quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Cinco níveis de Masach (18)

 

Agora, clarificaremos os cinco Behinot da tela de acordo com os quais o tamanho do Kli é modificado durante o Contato de Impacto com a Luz Superior.

 

Depois da Primeira Restrição, Behina Dalet deixa de ser um vaso de recepção. A Luz Refletida (Ohr Hozer), que se eleva acima da tela devido ao Contato de Impacto, desempenha esse papel no seu lugar. Entretanto, Behina Dalet com o seu poderoso "desejo de receber" deve acompanhar a Ohr Hozer. Sem isso, a Ohr Hozer não é de fato capaz de ser um vaso de recepção.

 

Lembre-se da situação do anfitrião e seu convidado. A força de recusa do convidado em desfrutar da comida torna-se um vaso de recepção ao assumir o papel da fome, que deixou de ter essa função devido à vergonha. Durante essa recusa, o ato de receber torna-se, na verdade, um ato de doação. Entretanto, não podemos dizer que o convidado não necessita dos vasos de recepção habituais. Sem eles, o convidado não é capaz de agradar o anfitrião ao comer suas iguarias.

 

Por via da rejeição, a fome (o "desejo de receber") adquire uma nova forma: o "desejo de receber" a fim de doar ao anfitrião, o Criador. Então, a vergonha transforma-se em mérito. Ocorre que os vasos de recepção habituais continuam atuando como antes, mas adquirem uma nova intenção, isto é, receber pelo prazer do Criador. Agora, a rudeza de Behina Dalet, o estado de se estar oposto ao Criador, impede-o de ser um vaso de recepção.

 

Entretanto, devido à tela posta em Behina Dalet, que atinge e reflete a Luz, ela assume uma nova forma chamada Ohr Hozer (Luz Refletida) ao mesmo tempo em que a recepção torna-se doação, como no exemplo do anfitrião e do convidado. Ainda assim, a essência da forma permanece a mesma, pois o convidado não comeria sem apetite. Contudo, todo o poder do desejo de receber de Behina Dalet permanece contido na Ohr Hozer, tornando-a um vaso adequado.

 

Há duas forças constantes na tela. A primeira é Kashiut, a força de resistir à recepção da Luz; e a segunda é Aviut, a força do "desejo de receber" de Behina Dalet. Devido a um Contato de Impacto de Kashiut com a Luz, o Aviut muda totalmente suas propriedades, transformando a recepção em doação. Ambas forças funcionam em todas as cinco partes da tela: Keter, Chochmá, Biná, Tiferet e Malchut.

 

 

Há cinco partes na tela através das quais ela recebe a Luz (cinco Zivugey de Haka'a). A Ohr Hozer não é um vaso genuíno: ela pode apenas auxiliar na recepção da Luz. O desejo de receber prazer, Behina Dalet, que era um vaso antes da Primeira Restrição, ainda conserva esse papel, apenas sua intenção que muda.

 

Quanto maior for o egoísmo do homem, mais Luz ele é capaz de receber, contanto que exista uma tela correspondente ao seu egoísmo. Ao invés de lamentar seus desejos impuros, o homem deveria apenas pedir ao Criador uma tela que corrigisse esses desejos, tornando-os altruístas.

 

Muitas vezes, não sabemos o que motiva nossas ações e nem sabemos quais são os nossos desejos verdadeiros. Às vezes sentimos a necessidade de alguma coisa que não temos nem ideia do que seja. O homem se encontra em um estado de sonho até que a Cabalá o acorda e abre os seus olhos. No início, não temos nenhum desejo genuíno de receber prazer. A Cabalá trabalha com os desejos espirituais, que são muito mais poderosos que os do nosso mundo.

 

Graças à nova intenção do Kli, o "desejo de receber" adquire uma nova forma: o "desejo de doar", ou, mais precisamente, o "desejo de receber" pelo prazer do Criador. Assim, o homem passa a receber a fim de agradar o Criador. Ao perceber a diferença entre suas próprias qualidades e as do Criador, Behina Dalet envergonha-se. A tela estabelecida por Malchut reflete a Luz e, assim, muda a intenção. A essência do "desejo de receber" permanece, mas agora ele recebe pelo prazer do Criador.

 

A Cabalá é uma ciência lógica. Cada fenômeno causa uma determinada consequência, que se torna a causa para a consequência seguinte, formando, assim, uma cadeia de conexões de causas e efeitos. O problema, contudo, é que ainda não estamos realmente conectados àquilo que estudamos. Durante a nossa leitura sobre os Mundos Espirituais, os Partzufim e as Sefirot, ainda não somos capazes de senti-los.

 

Há dois níveis de estudo de Cabalá. O primeiro é para iniciantes, em que não há a sensação do que está sendo estudado. Entretanto, com mais estudo, o Cabalista recebe a sensação dos fenômenos e termos descritos no livro.

 

É preciso destacar que, na realidade, a Luz é estática: ela não entra em nenhum lugar e nem vem de qualquer lugar. Entretanto, a depender das suas propriedades interiores, o vaso sente a Luz de forma diferente, identificando nela diferentes "gostos" ou prazeres. Se o vaso desfruta a recepção direta da Luz, então, esse prazer é chamado de Ohr Chochmá. Mas se a criação recebe prazer da semelhança de suas propriedades às do Criador, então esse tipo de prazer é chamado de Ohr Chassadim. A recepção alternada de Ohr Chochmá e Ohr Chassadim produz "movimento".

 

Quando o homem inicia o seu caminho espiritual, ele percebe, inicialmente, o quão terrível é a sua natureza. Esse pensamento leva-o ao início da correção. Como resultado, ele ascende, passa a sentir cada vez mais as influências sutis das Forças Superiores.

 

A Luz que desce do Criador depois da Primeira Restrição representa um raio estreito de Luz vindo do Infinito ao ponto central do Universo. Todos os Mundos Espirituais (AK e ABYA) estão vestidos neste raio. Sob a perspectiva da influência do Criador, estamos exatamente no centro de todos os Mundos.

 

A providência particular do Criador é implementada com a ajuda do raio de Luz. Esse raio desce a uma determinada alma, vestindo-a em todos os Mundos, começando por Adam Kadmon (AK), depois chegando à Atzilut, Beriá, Yetzirá até o mais periférico, Assiyá.

 

Uma pessoa comum diferencia-se de um cabalista pelo fato de que ela não possui a tela e, portanto, não é capaz de sentir, refletir a Luz ou criar seu próprio vaso espiritual. Esse vaso é o Toch, a parte interna do Partzuf, no qual a Criação recebe a Luz do Criador. Estritamente falando, o que chamamos de "Criador" é, na verdade, a Sua Luz, uma vez que somos incapazes de alcançar a Essência do Criador.

 

O Criador influencia todas as pessoas, ainda que elas nunca tenham deixado o Mundo do Infinito (Ein Sof), ou seja, elas se encontram em um estado inconsciente. Essa influência é chamada de "Derech Igulim", "com a ajuda dos círculos e das esferas", isto é, através da Luz geral que circunda toda a Criação. A irradiação da Luz na forma de um círculo significa a ausência de uma força limitadora: a tela.

 

A tarefa do homem é assumir um controle parcial do seu destino tornando-se, com isso, um parceiro do Criador. Então, o Criador não mais o tratará como Ele trata as outras criaturas, mas de forma individual, com o auxílio do raio de Luz (Derech Kav). Nesse caso, o homem assume o controle, ao invés do Criador.

 

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