Agora, clarificaremos os cinco Behinot da tela de acordo com os quais o tamanho do Kli é modificado durante o Contato de Impacto com a Luz Superior.
Depois da Primeira Restrição,
Behina Dalet deixa de ser um vaso de recepção. A Luz Refletida (Ohr Hozer), que
se eleva acima da tela devido ao Contato de Impacto, desempenha esse papel no
seu lugar. Entretanto, Behina Dalet com o seu poderoso "desejo de
receber" deve acompanhar a Ohr Hozer. Sem isso, a Ohr Hozer não é de fato
capaz de ser um vaso de recepção.
Lembre-se da situação do anfitrião
e seu convidado. A força de recusa do convidado em desfrutar da comida torna-se
um vaso de recepção ao assumir o papel da fome, que deixou de ter essa função
devido à vergonha. Durante essa recusa, o ato de receber torna-se, na verdade,
um ato de doação. Entretanto, não podemos dizer que o convidado não necessita
dos vasos de recepção habituais. Sem eles, o convidado não é capaz de agradar o
anfitrião ao comer suas iguarias.
Por via da rejeição, a fome (o
"desejo de receber") adquire uma nova forma: o "desejo de
receber" a fim de doar ao anfitrião, o Criador. Então, a vergonha
transforma-se em mérito. Ocorre que os vasos de recepção habituais continuam
atuando como antes, mas adquirem uma nova intenção, isto é, receber pelo prazer
do Criador. Agora, a rudeza de Behina Dalet, o estado de se estar oposto ao
Criador, impede-o de ser um vaso de recepção.
Entretanto, devido à tela posta em
Behina Dalet, que atinge e reflete a Luz, ela assume uma nova forma chamada Ohr
Hozer (Luz Refletida) ao mesmo tempo em que a recepção torna-se doação, como no
exemplo do anfitrião e do convidado. Ainda assim, a essência da forma permanece
a mesma, pois o convidado não comeria sem apetite. Contudo, todo o poder do
desejo de receber de Behina Dalet permanece contido na Ohr Hozer, tornando-a um
vaso adequado.
Há duas forças constantes na tela. A primeira é Kashiut, a força
de resistir à recepção da Luz; e a segunda é Aviut, a força do "desejo de
receber" de Behina Dalet. Devido a um Contato de Impacto de Kashiut com a
Luz, o Aviut muda totalmente suas propriedades, transformando a recepção em
doação. Ambas forças funcionam em todas as cinco partes da tela: Keter,
Chochmá, Biná, Tiferet e Malchut.
Há cinco partes na tela através das quais ela recebe a Luz (cinco Zivugey de Haka'a). A Ohr Hozer não é um vaso genuíno: ela
pode apenas auxiliar na recepção da Luz. O desejo de receber prazer, Behina Dalet, que era um vaso antes da
Primeira Restrição, ainda conserva esse papel, apenas sua intenção que muda.
Quanto maior for o egoísmo do homem, mais Luz ele é capaz de
receber, contanto que exista uma tela correspondente ao seu egoísmo. Ao invés
de lamentar seus desejos impuros, o homem deveria apenas pedir ao Criador uma
tela que corrigisse esses desejos, tornando-os altruístas.
Muitas vezes, não sabemos o que motiva nossas ações e nem sabemos
quais são os nossos desejos verdadeiros. Às vezes sentimos a necessidade de
alguma coisa que não temos nem ideia do que seja. O homem se encontra em um
estado de sonho até que a Cabalá o acorda e abre os seus olhos. No início, não
temos nenhum desejo genuíno de receber prazer. A Cabalá trabalha com os desejos
espirituais, que são muito mais poderosos que os do nosso mundo.
Graças à nova intenção do Kli,
o "desejo de receber" adquire uma nova forma: o "desejo de
doar", ou, mais precisamente, o "desejo de receber" pelo prazer
do Criador. Assim, o homem passa a receber a fim de agradar o Criador. Ao
perceber a diferença entre suas próprias qualidades e as do Criador, Behina Dalet envergonha-se. A tela
estabelecida por Malchut reflete a
Luz e, assim, muda a intenção. A essência do "desejo de receber"
permanece, mas agora ele recebe pelo prazer do Criador.
A Cabalá é uma ciência lógica. Cada fenômeno causa uma determinada
consequência, que se torna a causa para a consequência seguinte, formando,
assim, uma cadeia de conexões de causas e efeitos. O problema, contudo, é que
ainda não estamos realmente conectados àquilo que estudamos. Durante a nossa
leitura sobre os Mundos Espirituais, os Partzufim
e as Sefirot, ainda não somos capazes
de senti-los.
Há dois níveis de estudo de Cabalá. O primeiro é para iniciantes,
em que não há a sensação do que está sendo estudado. Entretanto, com mais
estudo, o Cabalista recebe a sensação dos fenômenos e termos descritos no
livro.
É preciso destacar que, na realidade, a Luz é estática: ela não
entra em nenhum lugar e nem vem de qualquer lugar. Entretanto, a depender das
suas propriedades interiores, o vaso sente a Luz de forma diferente,
identificando nela diferentes "gostos" ou prazeres. Se o vaso
desfruta a recepção direta da Luz, então, esse prazer é chamado de Ohr Chochmá. Mas se a criação recebe
prazer da semelhança de suas propriedades às do Criador, então esse tipo de
prazer é chamado de Ohr Chassadim. A
recepção alternada de Ohr Chochmá e Ohr Chassadim produz
"movimento".
Quando o homem inicia o seu caminho espiritual, ele percebe,
inicialmente, o quão terrível é a sua natureza. Esse pensamento leva-o ao
início da correção. Como resultado, ele ascende, passa a sentir cada vez mais as
influências sutis das Forças Superiores.
A Luz que desce do Criador depois da Primeira Restrição representa
um raio estreito de Luz vindo do Infinito ao ponto central do Universo. Todos
os Mundos Espirituais (AK e ABYA) estão vestidos neste raio. Sob a
perspectiva da influência do Criador, estamos exatamente no centro de todos os
Mundos.
A providência particular do Criador é implementada com a ajuda do
raio de Luz. Esse raio desce a uma determinada alma, vestindo-a em todos os
Mundos, começando por Adam Kadmon (AK), depois chegando à Atzilut, Beriá, Yetzirá até o mais
periférico, Assiyá.
Uma pessoa comum diferencia-se de um cabalista pelo fato de que
ela não possui a tela e, portanto, não é capaz de sentir, refletir a Luz ou
criar seu próprio vaso espiritual. Esse vaso é o Toch, a parte interna do Partzuf,
no qual a Criação recebe a Luz do Criador. Estritamente falando, o que chamamos
de "Criador" é, na verdade, a Sua Luz, uma vez que somos incapazes de
alcançar a Essência do Criador.
O Criador influencia todas as pessoas, ainda que elas nunca tenham
deixado o Mundo do Infinito (Ein Sof),
ou seja, elas se encontram em um estado inconsciente. Essa influência é chamada
de "Derech Igulim",
"com a ajuda dos círculos e das esferas", isto é, através da Luz
geral que circunda toda a Criação. A irradiação da Luz na forma de um círculo
significa a ausência de uma força limitadora: a tela.
A tarefa do homem é assumir um
controle parcial do seu destino tornando-se, com isso, um parceiro do Criador.
Então, o Criador não mais o tratará como Ele trata as outras criaturas, mas de
forma individual, com o auxílio do raio de Luz (Derech Kav). Nesse caso, o homem assume o controle, ao invés do
Criador.
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