terça-feira, 22 de maio de 2018

Tiul (13)


Na segunda de manhã, dia 21, fomos ao Museu de Israel, para vermos os Manuscritos do Mar Mort


Em seguida, fomos ao Monte das Oliveiras. Dali, se pode ver o Portão do Mashiach. Um invasor poderoso de alguma época passada mandou fechar essa entrada da cidade velha e transformou a ladeira do Vale de Kidron em uma lixeira, para impedir a entrada do Redentor. No cemitério que fica no Monte das Oliveiras estão todos enterrados com os pés voltados para o Monte do Templo. Quando os mortos ressurgirem, diz o mito, já se levantarão de frente para o Santo dos Santos (a Rocha do Monte Moriá). Esses mortos serão os primeiros a ressuscitar.


Um velho árabe inteligente puxa um burro por ali, pedindo esmolas.



(Estou escrevendo esse texto na companhia do Gerson Mainardi. Estamos sentados na sacada do Hotel Prima Kings, na Rua Ramban (não confundir com Rambam), tomando uma cerveja. Terminamos o nosso trabalho espiritual aqui na Terra Santa e sairemos de Israel amanhã).



Levei o Rabino Saltoun e alguns membros do Kadosh (éramos 17 pessoas) para visitarmos o Instituto do Templo, na Cidade Velha. Há três anos estive no Instituto, e a minha impressão sobre esse assunto da construção do III Templo se aprofundou, mas não mudou em essência. Defini o que senti, depois da visita, com a frase: “O noivo está pronto, mas a noiva não veio para o casamento”. Em outro momento, vou elaborar melhor o que eu quero dizer com isso.



E, à noite, vivemos uma experiência muito impactante. Depois da janta, retornamos à Cidade Velha e entramos nos Túneis do Rei Salomão. Quase um quilômetro costeando o Muro Externo do Monte do Templo, metros abaixo do chão, cercados pela história dos romanos, dos cruzados, dos bizantinos, do império otomano. No final do percurso, encontramos a Rocha, a Rocha que está embaixo do Domo da Roca. Uma pedra diferente. O Yesod da Terra. A Fundação do Mundo. A pedra em que Adão e Eva fizeram o primeiro altar de adoração a Elohim. A pedra onde Abraão amarrou Isaac. A Pedra onde Jacob sonhou com os Anjos subindo e descendo a Sulam (Escada Espiritual). A Pedra que é o Santo dos Santos (Kadosh de Kadoshim) e em torno da qual estava construído o Primeiro e o Segundo Templos. A Pedra de onde pode emanar a Geula, a redenção do mundo, a Pedra que pode trazer a destruição do mundo. Indescritível o perfume que senti ao fazer um Ana Bekoach com a mão esquerda espalmada contra essa pedra sagrada. Nela, sim, há santidade, e não no Muro das Lamentações, que não passa de um muro externo do complexo extraordinário que era o Templo. Desde que fundei o grupo Kadosh eu afirmo que as pessoas estão rezando no muro errado. Como disse o Saltoun, se o Papa, o Ayatolá, o Rabino-Chefe, o presidente do Sanhedrin; se os líderes religiosos de todas as religiões do mundo se dessem as mãos ao redor dessa Rocha, construiríamos um mundo melhor, de tolerância (ninguém precisa mudar de religião para fazer uma conexão com o Criador) e de ajuda mútua (Arvut).



Hoje, na terça-feira, fomos para Hebron, onde descansam os patriarcas e as matriarcas. E lá fizemos o trabalho espiritual para o qual fomos escolhidos, fizemos o trabalho que nem judeus e palestinos conseguem fazer. Foi para isso que viemos a esta terra, abençoada e amaldiçoada ao mesmo tempo. Abençoada pelo Criador e amaldiçoada por grande parte dos seres humanos.  Foi para isso que entramos no Santuário construído por Herodes.



Explico.



Esse Santuário de Macpella (onde estão Abraão e Sara, Isaac e Rebeca, Jacó e Lia) fica na fronteira de Israel e Palestina. Abraão e Sara e Jacó e Lia estão no lado israelense. Isaac e Rebeca estão no lado palestino, divididos pela política, pela insanidade, pela serpente. No lado israelense fizemos os nossos Yichudim, unindo as almas de Abraão, Jacó, Sara e Lia. Mas Isaac e Rebeca ficaram de fora. Assumi o comando do grupo, a pedido do Rabino Saltoun e fui conversar com os guardas da fronteira da Palestina. Disse-lhes que éramos do Brasil e que queríamos muito visitar também o patriarca e a matriarca do lado da terra deles. Eles me perguntaram: “Existe algum judeu com vocês?”. Eu apenas disse que éramos brasileiros. Ele insistiu. Repeti que éramos brasileiros. As metralhadoras ficaram abaixadas e eles nos deram dez minutos de visitação. Um minuto para cada Sefirot, pensei. E entramos na Palestina. E foi incrível, foi indescritível. Na frente dos Santuários de Isaac e Rebeca, dentro da Mesquita, existe uma fenda, uma fissura, um buraco que penetra profundamente o solo e que é a entrada do Gan Éden. Os guardas do Santuário permitiram que olhássemos pela escotilha. Todos nós olhamos o local em que entraram os corpos de Abraão, Isaac e Jacó, menos o rabino. Olhamos com a inocência de Adão e Eva no Paraíso, antes da enganação do Serpente. Lá na fenda, enrodilhado em si mesmo, está o Serpente, guardando a entrada do Gan Éden, o Nachash que se transformará no Mashiach. Posso elaborar melhor em grupo fechado.



No caminho de retorno, fomos visitar Bethlehem (Belém) e a Igreja da Natividade. Vimos o local do nascimento de Jesus e o local da manjedoura. Essa cidade também está dividida entre Israel e Palestina. No início, o rabino foi impedido de entrar nesses locais sagrados para o cristianismo, mas depois ele conseguiu se unir ao grupo. Acho que ele esqueceu a kipá na cabeça e os palestinos implicaram com ele.



No meio do caminho, tinha um muro. Um muro altíssimo. Um muro que separa israelenses e palestinos, um muro de ignorância, um muro de politicagem, um muro de ódios e preconceitos, e, na margem desse muro, no lado israelense, repousa Rachel, a amada de Jacó, que morreu em trabalho de parto nesse local. Diante do seu Santuário, fizemos Yichudim, exercícios cabalísticos, e recebemos maravilhosos perfumes.



Dentro do ônibus, Vera Teixeira Aguiar, que recebeu a cura de uma doença agressiva depois que a convidei a fazer parte do Grupo Kadosh, leu o poema de Camões em homenagem à Rachel, um dos mais belos sonetos da língua portuguesa.



Do muro, viemos diretamente a Jerusalém e fomos visitar o Santuário de Baal Ha Sulam. Lá, na presença do mestre, o maior cabalista do século vinte, cantamos, fizemos os nossos exercícios cabalísticos e comemoramos o aniversário da Denise, que veio do Rio de Janeiro para juntar-se conosco nessa peregrinação.

Agora, estamos prontos para regressar aos nossos países (Brasil e Suíça), às nossas cidades, aos nossos familiares e amigos.



Levo uma grande e inolvidável certeza ao final dessa viagem: no Gan Éden, as almas de Abraão, Isaac e Jacó, Sara, Rebeca, Lia e Rachel estão felizes, porque através do Grupo Kadosh, através do Saltoun e de seus convidados, voltaram a se encontrar aqui na Terra, em Hebron e no caminho cercado de altos muros e muitas metralhadoras.



Como disse um escritor uruguaio que já traduzi (e publiquei) no Brasil, Juan Jose Morosoli, “nós só começamos a viajar depois que voltamos para casa”.



Amanhã, começa, de fato, a nossa viagem, e o nosso Trabalho Espiritual no Brasil.

  




6 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Ligia disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.

Shamati (127)

    127. A diferença entre o núcleo central, a essência e a abundância agregada ( Su cot Inter 4, Tav - Shin - Guimel , 30 de setembro d...