Livre Arbítrio
Durante muito tempo se disse que a gente só é feliz de
verdade quando é realmente livre: livre de ataduras, livre de opressões e livre
para tomar suas decisões. De igual forma, as pessoas de fé se perguntaram
durante muito tempo como conciliar o conceito de livre arbítrio com a
existência de um poder superior e, no caso dos cabalistas, do Criador. O desejo
simples do Criador é que tu e eu estejamos satisfeitos e nos sintamos alegres.
Esse estado somente pode ocorrer quando alcançamos o Seu estado, o Seu grau de
consciência. E isso só acontece quando o desejo de receber prazer é igual ao
desejo do Criador de dar prazer. Se isso te parece redundante, circular, o é.
Trata-se da reciprocidade que nos acerca ainda mais da perfeição e do desejo do
Criador para conosco. Então, como reconciliamos essa ideia de livre arbítrio
com o que o Criador deseja para nós?
Eis aqui a lógica cabalística, passo a passo:
1.
O Criador é absolutamente benevolente;
2. * Como consequência disso, Ele deseja levar-nos ao
estado de bem absoluto;
3. * O estado de bem absoluto é Seu próprio estado;
4. * Isto significa que temos que chegar a ser como Ele:
benevolentes;
5.
Portanto, devemos chegar a sentir que Seu estado, a
benevolência, é o estado do bem absoluto. Noutras palavras, precisamos eleger
isso com nosso próprio livre arbítrio;
6.
O livre arbítrio somente pode acontecer com a condição
de que o Criador não aplique força alguma sobre nós, de forma que sejamos
independentes Dele;
7.
Ele está oculto e nos deu a existência neste mundo;
8.
Sem senti-lo como temível ou bom, senão através de um
estado completamente “neutro”, podemos decidir com liberdade que ser como Ele é
o bem absoluto.
Numa certa ocasião, o rabino Yehuda Ashlag escreveu a
seguinte alegoria numa carta a um aluno:
“Era uma vez um rei que queria saber quais dos seus súditos
eram confiáveis. Anunciou que qualquer pessoa que quisesse vir trabalhar para
ele seria recompensada com generosidade e com uma janta festiva, digna de reis.
Não havia ninguém no portão de entrada, somente um letreiro indicava para onde
se dirigir e o que fazer, mas nenhum guarda supervisionava os candidatos.
Aqueles que se sentaram em lugares designados foram expostos, sem sabê-lo, a um
pó mágico, e os que se sentaram em lugares não designados, não. Pela tarde,
quando todo o mundo se sentou à mesa, aqueles que sentaram nos lugares
designados, desfrutaram muito da janta. Para os outros, a comida foi a pior que
já haviam degustado na vida. Somente os que escolherem livremente seguir a
recomendação do rei foram premiados com o prazer que o próprio rei desfrutava.
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