Uns 30 anos antes do início da Era Comum, um conjunto de
homens, hebreus de alma, e judeus de nacionalidade, cansados da corrupção que
minava (e preparava a destruição) do II
Templo, mudaram-se para as montanhas próximas de Masada, com o Mar Morto
diante deles, na linha do horizonte, e iniciaram nesse lugar um grupo de práticas
espirituais de pureza e arvut.
Comiam em silêncio. Viviam com poucos recursos e compartilham tudo o pouco que
tinham entre todos. Nesse local, Mirian (Maria, na tradição ocidental) teria
participado de um ritual para a descida, nela, da alma do Mashiach, aos 12 anos. Nesse local, viveu entre os essênios, João
Batista, que depois batizaria Yoshua (Jesus Cristo) nas águas do
Jordão, dando início a seu ministério. Os essênios construíram 10 mikveot (para os seus banhos rituais) e
deixaram um impressionante legado de textos, que só foram descobertos na década
de 40 do século passado por um menino, pastor de ovelhas. Imagino que tenham
feito 10 mikveot para receber a
purificação nas 10 sefirot.
Eu, o Christiano, e alguns outros membros do Grupo Kadosh tivemos alguns recebimentos durante da visita, mas
sobre isso não podemos falar.
De Qumram, viemos
diretamente a Jerusalém, onde
estamos. Alguém que tem partzufim entende
porque se diz que essa cidade é sagrada e porque todos os povos querem
dominá-la. Jerusalém foi destruída duas vezes. Jerusalém foi sitiada 23 vezes.
Jerusalém foi atacada 52 vezes. Jerusalém foi capturada e resgatada 44 vezes. E
mais uma vez, depois da transferência da embaixada norte-americana para cá,
Jerusalém está se tornando o centro de um novo conflito, mas dessa vez
envolvendo o mundo inteiro. A energia
cósmica (como prefere dizer o rabino Saltoun), e que eu chamo de Ohr Yashar (Luz Direta) desce aqui em
proporções gigantescas. Se o Kli (vaso)
mundial não estiver minimamente preparado, essa energia terá um poder
destruidor incalculável. No entanto, se os cabalistas fizerem corretamente o
seu trabalho (e eles sabem o que
precisam fazer), essa energia se transformará em benções incalculáveis para
toda a humanidade. Mais uma vez, estamos diante do Livre Arbítrio. O que faremos?
Na noite de Shabat,
nosso grupo aqui, composto de 40 pessoas (mais duas crianças e três “futuras”
crianças ainda no ventre de suas mães) foi dividido em dois grupos e fomos
recebidos por duas famílias judias de Jerusalém. Em meu grupo, o homem da casa
era sefaradi e a esposa ashkenazi. No grupo do rabino Saulton,
o homem da casa era ashkenazi e a
esposa era sefaradi. Foi uma
experiência fantástica, para os dois grupos, e que vai reverberar em nossas
reflexões e práticas cabalísticas por muito tempo. Apenas posso dizer que essas
duas famílias estão cumprindo um preceito ensinado por Avraham Avinu (Abraão) há mais de 3.400 anos: o de receber o
estrangeiro com amor, carinho e respeito para compartilhar a Rainha do Shabat, a Sagrada Shechinat.
Agora, estamos fazendo uma vigília (passaremos toda a noite acordados, em estudos, exercícios
e passeio ao Kotel, o Muro das Lamentações) para a Festa de Shavuot, que comemora a Matan Torah. Para quem não sabe a Outorga da
Torah se deu no dia 06 de Sivan de
2.488 (em 1.272 antes da Era Comum). Nessa data, o povo de Israel (em
conjunto com a Erev Rav, a Multidão
Misturada) foi “uma só nação com um só coração”. Se recuperarmos essa unidade a Ohr Yashar que desce sobre a cidade de Jerusalém poderá ser
recebida pelas nações do mundo como abundância, paz e tranquilidade. Mais uma
vez, é questão de Livre Arbítrio.
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