A (inexistente) realidade objetiva
Nossa compreensão do que sentimos baseia-se nos genes que
herdamos, em nossas experiências, em nossa socialização e no que aprendemos ao
longo da vida. Tudo é muito subjetivo. Sem importar o que captam os nossos
sentidos, o que acabamos por compreender e nossa própria forma de atuar quanto
a isso são coisas muito pessoais.
Por exemplo, se fôssemos surdos, ainda assim haveria sons ao
nosso redor? Não existiria o som da música e o rugido dos aviões sobre nós? Os
pássaros deixariam de cantar se não fôssemos capazes de ouvi-los? Sim, para
nós, surdos, seria assim. Não há modo de explicar a um surdo como canta um
Sabiá. Mais ainda, duas pessoas não experimentam as mesmas emoções quando ouvem
um Sabiá. Tudo o que sentimos é completamente subjetivo. Essa é a razão pela
qual os cabalistas apenas podem nos sugerir como é o mundo espiritual. O
percurso através dele teremos que fazer por nossa própria conta.
Não parece óbvio que existam outras alternativas para a nossa
versão da realidade? E essas alternativas podem nos ajudar a elaborar melhores
juízos sobre o que percebemos. Além disso, nosso comportamento subsequente pode
nos guiar a resultados mais positivos para nós mesmos e para o mundo. A Kabbalah
reconhece isso e oferece uma alternativa.
Tudo o que eu e tu acreditamos que existe fora de nós mesmos,
na realidade existe dentro da gente. Assim, quando falamos da realidade
objetiva, nos referimos ao que vemos como objetivo através da lente de nossa própria
percepção. Ou seja, sempre nos referimos a um ponto de vista que é, por
natureza, subjetivo.
No caminho: Eis um aspecto da natureza humana: dada nossa percepção
subjetiva, nunca podemos apreender ou explicar a natureza com objetividade,
pois nós a captamos através de nossos cinco sentidos. Mais ainda, não somos
capazes de explicar a natureza, mas somente a nossa própria compreensão
da natureza. A apreensão e as explicações que oferecemos, no final das contas,
são uma manifestação de nossos cérebros em funcionamento. Um dos nossos dons
como seres humanos é a capacidade de conhecer isso acerca de nós mesmos e de
aprender a manejar isso com inteligência.
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