sexta-feira, 2 de abril de 2021

Kabbalah Sem Segredos (24)


O sexto sentido

 

O “como” do recebimento na Kabbalah trata de perceber o mundo espiritual, um mundo invisível aos cinco sentidos, mas que, de alguma forma, nós, cabalistas, experimentamos. Se tudo o que percebemos depende dos nossos sentidos, parece razoável que tudo de que necessitamos para sentir o mundo espiritual seja um sentido especial, um sentido extra. Noutras palavras, não é necessário buscar nada fora de nós mesmos, mas apenas cultivar uma percepção que já existe em nós e que permanece adormecida. Na Kabbalah, essa percepção extra chama-se “sexto sentido”.

 

De fato, essa etiqueta é confusa, já que em português confunde-se com “intuição”. Não é um sentido de acordo com a acepção cotidiana e fisiológica da palavra. No entanto, dado que isso nos permite perceber algo que de outra forma não perceberíamos, os cabalistas decidiram chamá-lo de “sexto sentido”.

 

Esta é a peça-chave da Kabbalah: nossos cinco sentidos estão “programados” para servir a nossos interesses pessoais. Por esse motivo, tudo o que percebemos é o que parece servir aos nossos melhores interesses. Se, de alguma maneira, os nossos sentidos estivessem programados para servir aos interesses do mundo inteiro, então isso seria o que perceberíamos. Desta forma, cada um de nós seríamos capazes de captar o que percebem todas as outras pessoas, animais, plantas e minerais do Universo. Nos transformaríamos em criaturas de percepção ilimitada, isto é, oniscientes. Seríamos pessoas semelhantes a Deus.

 

Em tal estado ilimitado, inclusive os cinco sentidos seriam utilizados de modo muito distinto. Ao invés de enfocarmos tanto nos interesses pessoais, os sentidos serviriam de forma mais plena como meio de comunicação com os demais. O fato é que, em termos cabalísticos, o sexto sentido, que permite a percepção dos mundos espirituais, não é um sentido segundo o significado usual da palavra, senão a intenção com a qual utilizamos os nossos sentidos. Na Kabbalah, essa intenção se chama kavaná. A intenção é um conceito cabalístico crucial que exploraremos com maior profundidade nos capítulos 4 e 15.

 

No caminho: Outra forma de explicar como a kavaná (ou intenção) expande a nossa percepção é pensar nela como uma “meta” pela qual atuamos. Se queremos beneficiar a nós mesmos, então tudo o que vemos é a nós mesmos. Pelo contrário, se queremos beneficiar o mundo e o seu Criador, então tudo o que veremos será o mundo e o seu Criador.

 

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