sexta-feira, 24 de julho de 2020

Introdução ao Livro do Zohar (82)



40. Eu sei que isso é totalmente inaceitável aos olhos de certos filósofos. Eles não conseguem concordar que o homem, a quem pensam ser baixo e sem valor, seja o centro da magnificente criação.

Em outras palavras, o homem não deve evoluir e absorver toda a Criação. Todos, exceto os cabalistas, pensam dessa forma. Os cabalistas, entretanto, estão convencidos de que apenas com a ajuda do seu egoísmo, e não através da sua anulação, o homem deve assimilar todo esse mundo e tornar-se semelhante ao Criador em sua atitude em relação ao Universo.

Baal HaSulam diz: Eu sei que isso é totalmente inaceitável aos olhos de certos filósofos… Ele fala sobre os “sabichões” entre nós, que não desejam compreender o Universo e elevar-se acima dele. Eles são como o verme que nasce dentro de um rabanete, que pensa que o Mundo do Criador é tão amargo e escuro quanto o rabanete onde nasceu. Contudo, assim que a casca do rabanete quebra e se solta, ele se pergunta e diz: “Eu pensava que o mundo inteiro fosse do tamanho do meu rabanete...” Isso é o que dizemos para nós mesmos hoje. Cada um de nós se sente dessa forma antes de cruzar a Machsom. “Eu pensava que o mundo inteiro fosse do tamanho do meu rabanete, e agora eu vejo diante de mim um mundo vasto, belo e maravilhoso!”

O mesmo ocorre àqueles mergulhados na casca do desejo de receber; eles nasceram com isso (o que os impede de sentir algo além de si mesmos), e não provaram as novas ferramentas, as novas sensações, nem as propriedades divinas (que os capacitaria a transcender as barreiras do seu egoísmo e sentir o mundo além de si mesmos) que podem quebrar essa casca dura e transformá-la no desejo de levar contentamento ao Criador (isto é, tornar-se semelhante a Ele). É certo que eles precisam constatar sua inutilidade e vazio, já que é realmente isso que eles são, e que não conseguem compreender que essa maravilhosa realidade foi criada para ninguém que não eles mesmos.

De fato, se eles tivessem mergulhado na Cabalá a fim de levar contentamento ao seu Fazedor (se eles tivessem transformado seus desejos egoístas em doação para o Criador), se eles tentassem sair da casca onde nasceram para receber o desejo de doar, seus olhos imediatamente se abririam, e eles veriam e receberiam um prazer e doçura indescritíveis, graus de sabedoria, inteligência e clareza que foram preparados para eles nos Mundos Espirituais. Então, eles mesmos diriam como disseram nossos sábios: “O que diz um bom convidado? Tudo o que o anfitrião fez, ele fez apenas para mim”. Devemos receber esse nível e ver tudo aquilo que o Criador está fazendo para nós. “Tudo” implica o nível do Mundo do Infinito.

Aprendemos que o último nível de recebimento do homem se chama “Pensamento da Criação”. O primeiro nível, o segundo, o terceiro e, então, o último descendem dele, dos quatro estágios da Luz Direta. O nível mais alto consiste de duas partes. A parte inferior do nível dessa raiz, Behiná Shoresh, refere-se a nós. A Luz Superior descende dela e gera o Behiná Aleph, o primeiro estágio da Luz Direta, mas essa é parte inferior do nível da raiz. A parte superior do nível da raiz é o Pensamento do Criador, onde tudo o que foi criado está dentro Dele, no Seu nível. Devemos alcançar este nível.

Ainda que nasçamos na parte mais baixa (estágio zero), devemos alcançar o Criador através dos nossos próprios esforços.

Behiná Shoresh consiste de duas partes. O primeiro estágio (o desejo de receber) nasce da parte inferior. Então, surge o segundo estágio (o desejo de doar). Aqui, a atitude do Criador em relação a nós se manifesta. Seu Pensamento está na parte superior (o estágio zero).

Nascemos no terceiro estágio, e então se segue o quarto estágio. Malchut se transforma, realiza o Tzimtzum Aleph, adquire uma tela, e então ascende 125 níveis através de uma série de ações corretivas. Ainda que ela surja pela atitude do Criador, ao emular Suas ações, ela ascende, alcança o Seu Pensamento, e funde-se com Ele, uma vez que “semelhança” no Mundo Espiritual implica igualdade com as ações do Criador - o desejo de doar. Nosso desejo de receber para doar é equivalente à doação do Criador.

É dito que: “Pelas Tuas Ações, Te conhecerei” (isto é, alcançamos o nível do Criador. “Te conhecerei” significa que eu ascenderei ao nível dos Seus Pensamentos). Eis o que a semelhança de forma nos proporciona. Só depois de alcançar o nível dos Pensamentos do Criador, podemos realmente dizer: “Tudo o que o anfitrião fez, ele fez apenas para mim”.



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