sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Shamati (96)

  

96. O que significam o desperdício do celeiro e da adega no Trabalho Espiritual?

(Ouvi na véspera de Sukkot, dentro da Sucá,Tav-Shin-Gimel, 1942-1943)

 

Um celeiro representa os Dinim (Julgamentos) masculinos, como em “Oculto e não contaminado”, quando ele sente que está em um estado de Goren (Celeiro) no Trabalho, ou seja, Guer (Estrangeiro/Não convertido).

 

Uma adega representa os Dinim femininos, como em “Oculto e contaminado”. Yékev (Adega) é considerado Nekev (Orifício).

        

E há dois tipos de Sukot: 1) Nuvens de glória, e 2) Desperdício de celeiro e adega.

 

Uma nuvem é considerada Ocultação, quando o indivíduo sente a Ocultação sobre a Kedushá (Santidade). Se uma pessoa supera a nuvem, ou seja, a Ocultação que sente, ela é, portanto, recompensada com Nuvens de Glória. Isso é chamado MAN de Ima, o qual se aplica durante seis mil anos. É considerado um Sod (Segredo), pois ainda não se tornou uma natureza, chamada de pshat (simples, comum, literal).

 

E os desperdícios de celeiro e adega são chamados “Literal e Natureza”, os quais são considerados MAN de Malchut, corrigidos especificamente através da Fé, chamada “Itorerut (Despertar) de baixo”.

 

E MAN de Ima é considerado um Despertar de Cima, o qual não é discernido como Natureza. Isso significa que, a respeito da Natureza, quando o indivíduo não está pronto para receber a Shefa (Abundância), ele não recebe qualquer Doação.

 

Porém, da perspectiva do Itorerut de Cima, que é acima da Natureza, a Luz é de fato despejada aos inferiores, por meio de “Eu sou o Eterno, que vive com eles no meio de sua impureza”, como está escrito no Zohar: “Embora ele tenha pecado, é como se não tivesse pecado algum.”

 

No entanto, com um Itorerut de baixo a Luz não é dispensada. Em vez disso, é precisamente quando o indivíduo é qualificado por natureza - ou seja, por si mesmo, e isso é chamado MAN de Nukva - que ele pode se corrigir pela Fé. Isso é chamado “Por si mesmo”, considerado o Sétimo Milênio, chamado “E está arruinado”, no sentido de “Ela não tem nada próprio”, considerado Malchut. Quando isso é corrigido, o indivíduo é recompensado com o Décimo Milênio, que corresponde a GAR.

 

Semelhante alma somente é encontrada uma em dez gerações. Contudo, há um discernimento do Sétimo Milênio, a partir da perspectiva dos seis mil anos, chamada “Particular” ou “Individual”, pois o geral e o particular são sempre iguais. Mas isso é considerado MAN de Ima, chamado “Nuvens de Glória”.

 

O propósito do Trabalho está no Literal e na Natureza, já que nesse Trabalho não há espaço para o indivíduo cair ainda mais baixo, pois ele já está no chão. É assim porque ele não precisa de Gadlut (Grandeza) pois para ele é como se sempre fosse algo novo.

 

Ou seja, ele sempre trabalha como se tivesse recém começado a trabalhar. E ele trabalha na forma de aceitar o Fardo do Reino dos Céus Acima da Razão. A base sobre a qual ele construiu a ordem do Trabalho foi a maneira mais baixa, e tudo estava verdadeiramente Acima da Razão. Apenas alguém realmente ingênuo pode ser tão baixo a ponto de proceder sem nenhuma base na qual estabelecer sua Fé, literalmente sem nenhum suporte.

 

Além disso, ele aceita esse Trabalho com grande alegria, como se houvesse tido um verdadeiro conhecimento e uma visão sobre os quais estabelecer a certeza da Fé. E na exata medida em que vai Acima da Razão, nessa mesma medida é como se tivesse razão. Assim, se ele persiste nesse caminho, ele nunca cairá. Em vez disso, ele pode estar sempre em alegria, por acreditar que está servindo a um grande Rei.

 

Esse é o significado do verso “Oferecerás um dos cordeiros pela manhã, e o outro cordeiro oferecerás pela tarde e também a oferecenda do cereal e a própria libação da manhã  como aroma agradável, uma oferenda queimada ao Senhor” (Êxodo 29:39-41). Isso significa que essa alegria que sentia enquanto oferecia seu sacrifício era para ele como a manhã. Isso se explica pelo fato de que a manjhã se associa com a Luz, e faz referência ao fato da Luz da Torá estar brilhando para ele com total claridade. Nesse mesmo estado de felicidade ele estava realizando o seu sacrifício, seu trabalho, embora para ele fosse como a noite.        

 

Isso significa que mesmo ser ter recebido iluminação alguma da Torá e do Trabalho, ele ainda assim fez tudo com alegria, pois  trabalhava Acima da Razão. Desse modo, ele não poderia discernir qual dos dois estados satisfaz mais o Criador.

 

Esse é o significado da pregação do rabino Shimon ben Menasia a respeito de um certo “tipo de matéria”. Matéria significa que é um elemento “sem razão e sem conhecimento”. “Um ouvido que ouviu no Monte Sinai, não roubar.” Isso significa não receber nada para si mesmo, mas, em vez disso, tomar sobre si o Fardo do Reino dos Céus sem qualquer Gadlut (Grandeza), inteiramente Acima da Razão. E foi e roubou certo grau de irradiação da Luz para si mesmo. Ou seja, ele disse: “Agora posso ser um servo do Senhor, porque já recebi razão e conhecimento do Trabalho, e entendo que vale a pena ser um servo do Criador. E agora eu não preciso mais de Fé Acima da Razão.”

 

E sobre isso ele nos conta o seguinte: “E foi vendido à Corte.” “Corte” se refere à razão e ao conhecimento do homem, que são os que julgam suas ações, determinando se eram aptas ou não a serem executadas. “Vendido” significa que ele se tornou um estranho no Trabalho do Criador, e que sua mente vem e lhe faz a pergunta conhecida: “O que esperas ou pretendes com esse Trabalho?” E isso vem apenas de roubar, tendo recebido alguma ajuda com respeito à Fé. Enfim, vem e quer cancelar a ajuda com suas perguntas. Mas isso é apenas por “seis”, ou seja, “ele foi vendido por seis anos”, o que se considera Dinim masculinos.

 

Mas se o servo disser claramente: “Eu amo o meu Mestre, não vou me libertar Dele’”, no sentido de que não quer se libertar das Mitzvot, então a correção consiste em “Seu Mestre há de trazê-lo”, ou seja, o Senhor há de ajudá-lo “através da porta ou da Mezuzá”. Dito de outro modo, é revogado seu impedimento de entrar no Reino dos Céus. E “seu Mestre há de furar seu ouvido”. Se diz que se perfura seu ouvido, pois um outro orifício lhe será feito com a finalidade de que possa ouvir novamente o que havia ouvido no Monte Sinai: “Não hás de roubar” e “Hás de servir-me para sempre”. Nesse momento ele se torna, verdadeiramente, um servo do Criador.

 

Sukot representa uma residência temporária. Isso significa que, para quem já foi premiado com residência permanente e não tem mais nada a fazer, como na questão de ser o primeiro a contar iniquidades, o conselho é que saia para uma residência temporária como quando estava no seu caminho para a casa de Deus, antes de ter chegado à residência permanente. Naquele tempo, quando seu Trabalho se parecia ao do “visitante de passagem”, precisava alcançar o Palácio de Deus constantemente, e, além disso, recebia visitas.

 

E agora sim, ele pode continuar com seu Trabalho passado, quando se sentia sempre agradecido com o Criador e era feliz e O louvava por atraía-lo cada vez mais para Ele. E agora, em Sukot, pode continuar com essa sensação de felicidade que tinha então, e esse é o sentido da residência temporária. É por isso que os sábios disseram: “Saia da residência permanente e more na residência temporária.”

 

O mais importante não é o estudo, mas o ato.” Isso significa que um ato é como uma espécie de matéria. O rabino Shimon ben Menasia pregava sobre uma “certa matéria”, que consistia em que o mais importante é o ato, e que a mente não é mais que um certo tipo de “espelho”.

 

Contudo, o ato é considerado “vivente” e a mente é considerada “falante”. A questão é que se há integridade no ato, então o ato é tão grande que traz consigo a “mente da Torá”. E a “mente da Torá” recebe o nome de “falante”.

 

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