundo. “Mundos” são as diferentes medidas de sensação do Criador. Um “mundo” é a medida de revelação ou ocultação do Criador para as Suas criaturas; e a ocultação completa é chamada “este mundo”.


O começo da sensação do Criador é a transição entre este mundo e o mundo espiritual. A transição é chamada “barreira”. Há 125 degraus de revelação de partes do Criador para as criaturas entre a ocultação e a revelação completa. Estas partes são chamadas “mundos”.


Os cabalistas sobem pelos mundos espirituais corrigindo seus desejos (intenções). Ele nos dizem – verbalmente ou em textos – que o Criador tem apenas o desejo de beneficiar suas criações. Ele criou tudo para nos dar toda a Sua abundância. Foi por isso que Ele nos criou com um desejo de receber, para que possamos receber o que Ele deseja nos dar.


O desejo de receber para nós mesmos é a nossa natureza. Mas, estando nesta natureza, nós somos opostos em forma ao Criador, já que Ele é apenas um desejo de doar, e não possui um desejo de receber. Por isso, se nós permanecemos no desejo de receber para nós mesmos, permaneceremos para sempre afastados do Criador.


Os cabalistas nos dizem que o propósito do Criador é trazer toda a Criação para Si, e que Ele é bondade absoluta. Por essa razão, Ele deseja doar para todos.


Eles ainda nos dizem que a razão para a criação dos mundos é que o Criador deve ser completo em todas as Suas ações e forças. E se Ele não executa Suas forças em ações completas, Ele aparentemente é considerado incompleto.


Mas como operações imperfeitas poderiam se originar do Criador perfeito até o ponto em que Suas ações demandariam correção pelas criaturas? Nós somos Suas ações! Se nós temos que corrigir a nós mesmos, isto não significa que suas ações são imperfeitas?


O Criador criou apenas o desejo de receber, chamado “a criatura”. Mas quando a criatura recebe o que o Criador deseja doar a ela, ela é separada do Criador, já que o Criador é o Doador e a criatura é o receptor, e nisso eles são opostos. Em espiritualidade, a equivalência de forma é determinada pela equivalência de desejos (qualidades, intenções). E se a criatura permanece separada do Criador, o Criador também não estará completo, já que operações perfeitas se originam de um operador perfeito.


Para garantir à criatura a possibilidade de alcançar a perfeição com seu livre arbítrio (por sua livre escolha), o Criador restringiu a Si mesmo – Sua Luz – e criou os mundos, restrição por restrição, até chegar a este mundo. Aqui o homem é completamente subordinado ao desejo de usufruir, mas não da Luz de Deus, e sim dos desejos animais que estão sobre ela (que a estão encobrindo). Toda a humanidade está se desenvolvendo a partir do desejo por prazer que os animais têm, assim como através de desejos por riqueza, honra, dominação e conhecimento, até que o Criador implanta um desejo de desfrutar algo desconhecido entre esses desejos, algo além das vestimentas deste mundo.


O novo desejo impulsiona o homem a procurar plenitude (realização) até que ele chega ao estudo da Kabbalah. Durante o estudo, ele começa a entender a intenção do Criador em relação a ele. Naquele estado, ele estuda não para receber conhecimento, mas para atrair para si a Luz que reforma (“Introdução ao Estudo das Dez Sefirot”, Item 155).


Através daquela Luz, a pessoa começa a corrigir seus desejos. No total, o homem tem 613 desejos, que são geralmente chamados Guf (corpo). A correção dos desejos é feita usando cada desejo com a intenção de doar para o Criador, da mesma forma que o Criador doa para o homem. A correção de cada desejo e a recepção da Luz dentro dele é chamada “observar um Mitzva (boa ação/mandamento)”. A Luz que uma pessoa recebe dentro do desejo comum corrigido é chamada “Torah”. E a Luz que corrige (reforma) os desejos do homem é o meio pelo qual a criatura alcança a perfeição (ver “Percorrendo o Caminho da Verdade”).


A perfeição está em que a criatura obtenha equivalência de forma (qualidades) com o Criador por ela mesma. Isto porque então ela é merecedora de receber todo o prazer e deleite incluídos no Pensamento da Criação. Em outras palavras, ela se deleita na Luz e no status (condição/posição) do próprio Criador, já que ela alcançou equivalência de forma em desejos e pensamentos.


Acontece que apenas através do estudo da Kabbalah alguém pode corrigir a si mesmo e alcançar o objetivo pelo qual o homem foi criado. Isto é o que todos os cabalistas escreveram. A única diferença entre os livros sagrados (Torah, Profetas, Hagiografa, Mishnah, Talmud etc.) está na intensidade da Luz dentro deles, a qual pode corrigir uma pessoa. A Luz nos livros de Kabbalah é a maior; é por isto que os cabalistas recomendam o estudo deles especificamente.


4 comentários:

Helton Moraes disse...
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Michele disse...
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Unknown disse...
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renata lehmann disse...
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